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Interpol procura 12 adolescentes coreanos que fraudaram visto para jogar futebol em Curitiba

Roberto Pereira de Souza

Do Uol, em São Paulo

05/06/2012 06h00

O consulado sul-coreano, em São Paulo, pediu ajuda à Interpol para localizar  12 menores que viviam em Curitiba, sonhando com a carreira de jogador de futebol, mas usando visto de intercâmbio cultural o que se enquadra em fraude. Forçados pela Polícia Federal a deixar o Brasil em até oito dias, o grupo, liderado pelo suposto empresário Kjae Lee, desapareceu da capital paranaense desde a última sexta-feira (01).

“Nossa polícia na Coreia do Sul nos enviou pedido para acionarmos a Interpol. Estamos atrás dos garotos e do suposto agente, mas ainda não temos notícias sobre o paradeiro deles”, explicou o adido policial do Consulado, em São Paulo, Kan Dae IL.

Antes de chegar a Curitiba, o grupo teria passado por várias cidades brasileiras, começando por Moji Guaçu, Salto (em São Paulo), Betim (Minas Gerais), Piraquara e União da Vitória (Paraná).

O caso foi descoberto pelo Ministério Público do Trabalho em Curitiba. Coube à procuradora Cristiane Sbalqueiro Lopes o trabalho de investigar o fato com a ajuda da Polícia Federal.

A procuradora recebeu denúncia de que um grupo de asiáticos estava mal alojado na Grande Curitiba, em Piraquara. As investigações confirmaram que os adolescentes tinham entrado no Brasil com visto de intercâmbio cultural, trazidos por Kjae Lee e que estavam em atividade ilegal, em busca de trabalho.

 Com idade de 16 e 17 anos, os adolescentes  “cometeram fraude no programa internacional de intercâmbio, liderados por Lee”, explicou a procuradora.

“O intercâmbio cultural acontece para que o adolescente possa aprender a cultura de outro país, mas eles estavam confinados em uma casa pequena, na cidade de Piraquara e não conseguiam se comunicar com ninguém. Ou seja: não havia intercâmbio escolar, apenas treino de futebol no clube local“, denunciou Sbalqueiro Lopes.

Perguntada sobre qual teria sido a providência tomada pela PF, a procuradora resumiu o protocolo: “como em todos os casos em que a documentação de estrangeiro é incorreta, a PF pediu para que todos deixassem Brasil em oito dias ou seriam extraditados, mas ainda não sabemos se eles foram embora ou não”.

A julgar pela preocupação do Consulado da Coreia do Sul em São Paulo, o paradeiro do grupo ainda era incerto até o final da tarde desta segunda (04).

Pelo Tratado de Palermo, casos como esse podem ser enquadrados como tráfico de pessoas. Mas a procuradora paranaense não parece convencida disso: “os meninos estavam com medo de contar em detalhes o que eles haviam passado. Os pais deles pagariam ao suposto agente quantias entre R$800 e R$ 2.500 por mês para manutenção do grupo”.