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'Colônia gaúcha' influencia hábitos e costumes nos rivais Cruzeiro e Atlético-MG

Celso Roth entre Souza e Leandro Guerreiro: influência do Sul dentro e fora de campo - Washington Alves/Vipcomm
Celso Roth entre Souza e Leandro Guerreiro: influência do Sul dentro e fora de campo Imagem: Washington Alves/Vipcomm

Bernardo Lacerda e Gabriel Duarte

Do UOL, em Belo Horizonte

28/09/2012 06h15

Formando uma “colônia de gaúchos” na capital mineira, jogadores que passaram pelo Rio Grande do Sul, alguns nascidos ali e outros que passaram por clubes de lá, integraram alguns hábitos sulistas às suas rotinas vividas atualmente no Cruzeiro e também no Atlético-MG. Entretanto, alguns provenientes do estado do “chimarrão” fogem à regra e já mostram identificação com costumes típicos de outras regiões, especialmente Minas Gerais, onde residem atualmente.

  • Bruno Cantini/Site do Atlético-MG

    Ronaldinho é o único jogador nascido no Rio Grande do Sul, mas não cultiva muitos hábitos do estado

Do lado atleticano, apenas Ronaldinho é gaúcho de nascimento, de Porto Alegre. No Cruzeiro, são três provenientes daquele estado localizado no extremo Sul do país: o técnico Celso Roth (Caxias do Sul) e os volantes Leandro Guerreiro (São Borja) e Tinga (Porto Alegre). O treinador e Guerreiro admitem que preservam alguns costumes.

Roth tem uma fazenda em Caxias do Sul, cidade natal, onde geralmente aproveita o local para descansar e levar amigos. Ali, o técnico faz churrasco e também não deixa de lado o chimarrão. Nas passagens por Grêmio e Internacional, o treinador era visto com a cuia e a térmica durante treinamentos. Já o volante, que ficou no Internacional entre 1999 e 2001 e nunca mais atuou no futebol gaúcho, o chimarrão e o churrasco também estão presentes no cotidiano.

“Eu não moro há muito tempo lá. Mas é lógico que a gente mantém algumas coisas, como o sotaque e o gosto pela culinária. Mas a gente também se acostuma com outras culturas”, analisou o camisa 5 do Cruzeiro. Mas quem realmente é adepto ao chimarrão e ao churrasco, típicos da cultura gaúcha, são os que tiveram passagem marcante pelo estado, mas que nasceram em sua maioria no interior paulista.

Amizade ‘importada’ do Sul

Do lado atleticano, os gaúchos trouxeram a amizade do Rio Grande do Sul. Uma das principais parcerias do time mineiro é entre o goleiro Victor e o zagueiro Réver. O camisa 83 do Atlético é padrinho de casamento do capitão. Com isso, a amizade se estende à família dos atletas.

Em Belo Horizonte, os dois amigos atleticanos se encontram sempre que possuem um tempo sem jogos e treinamentos. As famílias mantém contato. “Tem de encontrar, somos amigos desde a época do Paulista, então a gente encontra, as famílias são amigas”, disse Victor.

Os dois jogadores atuaram juntos no Paulista, em Jundiaí, onde foram formados e ficaram até 2007, quando se transferiram para o Grêmio. No tricolor gaúcho, amizade e parceria se intensificaram, apesar de Réver ter se transferido para a Alemanha em 2010, onde defendeu as cores do Wolfsburg.

Nesta temporada, a dupla voltou a se juntar em Belo Horizonte, com a transferência de Victor para o Atlético, para a disputa do Campeonato Brasileiro. Na capital mineira, o goleiro se juntou ao também amigo e “gaúcho” Rafael Marques, que defendeu as cores do Grêmio por três temporadas, junto com Réver e o goleiro.

Dificuldade para o chimarrão

No lado celeste, por terem chegado há pouco tempo no clube, os jogadores afirmam que ainda não conseguiram se encontrar para fazer um churrasco. O baiano Borges, que ficou em 2010 no Grêmio, diz que prefere a comida do seu estado, mas que também gostou da cultura gaúcha.

O lateral Ceará, que esteve no Internacional, entre 2005 e 2007, também disse que chegou a provar chimarrão, mas que também não é assíduo. Quem mantém o gosto pela bebida é o zagueiro uruguaio Victorino. Isso porque em seu país, a “iguaria” também é comum.

O jogador fala que tem dificuldades para conseguir as ervas para preparar a bebida, em Belo Horizonte, e que também ainda não acertou o “ponto” certo. “Sempre no Uruguai, na seleção, a gente anda com o chimarrão debaixo do braço. Aqui, quase ninguém bebe. Aí eu tive que começar a fazer chimarrão e ainda estou aprendendo”, disse o jogador.

“Eu não moro há muito tempo lá. Mas é lógico que a gente mantém algumas coisas, como o sotaque e o gosto pela culinária. Mas a gente também se acostuma com outras culturas”,

LEANDRO GUERREIRO, DO CRUZEIRO

Se no Cruzeiro, os jogadores ainda não conseguiram se encontrar. No Atlético, alguns adeptos da cultura gaúcha já conseguiram se reunir. Mas, diferentemente de Victorino, os atleticanos descartam o chimarrão. “Gostamos de um churrasco, de chá, mas o importante é a amizade continuar, nos encontrarmos sempre, isso passa para o campo”, afirmou Rafael Marques.

Outros gostos

Único gaúcho no grupo atleticano, Ronaldinho fugiu à cultura rio-grandense. O jogador demonstra que é adepto ao funk e pagode, ritmos mais comuns aos estados do Sudeste. O camisa 49 atleticano também não é visto experimentando chimarrão na Cidade do Galo.

Nascido em Porto Alegre, assim como o atacante atleticano, o volante Tinga também foge um pouco à regra e diz não gostar de chimarrão. Na sua chegada ao Cruzeiro, no final de junho, o jogador revelou que era avesso à bebida sulista. “Sou gaúcho, mas não gosto muito de chimarrão, não. Prefiro só pão de queijo mesmo e deixar o chimarrão de lado”, afirmou o jogador em sua primeira coletiva.

Além desses jogadores, outros jogadores das duas equipes também passaram pelo futebol gaúcho. No Atlético-MG, Escudero e Jô. No lado celeste, atuaram Léo, Sandro Silva, Willian Magrão e Souza.