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Cem anos de Fla-Flu tem sumiço de bola, telegrama e multa por goleada; veja causos

A intensa disputa pela bola é uma das características do centenário e histórico clássico - Dhavid Normando/Photocamera
A intensa disputa pela bola é uma das características do centenário e histórico clássico Imagem: Dhavid Normando/Photocamera

Do UOL, no Rio de Janeiro

06/07/2012 06h00

O clássico Fla-Flu é considerado o mais charmoso do futebol brasileiro, mas poderia também ser tratado como o mais inusitado. Em 100 anos de confrontos, os jogos entre Flamengo e Fluminense acumulam tantos causos que é difícil acreditar que eles ocorreram só em partidas entre os dois clubes.
 

De jogo anulado a bola perdida, de mascote azarado a craque consagrado, quase tudo já aconteceu durante um Fla-Flu. Dez desses acontecimentos foram descritos abaixo pelo UOL Esporte. Cada um a sua maneira, eles ajudam a contar a história do clássico, que faz aniversário neste sábado.

BOLA NA ARQUIBANCADA PARA JOGO POR 20 MINUTOS

  • Site oficial do Botafogo

    Em dezembro de 1916, Flamengo e Fluminense se enfrentaram em General Severiano pelo Campeonato Carioca. O jogo era duro e, durante uma disputa, jogadores acabaram chutando a bola no telhado da arquibancada do estádio. Naquela época, não havia bolas reserva. O jogo ficou parado por 20 minutos até que conseguissem recuperar a bola. No final, o Flu acabou vencendo o Fla por 3 a 1.

TORCIDA TRICOLOR INVADE O CAMPO E JOGO É ANULADO

No dia 22 de outubro de 1916 o Campeonato Carioca teve seu 1º jogo anulado. O Flamengo vencia o Fluminense por 2 a 1, quando o Rubro-negro teve um pênalti a seu favor. Sidney cobrou e o goleiro Marcos de Mendonça defendeu. O árbitro mandou repetir a cobrança por duas vezes. Conselheiros e torcedores do Flu invadiram o gramado e interromperam a partida. Como o regulamento dizia que um jogo não podia ficar paralisado por mais de cinco minutos, o confronto foi anulado.

FALSA PROVOCAÇÃO CAUSA REAÇÃO VERDADEIRA

  • Reprodução/EFE

    O atacante Preguinho, do Fluminense, entrou em campo para o Fla-Flu das finais de 1928 louco para se vingar do goleiro rival Amado. Dias antes, Preguinho havia recebido um telegrama do rubro-negro dizendo que ele não marcaria nenhum gol naquela partida - ele fez dois na vitória tricolor por 4 a 1. Depois do jogo, soube-se que Amado nunca enviou a correspondência para seu adversário. O telegrama falso acabou causando uma reação real. Melhor para o Flu.

BOLA PRA LAGOA QUE O JOGO É DE CAMPEONATO

A final do Carioca de 1941 foi disputada em um campo ao lado da Lagoa Rodrigo de Freitas. O Flu precisava empatar para ser campeão e ganhava o jogo por 2 a 1 até os 39min do 2º tempo. O Fla, então, conseguiu empatar e partiu para o ataque. Os jogadores tricolores passaram a chutar as bolas para dentro da lagoa. Remadores rubro-negros ficaram de prontidão para recuperá-las, mas o esforço foi em vão.

GOLEADA DO FLA GERA MULTA PARA JOGADORES DO FLU

A goleada de 6 a 1 do Flamengo sobre o Fluminense em 1956 doeu no bolso dos jogadores tricolores. Todos os que estiveram em campo foram multados em 20% do seu salário por causa daquela partida. O goleiro Veludo, que foi reserva da seleção brasileira na Copa do Mundo de 1954, recebeu uma punição ainda maior. Teve 60% do seu salário cortado por causa da derrota. A multa causou impacto na autoestima do goleiro, que depois daquele jogo nunca mais foi o mesmo. Sua carreira mingou e, anos depois, Veludo se aposentou devido a problemas ligados ao alcoolismo.

CAI-CAI DE RIVELINO TIRA FLAMENGO DA DISPUTA

  • Divulgação

    Botafogo, Flamengo e Fluminense disputavam até a última rodada o título do segundo turno do Campeonato Carioca de 1976. O Botafogo abriu vantagem e precisava de uma vitória contra o Goytacaz para ser campeão, enquanto Flamengo e Fluminense se enfrentavam e precisavam vencer e torcer por um tropeço do alvinegro. O Flu abriu o placar, mas o Fla empatou no 2º tempo. No final do jogo, três jogadores do Flu foram expulsos. Sabendo que, se o Flamengo virasse, o time poderia se sagrar campeão, o craque Rivelino preferiu não arriscar. Colocou a mão na coxa e deixou o campo. O Flu já havia feito suas substituições. Sem o número mínimo de jogadores em campo, o árbitro encerrou a partida. Fla e Flu empataram e deram o título do turno para o Botafogo.

"LA MANO DE DIOS" TRICOLOR

A vitória de 1 a 0 do Fluminense sobre o Flamengo em jogo do torneio Roberto Gomes Pedrosa de 1968 foi chorada. O gol da vitória do tricolor saiu só no segundo tempo após um lance, no mínimo, estranho. O ponta-direita Wilton recebeu um lançamento de Samarone, driblou o goleiro do Flamengo, Marco Aurélio, com um toque de mão e fez o gol. O árbitro não marcou a irregularidade e, hoje, o tento é lembrado como a "mão de deus tricolor", em alusão ao gol de Maradona na Copa de 1986.

URUBU TRAZ AZAR PARA O FLAMENGO

  • Caio Guatelli/Folha Imagem

    Um urubu interrompeu o Fla-Flu decisivo da fase final do Carioca de 1983. A ave, que é símbolo do Fla, foi solta pela torcida rubro-negra e invadiu o gramado. Depois de gandulas tentarem sem sucesso apanhar o animal, o jogador tricolor Aldo conseguiu. O jogo recomeçou e Assis, do Flu, fez o único gol da partida. Na rodada seguinte, o Flu se sagraria campeão e Assis entraria para a história do clube.

O FLA-FLU DAS DIRETAS JÁ

O Fla-Flu da final da taça Guanabara de 1984 virou também uma disputa política. Em meio à campanha das Diretas Já, jogadores do Fluminense posaram para fotos ao lado de Paulo Maluf, que na época era candidato a presidente pelo partido alinhado ao regime militar. Rapidamente, a torcida do Flamengo declarou seu apoio a Tancredo Neves. O Fla venceu o jogo por 1 a 0 e, mais tarde, Tancredo venceu a eleição, mas morreu antes de assumir.

O DIA EM QUE O GALINHO VIROU DEUS

  • Reprodução

    O Fla-Flu que abriu o Campeonato Carioca de 1986 marcou a transformação de Zico em um mito. O jogador do Flamengo entrou em campo sendo provocado pela torcida do Fluminense, time que havia ganhado os três últimos estaduais. Mesmo assim, marcou três gols na vitória de 4 a 1 do Fla sobre o Flu e, naquele jogo, ratificou ser um dos maiores da história do clube da Gávea.