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Temporada de Ronaldinho tem início de vilão no Fla e final como herói no Atlético

Ronaldinho começou mal o ano pelo Flamengo, mas acabou 2012 como ídolo atleticano  - Bruno Cantini/Flickr do Atlético-MG
Ronaldinho começou mal o ano pelo Flamengo, mas acabou 2012 como ídolo atleticano Imagem: Bruno Cantini/Flickr do Atlético-MG

Bernardo Lacerda

Do UOL, em Belo Horizonte

14/12/2012 06h00

A temporada 2012 pode ser dividida em duas partes para Ronaldinho Gaúcho. Na primeira, ainda como R10, com muitos problemas, no Flamengo, e a segunda, como R49, com o retorno do bom futebol e a condição de ídolo no Atlético-MG. O ano do meia-atacante foi marcado por processo na Justiça do Trabalho, problemas disciplinares, atrasos de pagamento, atritos com companheiros e treinadores, bom futebol, gols bonitos, volta da idolatria e, para fechar, conquista de prêmios individuais.

  • Pedro Ivo Almeida/UOL

    Ronaldinho Gaúcho compareceu a audiência na Justiça do Trabalho em processo com o Flamengo

Pelo Flamengo, primeiro de seus dois times em 2012, Ronaldinho Gaúcho viveu período conturbado, dentro e fora de campo. Sem grandes atuações, ao contrário do que havia acontecido em 2011, quando chegou ao rubro-negro e ajudou a classificar a equipe à Libertadores, ele viu ruir a idolatria do torcedor flamenguista. A equipe flamenguista caiu de rendimento e o atleta viveu seu momento mais difícil na carreira.

Ronaldinho Gaúcho não conseguiu ajudar o Flamengo a fazer boa campanha na Libertadores, que era o principal objetivo. O time comandado por Vanderlei Luxemburgo foi eliminado ainda na primeira fase, ao ficar em terceiro no grupo e ser desclassificado de forma melancólica, em pleno Engenhão. No campeonato Carioca, a equipe não conseguiu chegar às finais tanto da Taça Guanabara quanto da Taça Rio.

Com a camisa do Flamengo, o jogador também conviveu com problemas fora de campo. O jogador se desentendeu com Vanderlei Luxemburgo, tendo participação decisiva na queda do comandante, que assumiu o Grêmio, time revelador de Ronaldinho Gaúcho e que foi preterido pelo ‘ex-ídolo’ quando de seu retorno ao Brasil.

A convivência com companheiros de Flamengo também ficou estremecida. O jogador já não era tão bem aceito pelos atletas mais experientes e não conseguia ser um líder positivo para os garotos. Ronaldinho Gaúcho teve problemas com falta em treinos, baixa produtividade em campo, além de ter ficado marcado mais pela presença em festas e baladas do que pelo seu rendimento dentro de campo.

  • Júlio César Guimarães/UOL

    Faixa em que a torcida do Flamengo pedia mais respeito a Ronaldinho durante o Estadual do Rio

Para complicar, a Traffic, parceira do Flamengo na contratação de Ronaldinho Gaúcho, desistiu do projeto, deixando a associação com o clube, que atrasava o pagamento de salários. A crise de relacionamento, foi resolvida, de forma unilateral pelos advogados do jogador, com a rescisão contratual obtida na Justiça do Trabalho do Rio de Janeiro.

A forma como deixou a Gávea transformou o ídolo em uma espécie de ‘inimigo número um’ da torcida rubro-negra e, especialmente da diretoria do clube, que chegou a iniciar a montagem de um dossiê, que vazou á imprensa e que mostrava, por exemplo, um vídeo de uma mulher entrando no apartamento de Ronaldinho em um hotel em Porto Alegre, onde o Flamengo estava concentrado.

Foi revelada ainda a notícia da existência de exames de sangue feitos pelo jogador, durante um treinamento do Flamengo, que comprovaria taca elevada de álcool no sangue de Ronaldinho Gaúcho. O departamento médico do Flamengo tratou de desmentir a informação, negando de forma oficial a existência desse exame.

