Filhos aproximam argentinos Montillo e Escudero, 'rivais' dentro de campo em BH
Rivais dentro das quatro linhas, mas companheiros fora delas, os argentinos Escudero e Montillo enfrentaram problemas de diferente natureza e também em épocas distintas, mas uniram-se e mostraram solidariedade durante momentos complicados na vida pessoal do outro compatriota. Os jogadores e suas famílias se encontraram na capital mineira como forma de apoio mútuo.
Montillo e o filho Valentin ao lado de Deborah Secco e de Roger em ensaio da União da Ilha, no Rio de Janeiro
As torcidas de Atlético-MG e Cruzeiro, por sua vez, deixaram de lado a rivalidade e também tentaram confortar os dois atletas, nos momentos de necessidade vividos por cada um. O caso de Escudero é o mais recente. O filho de dois anos, Borja, tem nacionalidade espanhola e não pôde entrar no Brasil por causa das restrições de entrada de cidadãos do país europeu, implantada pelo Governo Dilma em resposta a medidas adotadas pela Espanha em relação à chegada de brasileiros.
Por causa da indefinição, resolvida parcialmente com a obtenção de um visto temporário que se encerra no final deste mês de junho, o armador caiu de rendimento e perdeu posição no time de Cuca. Mais aliviado com a presença de seu filho em Belo Horizonte, o jogador voltou a ter chances de jogar pelo Atlético-MG.
Ele marcou o gol da vitória sobre a Ponte Preta, na estreia no Brasileiro, por 1 a 0, mas perdeu a vaga de titular para Ronaldinho Gaúcho, principal contratação atleticana para a disputa da competição nacional. Mas ganhou o apoio dos torcedores, que iniciaram uma campanha no twitter com a hashtag #ficaborja.
“Tenho de agradecer a torcida pela ajuda, pela preocupação que teve com a gente. Espero que tudo se resolva da melhor maneira possível. Estar longe dele, ficar longe da família é difícil. Ficar sozinho é complicado, mas está tranquilo, já passou”, comentou Escudero, contratado no início do ano, depois de atuar pelo Grêmio, no ano passado.
Com Montillo, não foi diferente. Torcedores também começaram uma campanha no twitter, com a hashtag #fuerzasantino. No primeiro semestre do ano passado, Santino, que hoje está com dois anos e é portador de Síndrome de Down, teve de passar por uma cirurgia no coração. Já em outubro da temporada passada, o filho de Montillo passou por intervenção no intestino.
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Nos dois casos, Santino teve de ficar na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e abalou emocionalmente o pai que, mesmo com o problema do filho, não deixou de atuar pelo Cruzeiro. Nas partidas, Montillo sempre vestia camisetas com mensagens de apoio ao filho.
Há duas semanas, as famílias dos dois jogadores se encontraram em Belo Horizonte. O filho de Escudero, Borja, e os dois meninos de Montillo, Valentim e Santino, brincaram no apartamento do jogador atleticano. As esposas também estiveram juntas, o que aproximou as duas famílias, que já se conheciam desde a época que os dois atuavam na Argentina.
“Ele está passando por um momento difícil com o filho dele. É um colega, um amigo da Argentina. Tomara que ele possa pôr a cabeça só na bola e que isso não interfira dentro do campo. Sei o quanto é complicado ter problemas com o filho. É um cara muito legal, muito tranquilo. Espero que tudo dê certo para ele”, disse Montillo, cujo filho Santino já está frequentando uma escola em Belo Horizonte.
“O Montillo é uma grande pessoa, ele foi à minha casa na semana passada, nossos filhos brincaram, as nossas mulheres conversaram, nos encontramos pela primeira vez, foi bom”, comentou Escudero. Os dois jogadores esperam que as complicadas rotinas de treinos, jogos, concentrações e viagens possibilitem novos encontros familiares.
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