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Após cadeiradas no clube, oposição do Palmeiras entra em consenso e vê time sem rumo

Palmeiras, de Marcos Assunção, vive momento bastante delicado no Brasileirão  - Julia Chequer/Folhapress
Palmeiras, de Marcos Assunção, vive momento bastante delicado no Brasileirão Imagem: Julia Chequer/Folhapress

Danilo Lavieri

Do UOL, em São Paulo

13/10/2012 10h00

O Palmeiras está completamente sem rumo. A análise é feita por conselheiros que frequentam o clube há mais de 20 anos e percebem que não há perspectiva nenhuma de melhora. A gota d'água foi a troca de cadeiradas que aconteceu nesta sexta-feira de feriado na sede social do clube.

Conselheiros de diferentes alas foram ouvidos pelo UOL Esporte e deram o mesmo tipo de opinião, atacando a falta de comando do atual presidente, Arnaldo Tirone. O curioso é que, historicamente, é difícil ver tantas alas diferentes falarem a mesma língua. Um bom exemplo é que, neste ano, dois grupos majoritários que ajudaram a eleger Tirone retiraram apoio no meio da temporada. Primeiro, foi a vez dos que apoiam o ex-presidente Mustafá Contursi. Depois, os que estão ao lado do também ex-presidente Affonso Della Mônica. Há alguns que sempre foram oposição e também fazem o mesmo tipo de crítica.

Um exemplo é Seraphim del Grande, que foi diretor de futebol e de outras áreas, inclusive na época da Gestão Parmalat e, atualmente, apoia a eleição de Paulo Nobre como novo presidente. Ele é um dos mais pessimistas.

"Eu estive viajando, não soube da briga. Fui ao clube só de manhã e estava tranquilo Mas infelizmente o Palmeiras está com um cenário de que não tem mais jeito. É muito triste ver o que está acontecendo. Falta comando, falta pulso, falta quase tudo", afirmou ele.

Outro conselheiro que está completamente desesperado com a situação do time é um dos líderes da oposição Luiz Carlos Granieri, que apoia o nome de Wlademir Pescarmona para o cargo de presidente. Ele afirma que a derrota contra o Coritiba foi o sinal de que as coisas não vão melhorar.

"Eu realmente estou muito triste, fiquei muito decepcionado. O time precisava jogar mais fechado, brigar por 1 a 0 ou até o empate. Essa fase está ruim e não vejo como melhorar", afirmou ele.

Outro que chegou a participar da confusão nesta sexta-feira foi Francisco Vittuzzo. Ao Blog do Perrone, ele também transpareceu a enorme insatisfação com a gestão atual.

"Essa derrota para o Coritiba pra mim foi a gota d´água. Infelizmente pra mim e muitos conselheiros não dá mais para escapar do rebaixamento. Não dormi à noite e de manhã fui pra o clube. Cheguei lá e tinha gente dando risada, gente que deve estar feliz porque vê uma chance de voltar ao poder. Mas o que aconteceu foi fruto de uma antiga rusga com o grupo do Mustafá [Contursi, ex-presidente do Palmeiras]", afirmou Vittuzzo.

O oposicionista Gilto Avallone também concorda com seus colegas de Conselho. Apesar de fazer parte de grupo que apoia Mustafá Contursi, que não tem afinidade com os que apoiam Pescarmona e Nobre, ele faz o mesmo tipo de observação e analisa que falta comando em todos os sentidos, além de dizer que as frases de Arnaldo Tirone são sintomáticas.

"Eu sou cético, acho que não vai mais dar. São nove pontos, precisam de vitórias e secar os outros. Não adianta. É muito difícil. Falta comando, falta muita coisa lá. Eu vejo na reunião do COF (Conselho de Orientação e Fiscalização) o Tirone dizendo que o título fez o Palmeiras esquecer do resto... Como um presidente do Palmeiras fala isso? Eu quase fui embora da cadeira. Não dá!", desabafou ele.

O ex-presidente Mustafá Contursi aproveita a situação para se defender das críticas que classifica como insistentes.

“Deixei só coisas boas para o Palmeiras. Deixei o time classificado para Libertadores, milhões no caixa e um estádio sendo construído. Estádio que agora entregaram de graça para uma empresa. É bom ter o Mustafá como desculpa para justificar quase 1 bilhão que gastaram no clube em oito anos. E todo esse dinheiro para festejar quase sempre o 16º lugar”, afirmou ele ao Blog do Perrone.

A diretoria do Palmeiras está completamente sumida. O gerente de futebol, César Sampaio, o vice-presidente de futebol, Roberto Frizzo, e o presidente, Arnaldo Tirone, não atendem à imprensa desde a derrota para o Coritiba na última quinta-feira. No clube, conselheiros mostram ainda mais revolta ao saber que Tirone preferiu viajar com a família a acompanhar a delegação para Recife, onde os palmeirenses vão enfrentar o Náutico, nos Aflitos.