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Após drama fora de campo nas férias, Anselmo Ramon inicia ano como protagonista do clássico

Anselmo Ramon é cumprimentado pelos companheiros por gol na vitória do Cruzeiro - Denilton Dias/ VIPCOMM
Anselmo Ramon é cumprimentado pelos companheiros por gol na vitória do Cruzeiro Imagem: Denilton Dias/ VIPCOMM

Gabriel Duarte

Do UOL, em Belo Horizonte

05/02/2013 06h00

O atacante Anselmo Ramon passou por momentos difíceis durante as férias. Ele se envolveu em acidente de trânsito na Bahia, em que causou a morte de uma pessoa e ferimentos em outra, e vai responder por homicídio culposo e lesão corporal. No primeiro jogo do ano, em que o Cruzeiro venceu o Atlético-MG, por 2 a 1, no domingo, o atacante não demonstrou abatimento e foi protagonista ao participar dos dois gols da equipe celeste.

O desempenho do jogador, no clássico, foi elogiado pelo técnico Marcelo Oliveira. Anselmo Ramon movimentou-se pelos lados do campo e participou dos dois gols. No primeiro gol do novo Mineirão, chegou a comemorar, depois de dividir bola com o lateral Marcos Rocha, na grande área.

Mas, depois, o árbitro Cleisson Veloso confirmou o gol contra para o atleticano. Sem saber do fato, Anselmo Ramon fez uma espécie de desabafo. “É uma felicidade que não dá para explicar. Ter a oportunidade de estar na reinauguração do Mineirão e fazendo o primeiro gol. Sabia que Deus estava guardando algo para mim, depois do momento difícil que vivi”, disse o jogador.

Na segunda-feira, Anselmo Ramon disse não ter problema com o fato de o gol ter sido registrado contra. “Não tem problema, o importante é a vitória do Cruzeiro”, afirmou o atacante celeste, em entrevista à Rádio Itatiaia e refutou o rótulo de herói do clássico, mas revelou que foi bastante procurado ao longo do dia. “Herói não, porque todo o time foi herói, mas recebi bastante ligações me parabenizando e a todo o grupo”, comentou Anselmo Ramnon.

Anselmo Ramon rompe silêncio sobre acidente que matou uma pessoa: "não consigo tirar da cabeça"

  • O atacante Anselmo Ramon comentou, neste sábado, pela primeira vez o acidente em que se envolveu em 8 de dezembro passado, na Região Metropolitana de Salvador, quando o carro que dirigia atropelou dois ciclistas, causando a morte de um deles. O jogador reconheceu que ?não consegue tirar da beça? o atropelamento. ?Isso eu vou levar para o resto da minha vida. Não consigo tirar da cabeça. Vu trabalhar para tirar da cabeça, mas sei que não vou conseguir esquecer. Foi um acidente, uma fatalidade, algo que pode acontecer com qualquer pessoa. Mas agora é pensar em jogar e em 2013?, disse Anselmo Ramon, em entrevista coletiva, na Toca da Raposa II.

No segundo gol celeste, na etapa final do clássico, o jogador deu a assistência para o gol de Dagoberto, o que o fez se tornar um dos protagonistas do primeiro clássico no novo Mineirão, mostrando ter “superado” o acidente em 8 de dezembro.

Ele chegou a ser dúvida para o clássico, por causa de uma inflamação na tíbia direita. “Estava sentindo dores, não estava suportando treinar e fiquei uma semana parado. Não podia ficar fora do clássico, fiz tratamento intensivo até em casa e falei que as dores não iam me tirar do clássico”, comentou.

Logo no começo das férias de final de ano, Anselmo Ramon perdeu o controle do carro que dirigia, bateu em uma árvore e atropelou dois ciclistas na BA-099, nas imediações do município de Dias D’Ávila, na Região Metropolitana de Salvador.

Um dos atropelados morreu no acidente e outro foi levado ao hospital, assim como o jogador, que teve escoriações nos ombros, mas logo recebeu alta dos médicos.

Em depoimento à Polícia, em Camaçari, dias depois, o jogador revelou que tentou desviar de um cachorro e acabou saindo da estrada e batendo no poste, atropelando os dois homens, que voltavam de uma pescaria.

O delegado que liderou a investigação, João Uzzum, indiciou o atleta por homicídio culposo e lesão corporal. Segundo ele, o jogador dirigia sem cinto de segurança e não possui Carteira Nacional de Habilitação (CNH).

Na reapresentação, em janeiro, Anselmo Ramon chegou a evitar as entrevistas, mas logo depois resolveu falar. Porém, foi aconselhado por seu advogado a não comentar detalhes do acidente, nem do processo de investigação. Porém, admitiu que o fato vai marcá-lo por toda a vida.

“Não consigo tirar isso da minha cabeça. Vou trabalhar para esquecer isso o mais rápido possível, mas sei que não vou conseguir esquecer. Foi um acidente, uma fatalidade, algo que pode acontecer com qualquer pessoa. Então, agora é trabalhar e fazer bom ano em 2013”, afirmou o jogador.