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Belluzzo larga política do Palmeiras, critica contemporâneos e desabafa: "não fui bom presidente"

Belluzzo pediu aos conselheiros para apagarem seu e-mail da lista de discussões - Paula Almeida/UOL Esporte
Belluzzo pediu aos conselheiros para apagarem seu e-mail da lista de discussões Imagem: Paula Almeida/UOL Esporte

João Henrique Marques

Do UOL, em São Paulo

21/02/2013 06h01

Luiz Gonzaga Belluzzo renunciou à vida política no Palmeiras. Aos 70 anos, o ex-presidente não quer mais participar de reuniões, palpitar em projetos ou sugerir mudanças. A inciativa foi exposta em uma carta aberta aos conselheiros nesta semana, e é realizada com a intenção de que contemporâneos de clube sigam o mesmo caminho. O recado de rejuvenescimento político foi dado.

“Amo o Palmeiras, e agora serei mais torcedor do que nunca. A verdade é que quando você é dirigente acaba torcendo para você também, não apenas para o clube. Eu já fiz o que deveria fazer, e não quero atrapalhar. Saiba que que ex-presidente ajuda quando não atrapalha. Existem alguns que apenas acham que estão ajudando”, justificou Belluzzo em entrevista ao UOL Esporte.

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O recado de Belluzzo não é explícito. O ex-presidente, assim como Arnaldo Tirone, Afonso Della Monica, Mustafá Contursi e Carlos Facchina, tem o direito de ser membro vitalício do Conselho de Administração e Fiscalização (COF). No entanto, a escolha é por não exercer o cargo fiscalizador, e assim, aliviar a pressão sobre o atual presidente, Paulo Nobre.

Dentre os ex-presidentes, Mustafá foi o principal aliado de Nobre durante a campanha eleitoral. Belluzzo é desafeto do responsável por comandar o clube de 93 a 2004, mas evita direcionar as críticas.   

“Minha intenção é deixar essa administração com espaço para trabalhar. Não vou participar de reuniões, e se me pedirem darei conselhos privados. Muita gente deveria fazer isso, largar o osso para os mais jovens trabalharem. Não usar o clube para palanque de intenções”, destacou.

A vida politica de Belluzzo no Palmeiras teve o principal momento no biênio 2009/2010. Essa foi a época em que foi presidente do clube a contragosto, como diz o próprio. O período gera alguns arrependimentos em Belluzzo.

“Não fui um bom presidente do Palmeiras, e nunca nem quis esse cargo. Foi uma grande leva de conselheiros e o (Afonso) Della Monica que insistiram nisso. Só não ganhei nenhum título, e ainda vi uma conquista fácil escapar, que foi a do Brasileiro de 2009. Enfim, não acho que tenha feito uma gestão de agrado da torcida de futebol”, comentou Belluzzo. “Só que não cai para a Série B”, ponderou.

Belluzzo ainda remói contratações realizadas como presidente. Ele foi o responsável pelas voltas de Valdivia, Kleber e Felipão. A maneira como conduziu o futebol também é lamentada.

“Muitos sempre me chamaram de torcedor de arquibancada, e eles estavam certos. Veja que trazer Kleber, Valdivia são atitudes tomadas com a racionalidade do futebol, algo que entusiasma um torcedor. Cedi aos apelos, já que qualquer palmeirense queria isso. Eu não considero isso um erro, apesar de que me arrependo de contratações que não vou citar por questão ética”, disse Belluzzo.

“Acho que o meu principal erro foi não ter profissionalizado a diretoria de futebol. Ficou tudo na mão do (Gilberto) Cipullo, uma ótima pessoa apesar de falar coisas que não concordo. Só que era um diretor amador, e eu devia ter dado um caráter profissional ao futebol”, complementou.

Belluzzo pediu aos conselheiros para que seu e-mail fosse apagado da lista de discussões. O recado passado é de que estará ausente do clube, concentrado no cargo de professor de economia na Universidade Estadual de Campinas. O ex-presidente só quer saber de Palmeiras em dias de jogos do clube.

“Quem quiser me encontrar que vá na arquibancada. Sempre fui melhor torcedor do que político. E é desse jeito que vou seguir com o Palmeiras”, finalizou Belluzzo.

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