  • Bruno Cantini/Site do Atlético-MG

    Ronaldinho treinou logo no 1º dia de Atlético-MG, antes mesmo de ser oficialmente apresentado

Em baixa, pela forma como deixou o Flamengo, Ronaldinho Gaúcho viu seu ano começar a mudar, em 4 de junho, poucos dias depois de ficar livre para acertar com qualquer outro clube, graças a liminar da Justiça do Trabalho, ao acertar com o Atlético-MG, de forma surpreendente.

Sem alarde, Ronaldinho Gaúcho chegou à Cidade do Galo, e apareceu com roupa de treino, participando do trabalho comandado pelo técnico Cuca. Helicópteros de emissoras de televisão captaram as primeiras imagens do meia-atacante como jogador do Atlético-MG. Depois do treino, ele foi apresentado, sem pompa, em entrevista coletiva, ao lado do presidente Alexandre Kalil.

Posteriormente, foi revelado que uma conversa entre Cuca e o empresário e irmão de Ronaldinho Gaúcho, Roberto Assis, foi determinante para que o Atlético-MG contratasse o jogador, inicialmente por seis meses, recebendo muito cerca de R$ 300 mil mensais, muito menos do valor de seu contrato com o Flamengo.

  • Leandro Moraes/UOL

    Ronaldinho recebeu vários prêmios no final do ano por suas boas atuações pelo Atlético no Brasileirão

Começava ali a volta por cima de Ronaldinho Gaúcho. Com a camisa 49 e demonstrando muita humildade, o atleta viu sua carreira mudar e o momento de turbulência ser trocado pela volta do bom futebol e o destaque na mídia nacional e mundial, além de ter caído no gosto dos torcedores.

No Atlético-MG, Ronaldinho Gaúcho mudou o comportamento fora de campo, não faltou a treinamentos, deixando de participar das atividades apenas em três oportunidades ao longo dos seis meses que vestiu a camisa do clube, todas por lesões. Ele amenizou a fama de baladeiro, tornando-se mais reservado.

Em campo, as boas atuações retornaram. O jogador voltou a ser decisivo e o grande nome do Atlético-MG na luta pelo título do Brasileirão. Aos poucos, trocou a desconfiança pela idolatria do torcedor atleticano. O bom futebol fez o jogador retomar o caminho de destaque da imprensa, tanto nacional quanto mundial, voltando a ser lembrado dentro das quatro linhas.

  • Reprodução/Twitter Ronaldinho

    Ronaldinho divide com fãs os bons momentos de suas férias, como o encontro com Seu Jorge (centro)

Ronaldinho Gaúcho fez 32 jogos com a camisa do Atlético-MG e marcou nove gols, dando 14 assistências diretas para gols. O jogador foi o grande destaque nas partidas contra o Fluminense, Figueirense e Palmeiras, no segundo turno; e contra Cruzeiro, Sport e Vasco, na primeira metade do Brasileirão.

O ano, que começou conturbado, terminou com prêmios individuais para Ronaldinho, que foi eleito o melhor jogador do Brasileiro pela revista Placar e o melhor meia do torneio pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), além do craque por votação dos torcedores. O fim de temporada em alta fez o camisa 49 voltar a ser pedido para a seleção brasileira. Com a troca de Mano Menezes por Luiz Felipe Scolari, aumenta a possibilidade de volta ao selecionado canarinho.

Ronaldinho Gaúcho não esconde que o segundo semestre de 2012 serviu como volta por cima em sua carreira. “Foi um começo difícil de ano, algumas coisas deram erradas, não era o que eu queria. Mas depois tudo se acertou, fui feliz, ajudei o Galo, que me ajudou, então foi um ano muito bom para mim, com premiações individuais, volta à Libertadores”, resumiu.

Feliz em Minas e vivendo momento bom, o jogador acertou a sua renovação de contrato com o Atlético antes da última rodada do Brasileirão, contra o Cruzeiro. O atleta assinou vínculo por mais uma temporada. Ronaldinho Gaúcho não escondeu que o seu desejo de continuar no alvinegro mineiro foi atendido.

De férias até o começo de janeiro, Ronaldinho Gaúcho mostra o bom momento vivido na carreira em seu twitter. O jogador vem se tornando figura carimbada em festas em Salvador, quando se passou até por DJ e posou em foto ao lado do cantor Seu Jorge e do irmão Assis.