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Escola de árbitros da CBF caça talentos abaixo de 30 anos e admite "geração sem craques"

Ex-árbitro Sálvio Spínola estará à frente do departamento técnico da escola da CBF - Edu Andrade/Agência Freelancer
Ex-árbitro Sálvio Spínola estará à frente do departamento técnico da escola da CBF Imagem: Edu Andrade/Agência Freelancer

Bruno Freitas

Do UOL, em São Paulo

15/01/2013 00h01

Anunciada pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol) na última semana, a Escola Nacional de Arbitragem começa a funcionar em 2013 com a missão de melhorar o nível da categoria depois de uma temporada de severas críticas. Uma das missões do departamento é caçar novos talentos abaixo dos 30 anos para revigorar um cenário assumido de "geração sem craques".

Formalizada por uma resolução da presidência, assinada por José Maria Marin, a escola terá a chefia de Sérgio Corrêa. Antigo chefe da Comissão de Arbitragem, o diretor foi substituído por Aristeu Tavares em 2012 após uma onda de erros do apito na Série A. Agora diante do novo desafio, fala na construção de uma linhagem mais preparada.

"A mídia tanto fala que vivemos uma geração sem craques no nosso futebol. Com a arbitragem também é assim, também não temos tantos craques hoje em dia. Árbitro não se forma em árvore, tem que maturar. Fazer árbitro é com fogão à lenha, não dá para fazer com micro-ondas", afirmou Corrêa em entrevista ao UOL Esporte.

Um destacamento dentro da escola estará responsável por identificar aspirantes abaixo de 30 anos com capacidade de se tornar nomes de ponta. A ideia é que, assim que escolhidos, esses árbitros promissores ganhem tratamento diferenciado, com acompanhamento de mentores.

Entre as missões da escola estão a necessidade de prover o quadro principal com uma uniformidade de critérios. O braço técnico do departamento estará a cargo do ex-árbitro paulista Salvio Spinola. A CBF pretende unificar o método de ensino das formações regionais [atualmente existem centros de capacitação de juízes em 16 estados].

A escola ainda trabalhará com a tarefa de monitorar periodicamente os nomes de ponta do quadro, através de avaliações técnicas e físicas.

ERROS DO APITO: "VAI SER SEMPRE ASSIM"

Sérgio Corrêa diz que a criação da Escola Nacional de Arbitragem da CBF não deve ser encarada como uma resposta à opinião pública depois da temporada 2012, quando o Brasileirão foi palco de intenso debate sobre a qualidade da categoria.

“Vai ser sempre assim, em 2013, em 2014 quem sabe menos, por causa da atenção para a Copa Mundo. É sempre assim desde que me conheço por gente, e estou há 31 anos na arbitragem. É sempre o mesmo debate, a mesma reclamação. As pessoas não entendem que o árbitro erra. A gente toma todas as medidas para que se minimize o erro no trabalho em campo, para que se erre o menos possível. O jogador também erra, o goleiro também erra, mas vocês da mídia só falam da arbitragem. Não é dado o direito do erro ao árbitro. Ele toma cerca de 180 decisões por partida, mas erra em uma só e crucificado”, argumenta Côrrea.

O diretor da escola de preparação da CBF diz ver a profissionalização como "utopia" e ainda discorre sobre o desafio da categoria de se adaptar à transformação física imposta aos árbitros pela evolução do futebol.

“Em 1970 o árbitro corria 4 km, hoje são 12 km e temos uma projeção de que em 2018 serão 16 km. O futebol está evoluindo. Por mais que o árbitro corra, vai continuar errando. São 20 ou 30 câmeras de TV que mostram tudo, acerto e erro. Se erra, vai para a guilhotina. Mas a gente prefere trabalhar e não ficar falando”, declara o funcionário da CBF, em tom de desabafo.  

Segundo Sérgio Corrêa, a CBF entendeu que a criação da escola serviria para descentralizar o trabalho da Comissão de Arbitragem, que passará a centrar esforços exclusivamente na produção de escalas para as competições nacionais.

Além da área técnica com Salvio Spinola, a escola contará com mais três frentes de atuação, com Paulo Camello na parte física, com a psicóloga Marta Magalhães na mental e com a Dra. Andréia Picanço na seção médica.