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Iarley pede desculpas a Teixeira por deixá-lo "no vácuo" e tenta sucesso com panelas e alumínios

Iarley comemora título mundial pelo Inter em 2006 - AP
Iarley comemora título mundial pelo Inter em 2006 Imagem: AP

José Ricardo Leite e Paulo Passos

Do UOL, em São Paulo

31/12/2012 06h00

A dispensa do Goiás e os 39 anos que serão completados em março de 2013 não são suficientes para que o atacante Iarley desanime e pense no fim da carreira na próxima temporada. Ainda motivado, o campeão mundial pelo Internacional em 2006 diz que ainda pode contribuir muito em campo.

Por decisão do técnico Enderson Moreira, o atacante não terá o contrato renovado para a próxima temporada. Durante a Série B do Campeonato Brasileiro, o experiente jogador perdeu espaço no time e terminou a competição entrando no decorrer das partidas.

DESCULPAS A TEIXEIRA

  • Almeida Rocha/Folha Imagem

    Iarley diz que não foi proposital o não cumprimento a Ricardo Teixeira na premiação do Mundial de 2006 (veja vídeo e texto abaixo). "Na hora eu estava tão emocionado, que fico observando a medalha comemorando. Depois que vi o vídeo e que aconteceu isso. Peço desculpas ao Ricardo Teixeira, não foi intencional."

Diz que agora está aberto a propostas, mas que não existiu nenhum convite oficial. E ressalta o “pacote” que o clube que contratá-lo terá à disposição contando com os seus serviços.  Coloca sua experiência e histórico de jogador agregador como trunfos.

“Estou ainda esperando pra ver o que vai acontecer após não renovar com o Goiás. Alguma coisa concreta, concreta, ainda não tenho. Só sondagens e especulações. Falei pra muita gente que iria esperar o Goiás. Mas não vou parar não. Não penso isso em momento nenhum. Quero jogar. Não tive lesão nenhuma durante o ano. Tenho uma genética boa. Depois dos 30 anos, geralmente o atleta começa a se machucar. Mas meus números com os fisiologistas são muito bons”, falou em entrevista ao UOL Esporte.

“Acho que ainda rendo bem em campo. E extracampo tenho a percepção de saber motivar quem não está jogando. Não deixo que o cara diminua o ritmo e perca seu nível. E acho que quem está jogando tem que melhorar também. É assim que se melhora o nível do time e se deixa o grupo unido e motivado. Quando tem um desentendimento, vou lá e converso com o atleta. Isso é fundamental para o clima do elenco não desandar”, explicou.

O ex-jogador de Internacional, Corinthians, Ceará e Paysandu, entre outros, está neste momento na cidade de Fortaleza, onde tem um negócio em sociedade com seu empresário, Clóvis Dias, há quatro anos.

Iarley decidiu se aventurar no ramo do alumínio. Possui uma fábrica com aproximadamente 20 pessoas que produz alguns artefatos de cozinha, como panelas, colheres, espátulas, frigideiras e assadeiras. O nome é Alumínios Saturno. “É uma fabrica ainda pequena, em processo de crescimento. Pouca gente sabe que eu sou um dos donos”, falou.

O jogador conta que não entrou no ramo para somente ter outro pé de meia. Se interessou pelo mercado do produto e passou a gostar como que uma tarefa pessoal para aprender algo além de seu mundo do futebol e se sentir mais completo em conhecimentos. Aprendeu algumas das propriedades do alumínio e diz que acompanha mesmo morando em outra cidade.

“É tudo automatizado, não tem muito mistério. A gente sempre está acompanhando e no mês de dezembro eu venho aqui e acompanho. Aprendemos a gostar do que estamos fazendo, você diz “isso foi eu que fiz”, é tipo um filho pra mim”, falou, orgulhoso.

  • Reprodução

    Propaganda em site oficial de panelas de pressão da fábrica de Iarley, situada em Fortaleza, no Ceará

As vendas ainda se resumem a Fortaleza e a algumas cidades do interior cearense. Aos poucos, a intenção é que os produtos cheguem a outros estados e até ao exterior. Mas Iarley prega paciência. Diz que não há pressa para a expansão do negócio. E aproveita para fazer sua propaganda.

“Vamos começar a entrar em alguns estados, mas não podemos dar um passo maior do que as pernas. Se não, só vem mais dor de cabeça. Espero daqui a pouco estar exportando. Temos uma panela nossa que é produto novo no mercado. Uma panela de meia pressão; economiza mais gás do que a convencional.”

Apesar do negócio paralelo à carreira do futebol, Iarley não pensa em se dedicar exclusivamente à fábrica quando pendurar as chuteiras. Pretende seguir no esporte. Só resta decidir em que função. “De repente como treinador ou empresário. Vou fazer curso para treinador. Tenho olhar clínico. Sei diferenciar o potencial de um garoto. Conheço bem os bastidores. Vou desempenhar uma dessas funções.”

 

VEJA IARLEY NÃO CUMPRIMENTANDO TEIXEIRA EM 2006

Explicação sobre não cumprimento a Teixeira


Uma imagem chamou a atenção na hora de os jogadores do Internacional receberem as medalhas de campeões mundiais após a vitória por 1 a 0 sobre o Barcelona, em Yokohama, no Japão, em dezembro de 2006.

Depois de receber a medalha de um dirigente, Iarley passa batido e não cumprimenta o então presidente da CBF, Ricardo Teixeira, que também estava no momento da premiação. O jogador passa reto e deixa o mandatário “no vácuo”.

A imagem fez sucesso entre os torcedores colorados, já que alguns deles condicionaram o fato a um possível descontentamento do jogador com o dirigente. Mas Iarley explica que não teve nada disso. Diz que foi uma casualidade e até pediu desculpas ao dirigente.

“Até hoje eu tenho essa dorzinha de cabeça, essa tristeza de não ter cumprimentado. Mas na hora eu estava tão emocionado, que fico observando a medalha comemorando. Depois que vi o vídeo e que aconteceu isso. Peço desculpas ao Ricardo Teixeira, não foi intencional”, explicou.

“Não foi só com o Teixeira que aconteceu aquilo naquela hora. Também teve o presidente do Barcelona. Falaram que era um protesto contra ele, mas não tem nada a ver, nada a ver. Foi uma casualidade”, finalizou.