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Pepe diz que camisa com sete patrocínios e jogos em SP são modernidades inevitáveis

Pepe e a famosa camisa dos anos 50 e 60, em comparação com o colorido atual - Acervo UH/Folhapress e Leandro Moraes/UOL
Pepe e a famosa camisa dos anos 50 e 60, em comparação com o colorido atual Imagem: Acervo UH/Folhapress e Leandro Moraes/UOL

Bruno Freitas

Do UOL, em São Paulo

18/01/2013 12h50

Com 405 gols, Pepe costuma dizer por aí que é o maior artilheiro do Santos, já que Pelé e sua marca milenar figuram, em seu modo descontraído de contar a história, em um nível "extraterrestre". Brincadeira à parte, o ex-ponta esquerda de 77 anos é indiscutivelmente um dos maiores nomes do centenário clube paulista e, desta condição, diz que as adaptações à modernidade são inevitáveis.

Nos últimos dias, o Santos anunciou seu sétimo patrocínio de uniforme, com a Minds Idioma se juntando a outras empresas de cores diferentes no famoso manto [o clube espera faturar quase R$ 40 milhões com a publicidade somada]. Pepe ganhou os principais títulos da história alvinegra com camisa toda branca, antes da era dos parceiros comerciais. Mesmo assim diz não se sentir atingido pela transformação da camisa que defendeu.

"Se você perguntar para conselheiros acima de 60 anos, eles sempre vão dizer que preferem a camisa toda branca. Os jogadores, todo de branco. Mas hoje os patrocínios são gigantescos. Não lembro se no nosso tempo tinha alguma firma que patrocinava. Mas a verdade é que nos davam a camisa no vestiário, o roupeiro Rochinha. Não existia a comercialização que existe hoje. Mas a gente é obrigado a aceitar, mesmo jogando de azul", afirmou Pepe em entrevista ao UOL Esporte.

Para o veterano José Macia, a mesma linha de raciocínio vale para a divisão de jogos entre a Vila Belmiro e o Pacaembu, em tema que inspira reações furiosas no debate entre santistas da Baixada e os da capital. Pepe diz entender que a questão financeira deve pesar a favor do estado paulistano.

"No nosso tempo a gente preferia jogar na Vila, era o reduto Santos. Os rivais já iam descendo a serra preocupados. Mas o tempo mudou muito, hoje pesam as finanças, e o público do Pacaembu sempre é maior. Consequentemente o Santos vai aumentando seus jogos na capital", declarou o ex-ponta, de férias em seu sítio na cidade de Socorro.

"SANTOS DEPENDE MAIS DE NEYMAR DO QUE DEPENDEU DE PELÉ"

O célebre camisa 11 da Vila Belmiro também celebra a chegada do argentino Montillo para a temporada, para tirar peso das costas do craque que hoje carrega o mesmo número. Pepe afirma esperar que o ingresso do ex-cruzeirense no time de Muricy Ramalho ajude a amenizar a pressão técnica sobre Neymar.

O ídolo santista ainda faz uma comparação histórica, dizendo que o famoso time dos anos 60 dependia menos de Pelé do que hoje em dia, na relação do coletivo com Neymar.

"Na nossa época tínhamos o Pelé. Era nosso principal jogador, o melhor do mundo.Mas a gente também tinha Dorval, Mengálvio, Coutinho e Pepe. Em 63, o Pelé não jogou a final com o Milan [o ídolo estava machucado na decisão do Intercontinental], mas mesmo assim a gente foi bi mundial. O Santos é hoje dependente do Neymar, talvez mais do que na nossa época. Mas o Montillo tem qualidade, pode dar tranquilidade ao Neymar, vai ser muito marcado também. Foi uma grande contratação", comentou Pepe.

Como jogador do Santos, Pepe ajudou o clube a ganhar dois títulos da Libertadores (1962 e 63), dois Intercontinentais (nos mesmos anos), seis taças nacionais (Taça Brasil de 1961 a 65, além do Roberto Gomes Pedrosa de 1968) e mais 11 troféus do Paulistão.