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Mentor de Dunga no Inter, Paixão diz que técnico está melhor agora do que na seleção

Paixão e Dunga trabalharam na seleção por quatro anos e agora repetem parceria - Jeremias Wernek/UOL
Paixão e Dunga trabalharam na seleção por quatro anos e agora repetem parceria Imagem: Jeremias Wernek/UOL

Jeremias Wernek

Do UOL, em Porto Alegre

21/02/2013 06h02

A relação entre Dunga e Paulo Paixão é maior e mais profunda do que se pensa. Técnico e preparador físico comungam de uma espécie de pacto de confiança total. Paixão voltou ao Internacional por um pedido do capitão do tetra. E após reencontrar o ex-volante, garante: Dunga está melhor do que antes para a função de treinador.

“Eu te diria com toda a sinceridade do mundo: o Dunga está melhor do que na seleção. Ele com ele mesmo, diante dos problemas naturais. Os problemas do futebol são praticamente os mesmos. Só muda o nome do clube, do jogador. E no Inter ele tem o dia a dia, tem mais tempo do que antes”, disse Paulo Paixão ao UOL Esporte.

Os elogios de Paulo Paixão para Dunga não são poucos. No vestiário, o preparador só chama o técnico pelo apelido de ‘capitão’. Uma forma de demonstrar respeito diante de terceiros. Uma sútil revelação da profunda sintonia da dupla.

“O capitão está comprovando que ele tem qualidade. Não é tempo que o treinador tem de carreira que o define. A idade não é nada. As pessoas falaram muito dele quando chegou na seleção, mas ele está comprovando tudo agora”, comentou Paixão.

Companheiros nos tempos de seleção brasileira, do pós-fracasso de 2006 até a Copa do Mundo da África do Sul, os dois afinaram a parceria rapidamente. Dunga jamais escancarou, mas sempre deixou no ar que tinha em Paulo Paixão um braço direito muito forte.

No Beira-Rio a parceria virou relação aos moldes daquelas de mentor e discípulo. Dunga, debutando na função de técnico de clube, buscou Paixão para ajudar nas lides do vestiário. Procurou alguém que também cobra, que também exige muito e que também gosta de organização metódica.

  • Alexandre Lops/AI Inter

    "Fiquei muito feliz pela lembrança do capitão, ele me chamou para trabalhar. Nós temos um bom entrosamento e isso ajuda", resume Paulo Paixão

“O entrosamento é fundamental e isso a gente tem mesmo. Essa coisa de só no olhar entender o que é melhor para o momento. Ele entende e eu entendo. Isso é fundamental em uma parceria”, citou o preparador físico.

Aos 61 anos, Paulo Paixão é mais que o responsável pelo fôlego do time do Inter em campo. É o conselheiro de Dunga. E deixou o Grêmio, em dezembro do ano passado, sabendo que teria a missão dupla.

“Às vezes eu tomo as decisões por saber a forma como ele pensa. Mudar algum horário ou coisas assim. Eu decido e depois comunico. Mentor? Pode até ser, mas o entrosamento é tão bom que também se cria uma situação em que ele jamais vai pensar que estou interferindo ou tirando espaço dele”, apontou Paulo Paixão.

"ELE FOI JUSTO E OBJETIVO", DIZ PAIXÃO SOBRE DUNGA NA SELEÇÃO

"Na seleção você se reúne, algumas vezes tem um mês para trabalhar, mas talvez ele tivesse deixado para agora mostrar mais ainda seu potencial. Faltou o tempo que se tem no clube para mostrar este potencial. Ele foi justo e objetivo para aquele momento da seleção. Tinha poucos dias para a maioria dos jogos, mas agora ele tem tempo. Faz ele mostrar mais coisas, é natural."
"O capitão tem essa relação com momento de cobrança, mas tem a hora em que senta para o chimarrão. Senta e conversa igual com todo mundo. Ele tem no perfil isso, algo que faz abrigar os jogadores em momento de dificuldade."
"Ele enxerga rápido, tem boa percepção mesmo. Tem gente que passa e não percebe, não repara. Talvez por ter sido capitão ele tem um outro olhar. Ele chega no lugar e enxerga a sujeira, digamos assim. Localiza o que não está completamente certo."
"Fizemos tudo certinho na seleção, não tinha como perder aquela Copa. Mas aí teve o segundo tempo [contra a Holanda, nas quartas de final], daquele jeito, e todo grupo sofreu. A gente sabia que ia ganhar a Copa, tinha feito tudo para isso. Tivemos um percalço."