Fatores financeiros e políticos levam clubes do interior mineiro a trocar de sede
Recorrente no futebol paulista nos últimos anos, a mudança de sede de clubes de futebol também foi iniciada em Minas Gerais. O Boa Esporte (ex-Ituiutaba) abriu o caminho, ano passado, ao se transferir para Varginha, sendo seguido pelo Ipatinga, agora Betim, e pelo Nacional de Nova Serrana. Os dois últimos clubes iniciam 2013 com novas sedes, motivados por fatores financeiro e político. Apesar disso, os dirigentes rejeitam o rótulo de “itinerantes”.
Outros que não atuarão em suas cidades, no próximo Estadual, serão o Guarani, de Divinópolis, e o caçula na Primeira Divisão, a Tombense. Ambos mandarão seus jogos em outros municípios, por causa da falta de estádios em condições de receber jogos do Campeonato Mineiro em suas sedes de origem.
Guarani não mandará seus jogos no Farião, em Divinópolis, por falta de condições, transferindo-os para a Arena do Calçado, em Nova Serrana
Fundado há 14 anos, o Ipatinga decidiu mudar de sede ao final da Série B do Brasileiro, quando foi rebaixado para a Série C, a Terceira Divisão do Campeonato Nacional. Segundo o presidente do clube, Itair Machado, a equipe não tinha condições financeiras por causa da falta de apoio. No segundo semestre, o “Tigre do Vale do Aço” recebia apenas R$ 2 mil de patrocínio.
“O patrocínio representava 30% a 50% do nosso orçamento. Mas, com a crise internacional, a Usiminas, que era nossa patrocinadora, foi vendida para um grupo argentino e cancelou o patrocínio em maio e a Prefeitura também, que passou por dificuldades financeiras”, explicou o dirigente ao UOL Esporte.
Sem condições de manter a equipe e com a arrecadação mais reduzida por causa do rebaixamento à Série C, além de estar no Módulo II do Campeonato Mineiro (Segunda Divisão), o dirigente decidiu se mudar para Betim, cidade na Região Metropolitana de Belo Horizonte, onde o clube espera ter condições de sobreviver.
“A esperança é sobreviver. Os clubes não vão sobreviver e fechar as portas. Quem insiste só arranja dívidas, porque o futebol só gera dívidas e dá pouco retorno. Não foi por razão política que saímos, procurei 10 empresários para assumir o clube, mas nenhum se dispôs. Você começa a disputar competições nacionais e precisa de dinheiro para disputar”, argumentou Itair Machado.
O clube passará a se chamar Betim Futebol Clube e atuará, a princípio, na Arena do Jacaré, em Sete Lagoas, estádio que até maior deste ano, recebeu os jogos de Atlético, Cruzeiro e América. Isso porque tenta ainda viabilizar a ampliação do estádio Capelão, em Betim, para 10 mil lugares. Porém, a nova agremiação ainda depende do apoio do prefeito eleito da cidade, Carlaile Pedrosa, para que as obras se iniciem.
O Betim também deve ter patrocínio do governo municipal e busca apoio de empresas de grande porte, como Fiat e Petrobrás, com forte vínculo na cidade. Porém, nada ainda está definido. “Queria deixar claro que não foi por questão política que saímos de Ipatinga, mas sim por questão de sobrevivência financeira. A cidade não comportava um clube. Por isso, o clube não pode ser taxado de itinerante”, defendeu o dirigente.
Sem o Ipatinga, quem deve ocupar o Ipatingão durante o Campeonato Mineiro é a Tombense, da cidade de Tombos e caçula na Primeira Divisão do estadual. O clube vai manter a sede no município de origem e só irá para a cidade do Vale do Aço, que dista 250 quilômetros, às vésperas da partida.
Boa Esporte abriu, no futebol mineiro, ano passado, a itinerância, que é rejeitada pelos dirigentes
Porém, o presidente do clube, Lane Gaviolle, trabalha para que o estádio Antônio Guimarães de Almeida tenha a capacidade aumentada para cinco mil torcedores e que o estreante na elite estadual possa atuar perto de seus torcedores.
“Vamos jogar contra o Atlético-MG em Ipatinga, na estreia, mas depois a ideia é atuar em casa. Estamos aumentando para cinco mil lugares, mas ainda estamos construindo camarotes e lugar para a imprensa. Esperamos jogar na cidade, porque será muito importante”, afirmou o dirigente.
Outro que mudará de local para o Campeonato Mineiro é o Guarani, de Divinópolis. Apesar de o estádio Farião ter condições de receber partidas, o clube fez parceria com a cidade vizinha, Nova Serrana, que ficou sem o Nacional, e atuará na Arena do Calçado, inaugurada em março deste ano.
Disputa política
O estádio de Nova Serrana ficaria sem receber jogos, já que o Nacional mudou de sede. O clube vai atuar em Patos de Minas, por causa de discordâncias entre o prefeito eleito, Joel Martins, e o que deixa o cargo no próximo dia 31 de dezembro, Paulo César Freitas.
O político que ganhou a eleição diz que o clube foi retirado à força da cidade pelo seu adversário que rebate, afirmando que os novos administradores não pretendem apoiar o futebol. Diante desse imbróglio, a diretoria, apoiada pelo prefeito em fim de mandato, Paulo César Freitas, decidiu se mudar para Patos de Minas.
O atual prefeito é apoiado pelo senador Zezé Perrella (PDT), que leva o nome oficial do estádio de Nova Serrana. O Nacional deve finalizar a mudança até o começo de janeiro, quando continua a pré-temporada para o Campeonato Mineiro.
Mudança bem-sucedida
A experiência de trocar de sede foi positiva para o Boa Esporte, que atuava com o nome de Ituiutaba há duas temporadas, quando decidiu se mudar da cidade de mesmo nome para Varginha, no Sul de Minas. O clube conseguiu se manter na Série B do Brasileiro e manteve o apoio dos torcedores.
Estádio Melão, em Varginha tornou-se o campo oficial do Boa Esporte, quando ele se mudou de Ituiutaba
Mas os dirigentes do clube se recusam a falar sobre o assunto. Procurada pela reportagem, a diretoria não atendeu às ligações. O assessor de imprensa da equipe, Edmar Mariano, explicou que os dirigentes não querem se pronunciar.
“Foi desgastante mudar de cidade, porque eles foram muito cobrados. Eles estão irredutíveis em falar sobre isso”, disse Edmar Mariano, em entrevista à reportagem. Porém, o assessor afirmou que as negociações para o Boa continuar em Varginha estão adiantadas.
A permanência no novo local será estendida por mais duas temporadas. Mas o acordo ainda não foi assinado pelo Boa e Prefeitura de Varginha, que vai mudar de comando em janeiro.
O prefeito Eduardo Corujinha, principal apoiador do clube, perdeu as eleições em outubro e agora os dirigentes conversam com o novo prefeito, Antonio Silva, para concretizar o acordo de permanência, que está bem adiantado.
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