Ricardinho minimiza semelhança com Ganso e diz que os que o elegeram 'odiado' pediam ajuda
O ex-meia Ricardinho não vê semelhanças entre o seu caso quando trocou o Corinthians pelo São Paulo, há dez anos, com a recente saída de Paulo Henrique Ganso do Santos para o tricolor. Os dois jogadores, ao deixarem seus clubes, foram alvos de críticas por parte de torcedores e até de alguns de seus próprios colegas. O atleta disse também que sua fama "traíra" entre os boleiros é fruto de uma compreensão equivocada de suas atitudes, que ele considera corretas.
“Não tem nada a ver, a única semelhança entre o meu caso e o do Ganso é que ambos deixaram times populares do Estado para jogar pelo São Paulo. Mas eu tinha acabado de vir de uma Copa do Mundo, ele vem de contusão. As semelhanças param por aí”, disse ele, em entrevista ao UOL Esporte.
A então maior transação do futebol brasileiro (quase 8 milhões de euros, ou mais de R$ 20 milhões) não deu certo. Ricardinho não se integrou com o elenco e foi apelidado de “trezentinhos” por alguns jogadores, em referência ao que seria seu salário (R$ 300 mil mensais). Ricardinho não conseguiu repetir no Tricolor as boas atuações da época do Corinthians e não caiu no gosto da torcida são-paulina.
“O torcedor pode não estar muito acostumado a ver um ídolo jogando no rival, pode ser um problema cultural, já que as grandes transferências costumam acontecer para a Europa”, diz ele.
O ex-meia comentou o episódio no qual foi eleito, em 2006, pela revista Placar, como o “mais odiado” entre jogadores brasileiros. Na votação anônima feita com 100 boleiros, o correto Ricardinho ganhou (17 votos), superando os bad boys Romário (7 votos) e Edmundo (3). A publicação entendeu a votação como uma reação ao jeito ‘diferente’ de Ricardinho, que por ter um nível intelectual maior do que o da maioria dos boleiros, tenderia a conversar mais com treinadores, o que alimentava uma crescente fama de ‘traíra”.
“Não me chateou, só me fez ver que a correção é vista de outra forma por algumas pessoas. Essa eleição não teve credibilidade, foi anônima. Mas tenho certeza de que os mesmos que votaram em mim, me pediam ajuda quando o salário atrasava”, explica.
A fama de ‘traíra’ surgiu ainda no Corinthians, após uma desavença pública com Marcelinho Carioca, em 2001. Sobre uma eventual reconciliação, ele diz que “não tive problema com o Marcelinho, ele teve comigo. Mas o tempo cura tudo, são águas passadas. Quem nunca discutiu no trabalho?”
Timão em Tóquio, seleção e Neymar
Sobre ser eleito o 'mais odiado' pela Placar
Tenho certeza de que os mesmos que votaram em mim (como o jogador mais odiado) me pediam ajuda quando o salário atrasava
Ídolo no Corinthians, onde conquistou dois campeonatos brasileiros, dois paulistas e um Mundial da Fifa, Ricardinho acha que o time “tem tudo para fazer um bom Mundial em Tóquio”.
“O que não se pode esquecer é que, tanto Corinthians como Chelsea vão enfrentar equipes "chatas", que também querem ser campeãs. O Chelsea não tem um jeito inglês de jogar, com muito chuveirinho na área. É uma equipe internacional, que toca muito bem a bola e chega em velocidade”, afirma.
O ex-meia pentacampeão do Mundo em 2002 acredita que os temores de vexame da seleção brasileira na Copa do Mundo de 2014 são exagerados, e que a torcida vai ser um fator extra do time. Ricardinho também defendeu a permanência de Neymar no país até o torneio.
“Existe muito medo, muita gente pensando que a seleção irá mal. Mas as pessoas não se deram conta ainda da vantagem que é o elemento torcida. Imagina ganhar a Copa no Brasil? Pense no apoio que esse time vai receber. Isso mexe com o jogador e vira uma força a mais”, disse ele.
Ex-integrante do time campeão em 2002 e que contava com quatro jogadores que já foram eleitos os melhores do Mundo pela Fifa em um total de oito vezes, Romário (94), Ronaldo (96, 97 e 2002), Rivaldo (99), Ronaldinho (2004 e 05) e Kaká (2007), Ricardinho não acha a geração atual pior. “Não acredito que o futebol brasileiro esteja em decadência, os jogadores continuam a ser vendidos a cada janela europeia para grandes times. Acho que a seleção tem tudo para ganhar a Copa.”
Ricardinho comemora gol pelo Corinthians em 2001
“Antes das Copas de 1994 e de 2002 também existia muita desconfiança, mas os grupos se acertaram pouco antes das competições. É da natureza do torneio. E hoje temos pelo menos um jogador que desequilibra, o Neymar, além da volta de um veterano, o Kaká, que é respeitado aqui e lá fora”, diz ele.
Ao contrário dos que defendem a saída do atacante santista para jogar em um grande time europeu, Ricardinho diz não acreditar que uma transferência ajudaria em seu desenvolvimento. “Acho que o Neymar não precisa sair do Brasil para aprender a jogar contra os defensores estrangeiros. Um dos maiores zagueiros do mundo é o Thiago Silva, que jogava aqui, portanto, ir para o exterior não vai fazer diferença. Acho que o Neymar vai jogar na Europa, mas não antes da Copa.”
Ricardinho se aposentou no ano passado, aos 36 anos, quando atuava no Bahia. “Parar de jogar é difícil, tem que ter controle, saber a hora. O mais duro é deixar de fazer aquilo que você fez a vida inteira. Como técnico, continuo a sentir o calor da torcida, mas meu limite são as quatro linhas, eu não pertenço mais àquele espaço.”
“Nos últimos três anos, fiquei na dúvida se apostava na carreira como comentarista ou técnico, mas preferi investir nesse trabalho diário, de preparação de uma equipe”, explica ele, que pediu dicas da nova profissão para ex-comandantes como Parreira, Paulo Autuori e Felipão.”
A primeira experiência como treinador foi no Paraná Clube, que comandou por oito meses, conquistando a segundona paranaense, mas tendo desempenho mediano na Série B do campeonato nacional. Para o ano que vem, a meta é seguir na nova carreira.
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