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Patricia admite que pensou em desistir de eleição e minimiza desvantagem em pesquisas

Patricia Amorim tenta mostrar tranquilidade às vésperas da eleição no Flamengo - Divulgação/Fla Imagem
Patricia Amorim tenta mostrar tranquilidade às vésperas da eleição no Flamengo Imagem: Divulgação/Fla Imagem

Pedro Ivo Almeida

Do UOL, no Rio de Janeiro

01/12/2012 06h00

Patricia Amorim já não tem mais a mesma animação e, principalmente, a confiança do início da corrida eleitoral do Flamengo. Mesmo assegurando não temer a desvantagem nas últimas pesquisas divulgadas, a atual presidente rubro-negra admite que pensou em desistir da tentativa de se reeleger no comando do rubro-negro em função do desgaste e dos excessivos ataques da oposição.

Aparentemente recuperada e firme na briga pelos votos nas urnas, a mandatária também não perdoou as duas chapas concorrentes e também deu sua resposta. Patricia questionou a falta de experiência da Chapa Azul na política do clube e só "aliviou" a Chapa Rosa, de Jorge Rodrigues, com quem chegou a cogitar uma opinião.

Em entrevista ao UOL Esporte às vésperas da eleição do próximo dia 3 de dezembro, a presidente do Flamengo ainda rechaçou as tradicionais promessas de campanha, mas falou sobre os planos para o futebol para 2013. "Pedra no sapato" no final de sua primeira gestão, o esporte terá investimento maior na próxima temporada.

ROBINHO É UMA DAS OPÇÕES DE PATRICIA PARA REFORÇAR O FLAMENGO EM 2013

  • AP Photo/Lapresse

    Apesar das indefinições por conta do processo eleitoral do clube, o Flamengo segue se planejando para a temporada 2013. E na busca por reforços, o rubro-negro já tem um novo alvo: o atacante Robinho. O diretor executivo de futebol do clube, Zinho, entrou em contato com a cúpula da Gávea para estudar a viabilidade da negociação, recebeu o aval da presidente Patricia Amorim e já iniciou as conversas com o jogador do Milan

Confira a entrevista completa abaixo:

UOL Esporte: Por que você merece continuar como presidente do Flamengo nos próximos três anos?
Patricia Amorim:
Porque eu sou correta, honesta, comprometida com o clube e, principalmente, porque eu frequento o clube. Sou formada aqui e conheço toda essa engrenagem chamada Flamengo. Tem gente que nunca entrou aqui, vê o clube como uma simples empresa e acha que tudo é fácil de se resolver.

UOL: E o que você pode prometer para o torcedor e sócio do Flamengo para a próxima gestão?
PA:
Falo o que posso. Prometo e cumpro. Essa é minha grande virtude. Corro atrás para cumprir todos os compromissos. Este é o grande diferencial. O que eles [oposição] estão prometendo não é novidade. Quem disse que o clube não é profissional? Temos executivos em todas as áreas. Mas temos que ter os amadores também. A estrutura é amadora, o Estatuto diz isso. Vamos tentar mudar, mas onde poderíamos profissionalizar já fizemos.

UOL: Mas o torcedor não quer saber só de Estatuto e reformas na sede. Eles se interessam pelo futebol...
PA:
O trabalho também está sendo feito no futebol. Tivemos erros, mas assumimos e vamos buscar melhorar. Teremos grandes reforços já nesta virada de ano e a temporada 2013 será diferente, com mais investimentos. E fora isso, as pessoas precisam entender tudo o que foi feito. Ganhamos quase tudo na base, estamos terminando de construir o CT, deixamos o salário dos funcionários em dia durante todo este período. E o dos jogadores só atrasou em função de uma penhora judicial da gestão antiga. Os próximos três anos serão bem diferentes.

UOL: Algumas das principais pesquisas colocaram o candidato Eduardo Bandeira de Mello, da Chapa Azul, na liderança. Como você está encarando está mudança no cenário tão perto da eleição?
PA:
Estou muito tranquila. Sou uma voluntária do Flamengo e estou aqui para o que der e vier, independente de resultado. Cada pesquisa mostra uma coisa e o cenário está muito aberto. Ainda tem um grupo indeciso. Não dá para afirmar nada, temos que ver estes votos.

PESQUISA IBOPE NO FLA

  • 35%

    Eduardo B. de Mello

     

  • 22%

    Patricia Amorim

     

  • 12%

    Jorge Rodrigues

     

  • 9%

    Ronaldo Gomlewski*

     

  • 22%

    Indecisos

     

*Desistiu da candidatura após a pesquisa, realizada na última semana

    UOL: E como fazer para conseguir os votos deste grupo grande de indecisos?
    PA:
    O sócio que vota frequenta o clube e sabe bem a qualidade do meu trabalho. As realizações estão aí e eles podem avaliar e medir. Até mesmo este episódio triste do incêndio nós já estamos resolvendo. Nós arrumamos a casa e vamos fazer muito mais nos próximos três anos.

    UOL: E mesmo com esse trabalho de ainda buscar os votos de indecisos você está confiante para a eleição de segunda?
    PA: É... (uma pausa antes da resposta). Acho que sim. Eu sei que fiz bastante e tenho muita gente que posso contar. Minha primeira meta é vencer. A segunda, ter uma votação expressiva para mostrar que o trabalho agradou ao sócio e que eu superei o desafio de ser a primeira mulher a comandar um clube no Brasil.

    UOL: Teve medo de perder em algum momento e pensou em juntar com algum outro candidato?
    PA:
    Nunca terei medo de nada. Procurei conversar com quem queria o diálogo. Essa candidatura não é da Patricia, mas sim do Flamengo. Vou sempre debater e procurar o melhor para o clube. Eu desejei que juntasse, e não necessariamente com o meu nome como presidente. Poderíamos ter outra pessoa na cabeça na chapa. O clube precisa de mais união e menos vaidade. Se tivesse um nome de consenso, seria ótimo. Mas isso não ocorreu e eu não penso mais. Vou sozinha. O que ocorreu ao longo do tempo foi gente da oposição se juntando para me vencer. E isso só mostra o quanto eu estive forte durante toda gestão. Realizei muito e tenho eleitores. Isso preocupou os opositores.

    PESQUISA PUC-RJ NO FLA

    • 21,2%

      Patricia Amorim

       

    • 18,9%

      Eduardo Bandeira

       

    • 6,6%

      Jorge Rodrigues

       

    • 37,5%

      Indecisos

       

    • 15,8%

      Não revelaram

       

      UOL: Se você pudesse mandar um recado às duas chapas de oposição, qual seria?
      PA:
      Eu pediria respeito. O Flamengo está em um momento importante, decidindo seu futuro e não precisamos de baixaria ou ataques gratuitos.

      UOL: E você acha que faltaram com respeito durante a campanha?
      PA:
      Muito. O tempo inteiro. Tem uma turma pesada em redes sociais que não soube debater em alto nível. Mas estou tentando não me preocupar. Me desgastei muito, mas fiz o meu trabalho e o tempo vai mostrar quem estava certo.

      UOL: E com tanto desgaste, você pensou em desistir, deixar de lado esses ataques e brigas da corrida eleitoral?
      PA:
      Passou pela cabeça isso [desistir], sim. E muito. Este período antes da eleição é muito desgastante. Pensamos e refletimos muito sobre várias coisas. Mas agora estou firme. E vou assim até o fim. Tenho muito a fazer pelo Flamengo ainda nestes próximos três anos.