Eleição do Fla tem 'guerra' por votos com modelos, inauguração de obra e mimos a sócios
![Modelos de agências fizeram campanha e paparicaram eleitores de Patricia Amorim - Pedro Ivo Almeida/UOL](https://conteudo.imguol.com.br/2012/12/04/03dez2012-modelos-de-agencia-fazem-campanha-para-patricia-amorim-em-eleicao-do-flamengo-1354587495346_615x300.jpg)
A disputa dos votos nas urnas não foi a única que dominou a eleição do Flamengo na última segunda-feira. No pleito que apontou Eduardo Bandeira de Mello como presidente para os próximos três anos, a batalha também foi acirrada nas alamedas da sede da Gávea. E a chapa da mandatária em exercício Patricia Amorim "apelou" para conquistar os homens da votação rubro-negra.
O grupo da presidente contratou cerca de 30 modelos de uma agência e apostou nas musas para minimizar a diferença nas urnas, que só crescia ao longo do dia. E esta não foi a única "arma" da situação. Patricia inaugurou até uma obra no dia da eleição - um estacionamento e terreno ao lado da sede - para conquistar a preferência dos sócios. A oposição respondeu, oferecendo inúmeros mimos, como cortesias em clubes e espaços próximos, além de vans para buscar eleitores em casa na "guerra" pelo poder no rubro-negro.
"Não há nada de ilegal", defendiam os líderes partidários dos grupos. Mas a tática das beldades de Patricia era, no mínimo, ousada. "Trabalhamos em uma agência e estamos aqui para nos aproximar dos sócios indecisos e pedir voto. Mulher bonita sempre ajuda. E trabalhamos com sensualidade", explicou uma das modelos, que preferiu não se identificar.
PATRICIA RECONHECE DERROTA NO FLA, E BANDEIRA DE MELLO VENCE ELEIÇÃO
Com pesquisas contraditórias e números conflitantes nas intenções de votos divulgadas durante a corrida eleitoral, o resultado da eleição do Flamengo foi uma incógnita até esta segunda-feira, data da votação realizada na sede do clube, na Gávea. A dúvida, porém, não durou mais que duas horas. Com larga vantagem desde as parciais no início do dia, Eduardo Bandeira de Mello derrubou a atual presidente, Patricia Amorim, que reconheceu a derrota na tentativa de reeleição, com 914 votos contra 1.414 da chapa de oposição vencedora
Uma companheira, sem medo das declarações, revelou ser vascaína e afirmou que só queria saber do dinheiro. "Torço para o rival e só estou aqui pelo trabalho, pelo dinheiro, pelo pedido da agência", salientou Luciana Barbosa, de 24 anos.
As musas, porém, não vingaram. E foram derrotadas por um modelo completamente oposto. Militantes da Chapa Azul, em sua maioria homens, revelaram não terem recebido nenhum centavo e mostravam acreditar apenas em um ideal de mudança.
"Não precisamos colocar mulher bonita e apelar deste jeito. Ganhamos na ideia, no debate do que é melhor para o clube. Temos um grupo de aproximadamente 50 voluntários aqui dentro da sede e mais tantos outros lá fora, que nem sócios são. Nos reunimos, ligamos para algumas centenas de associados, explicamos a proposta da chapa, a ideia de mudança e deu certo. O resultado mostra isso. A questão do estacionamento é apenas para facilitar. Hoje é um dia histórico, onde a militância superou alguns vícios políticos e elegeu a oposição do Flamengo", comentou o economista Edmilson Varejão, de 29 anos, enquanto acompanhava um senhor de idade avançada até a cabine de votação.
"Faço isso pelo Flamengo. Ele quer ver a mudança. Vamos ajudá-lo a votar aqui", completou o entusiasmado militante do grupo que comandará o rubro-negro nos próximos três anos. E os simpatizantes da Chapa Azul chegavam dos lugares mais diversos do país. Grupos de Minas Gerais, Acre, Piauí e Amazonas deixaram seus estados para fortalecer a campanha da oposição que saiu vencedora.
Militante da Chapa Azul (D) acompanha um idoso durante votação na eleição do Flamengo na Gávea
Van utilizada por uma das chapas para transportar eleitores durante a "guerra" eleitoral no Flamengo
"Saí de Cuiabá e voltarei para lá em apenas algumas horas. Minha passagem foi rápida no Rio de Janeiro, mas importante. A necessidade de mudança do modelo me motivou e estou confiante. O principal é mostrar para a situação que, mais que um clube do bairro do Leblon, o Flamengo é uma força nacional. Gastei quase R$ 2.000, sem pedir nem um café em troca. Acho que é por isso que uma gestão de exploradores do clube jamais conseguirá dominá-lo", contou o advogado da União e professor universitário Marcus Castro, de 37 anos.
Marcos Braz dividido
E enquanto alguns sócios não escondiam suas opções políticas, um importante ex-dirigente do Flamengo fazia mistério. Evitando se comprometer com os grupos em disputa, Marcos Braz, ex-vice de futebol, conversou com Patricia Amorim, Bandeira de Mello e Jorge Rodrigues em clima cordial e lançou o tradicional "estamos juntos" a todos.
No fim, na pesquisa de boca de urna, não revelou seu voto. Ele ainda espera uma chance para voltar à diretoria e comandar o futebol, como fez nos títulos da Copa do Brasil de 2006 e do Brasileiro de 2009.
Funcionários choram derrota de Patricia
Apesar da felicidade da maioria dos votantes e de grande parte da torcida, muita gente na Gávea ficou chateada com a vitória de Bandeira de Mello. Funcionários e sócios ligados a Patricia Amorim não escondiam a tristeza com a derrota da atual mandatária nas urnas e chegaram a chorar no início da noite.
Desde o final da manhã, quando a Chapa Azul disparou na pesquisa de boca de urna, era possível perceber o semblante fechado e aflito de muito. A principal preocupação de alguns era com a possibilidade de demissão dos funcionários rubro-negros ligados à situação. A oposição, porém, prefere não se antecipar aos fatos e disse que não irá ocorrer nenhum tipo de "caça às bruxas" e demissões em série no início da gestão.
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