'Nos atropelaram', diz ex-meia do Benfica sobre jogo que deu primeiro Mundial ao Santos
Meio século após o jogo que muitos dizem ser a maior exibição do Santos de Pelé, a vitória por 5 a 2 sobre o Benfica, em Lisboa, que rendeu ao clube o seu primeiro título intercontinental, o ex-meia do time português José Augusto diz que a equipe brasileira estava imbatível naquela noite de 11 de outubro de 1962.
“Nos atropelaram. Fomos surpreendidos pela enorme inspiração do Santos. Foi a melhor equipe que o Benfica enfrentou em todos os tempos”, disse o ex-meia, titular do time português entre 1959 e 1970.
José Augusto foi o meia titular
do Benfica entre 1959 e 1970
O Benfica havia conquistado a Copa dos Campeões em maio daquele ano ao derrotar na final, por 5 a 3, o grande Real Madrid de Puskas e Di Stéfano. Como campeão europeu, coube ao time português enfrentar o Santos, vencedor da Libertadores da América em 1962.
No primeiro dos dois jogos previstos da decisão, o Santos venceu por 3 a 2, no Maracanã. O placar apertado levou o time português a apostar que venceria a segunda partida, forçando um terceiro encontro que aconteceria também em Lisboa. A diferença de gols não contava como critério de desempate.
“Claro que estávamos otimistas. Éramos os campeões da Europa, com Eusébio em plena força”, explica José Augusto, sobre a partida do dia 11 de outubro.
“O Santos mostrou muita cautela no primeiro jogo, no Maracanã. Seus jogadores nos estudavam.”
“Mas em Portugal, nossa confiança acabou ao vermos que Pelé, Coutinho, Pepe, Zito, Mengálvio, estavam inspiradíssimos. É muito difícil manter o ânimo quando se toma dois ou três gols como levamos”, afirma ele.
O primeiro tempo terminou com o placar de 2 a 0 para o Santos (gols de Pelé aos 15 e 25 minutos). Mas poderia ser bem mais, dado o volume de jogo. Tanto que Coutinho fez 3 a 0 logo aos 3 minutos do segundo tempo.
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O quarto gol, no qual Pelé passa por cinco jogadores, inclusive o goleiro, antes de marcar seu “hat trick”, é considerado o mais belo daquele noite. Pepe anotou o último do Santos, e o Benfica ainda fez dois nos últimos cinco minutos, com Eusébio e Santana.
O ex-atacante santista Pepe, o Canhão da Vila, concorda com a análise feita por José Augusto. "Realmente, nós demos um chocolate no Benfica. Eles tinham um grande ataque, com cinco jogadores de seleção, mas a defesa era vulnerável, pegamos eles muitas vezes no mano a mano. E ainda foi a melhor exibição do Pelé com a camisa do Santos", lembrou o santista.
Autor do último gol do Peixe, Pepe ainda brinca com o feito. "Foi o gol mais feio da minha carreira, foi horrível. O goleiro do Benfica, escorregou na grama, que estava molhada, e a bola ficou no meu pé, com o gol livre. Quase devolvi para ele, mas fiz o gol", contou Pepe.
Passados 50 anos do duelo histórico, o ex-craque do Benfica José Augusto agora usa um novo grande time para "testar" a força do Santos de Pelé.
“Gosto de comparar mentalmente aquele Santos com o Barcelona de hoje, de Messi. Acho o time de Pelé bem mais espetacular”, diz o ex-jogador.
“O Barcelona toca muito a bola, mas o Santos era mais objetivo, mais emocionante porque ia sempre em direção ao gol, não ficava tocando tanto a bola no meio de campo”, afirma.
“Eu, que tive a oportunidade de jogar contra Di Stéfano e Pelé, considero os dois melhores jogadores que já vi. Di Stéfano era mais completo, Pelé, mais espetacular.”
“Abaixo destes dois, vêm os outros gigantes como Maradona, Eusébio, Cruyff e Messi”, completa.
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