Família de Félix revela frustração de morte antes de ajuda do governo a campeões mundiais

Sancionada pela presidente Dilma Rousseff em junho passado, a Lei Geral da Copa teve incluído artigo que concedia aposentadoria para os campeões mundiais da seleção brasileira que participaram dos três primeiros títulos do país. No entanto, o goleiro Félix morreu nesta sexta-feira frustrado por não poder desfrutar do benefício, segundo sua família.

Titular do gol brasileiro na Copa de 1970, no México, Félix Miéli Venerando morreu nesta sexta-feira em São Paulo aos 74 anos, por conta de uma doença pulmonar obstrutiva crônica agravada por pneumonia.

"Ele ficou otimista quando saiu a aposentadoria, mas não chegou a receber a bonificação", disse Juliana Venerando Cardoso Coelho, neta do ex-jogador.

Em junho de 2012, em entrevista para o UOL Esporte, Felix havia comemorado a aprovação do benefício de aposentadoria aos campeões mundiais concedido pelo governo federal.

"Foi uma vitória merecida, pelo menos um reconhecimento em vida. A maioria de nós nunca ganhou o que os atuais ganham hoje. Vai ajudar muita gente. Eu que venho tomando oxigênio em casa há dois meses, me recuperando de um enfisema que atacou o pulmão. Veio antes que eu batesse as botas", disse na oportunidade.

Pela lei aprovada no começo de junho (artigos 37 a 42), os jogadores que representaram a seleção nos três primeiros títulos mundiais receberiam prêmio em dinheiro de R$ 100 mil, pagos pelo Tesouro Nacional, sem impostos e descontos previdenciários.

O mesmo artigo oficializou o auxílio mensal aos jogadores, desde que o valor não exceda o máximo pago pela Previdência Social. Em caso de morte do campeão, os herdeiros poderão pleitear o recebimento parcial do benefício.

Félix Miéli Venerando

Relembre a história de Félix, ex-goleiro da da Portuguesa, Fluminense e seleção brasileira

Segundo Carlos Alberto Torres, integrante do time de 1970 e um dos presidentes da Associação dos Campeões Mundiais, o benefício deve começar a vigorar somente a partir de 2013.

"É verdade. A aposentadoria foi aprovada, mas ainda será regulamentada e só vamos passar a receber no ano que vem, com o orçamento do Ministério da Previdência. Os jogadores passarão a receber a partir do primeiro mês do ano que vem. Mas a gente espera que mesmo com a morte dele a aposentadoria reverta para a família", declarou o capitão do tri.

CAMPEÃO DE 70 CONTAVA COM AMIZADE DE GERAÇÃO DO PENTA

Segundo sua família, Félix contou nos últimos meses de vida com o apoio de amigos próximos do futebol, com Carlos Alberto Torres, lateral direito da seleção na Copa de 1970, e Zetti, integrante do time vencedor de 1994. Nomes da geração do penta também estavam ligados ao ex-goleiro, como Marcos, Vampeta e Cafu.

"Me orgulho por tudo o que ele significou, por quantas cartas de estrangeiros que ele recebia. Gente de fora do país que queria apenas um autógrafo dele. A família tem muito orgulho do que ele fez. Não tem explicação, acho que estava faltando um goleiro lá em cima", afirmou a neta do campeão de 70.   

Félix foi revelado pelo Nacional, de São Paulo, jogou na Portuguesa e no Fluminense, e ainda foi titular na conquista do tricampeonato da seleção, ao lado de Pelé, Tostão, Clodoaldo, Gerson e Rivellino.

O ex-goleiro da seleção estava internado no Hospital Vitória em São Paulo desde o último sábado. Foi submetido a uma traqueostomia, mas depois de paradas respiratórias sucessivas, morreu na manhã desta sexta, às 7h. Félix será sepultado no cemitério do Araçá, na capital paulista.