Em depoimento, Anselmo Ramon diz ter perdido controle do carro ao desviar de cachorro

O atacante do Cruzeiro, Anselmo Ramon prestou, na noite dessa quinta-feira, esclarecimentos sobre o acidente em que se envolveu, no último sábado, e provocou a morte de um homem e deixou outro ferido. No depoimento, ocorrido na 18ª Delegacia de Camaçari, na Bahia, o atleta alegou que perdeu o controle do carro ao tentar desviar de um cachorro que atravessava a rodovia.

O advogado do atacante, Antonio Glorisman, disse que depoimento ocorreu no fim da noite de quinta, horário combinado com a Polícia Civil da Bahia, para despistar a atenção da imprensa. O representante do atleta disse que Anselmo Ramon esclareceu ao delegado que não havia ingerido bebida alcoólica nem estava cansado no momento do acidente.

“Ele não estava bebendo, não estava com sono, tinha dormido normalmente. Ele estava indo para o aniversário da filha dele, que seria no domingo, mas por infelicidade tentou desviar de um cachorro e perdeu o controle do carro, atingindo esses dois homens que estavam no meio do mato”, afirmou o advogado, em entrevista ao UOL Esporte.

Sem possuir Carteira Nacional de Habilitação (CNH), Anselmo Ramon se defendeu no depoimento e disse que estava a 85 km/h no momento do acidente. Além disso, afirmou que não avistou Ednaldo de Souza Santos, sobrevivente do acidente, e Cícero Macedo, que faleceu no momento. Um deles, segundo o advogado, fazia necessidades fisiológicas no meio do mato.

“Ele não viu os homens, porque os dois estavam escondidos no meio do mato. Além disso, o Anselmo foi arremessado do carro, na hora que o veículo saiu da pista, antes de atingir os dois homens. Então, ele não tem responsabilidade objetiva pelo acidente”, afirmou o advogado.

O depoimento de Anselmo Ramon era esperado para a manhã dessa quarta, mas o jogador não compareceu. O advogado do jogador apresentou um atestado médico, garantindo que Anselmo Ramon não tinha condições de prestar esclarecimentos e pediu um prazo de 48 horas.

No mesmo dia, o delegado João Uzzum informou que Anselmo Ramon não possui licença para dirigir nem na Bahia, estado natal, e em Belo Horizonte, onde atua pelo Cruzeiro. O fato, segundo o policial, é um agravante para o jogador no caso. O advogado reconheceu a imprudência do jogador, mas disse que o atacante já estava no meio do processo de conseguir a carteira de motorista.

Porém, devido à vida “atribulada” de jogador, não estava encontrando oportunidade para finalizar o processo. Na terça-feira, foram ouvidos o servente de pedreiro, Ednaldo de Souza Santos, sobrevivente do acidente, dois de seus amigos, além de esposa e filha de Cícero Macedo, 43, que morreu no local do acidente e foi sepultado em Pojuca, interior baiano.

Segundo João Uzzum, Ednaldo disse que ele e Cícero voltavam de uma pescaria e estavam fora da pista, encostados em uma árvore. O servente de pedreiro estava de costas e apenas sentiu o impacto do carro, que arremessou os dois para uma distância “considerável”, informou o responsável pelas investigações.

João Uzzum não quis comentar sobre as suspeitas do motivo do acidente, mas destacou uma situação que a Polícia Civil considera “estranha”. Anselmo Ramon foi socorrido e levado para o Hospital Medicina Humana, em Candeias, distante 40 km de Camaçari.

O acidente ocorreu na rodovia estadual A10, em trecho conhecido como Via de Ligação. Segundo a Polícia Rodoviária da Bahia, Anselmo Ramon teria perdido o controle do carro, batido em uma árvore e atingido os dois homens.