Promessa brasileira do Real vira espanhol, mas ainda sonha com seleção
Começar nas categorias de base de um time pequeno ou médio e ser desejado por um grande clube nacional. Depois de contratado, jogar bem e entrar na mira de um gigante europeu e ter a chance de uma nova transferência. Esse é o caminho mais comum de jovens no Brasil que têm o sonho de atuar nos tops da Europa. Mas existem conhecidos “atalhos” para acelerar esse processo.
Natural da pequena cidade de Prata, em Minas Gerais, Jean Carlos Silva Rocha foi desses que pôde conseguir a grande chance pulando etapas. Mas para isso não faltou ousadia sua e da família. O jovem que completará 17 anos em maio é um dos destaques do time juvenil C do Real Madrid, que lidera o regional da categoria com 16 vitórias em 22 jogos. Ele é titular e já marcou dez gols na temporada.
Jean tentou jogar em times da região de Prata e até em Uberaba, um centro maior de Minas Gerais. Mas decidiu arriscar de verdade quando tinha apenas 11 anos. Resolveu tentar a vida na Espanha.
Sua mãe, Maria, separada do pai de Jean, tinha amigos espanhóis e não se intimidou ao perguntar se poderiam ficar um tempo por lá para que Jean e o irmão Jarbas tentassem a carreira em clubes da Espanha. Foram para Madri em 2007.
“Uma hora decidimos tentar algo fora do Brasil e minha mãe tinha amigos fora do país. Foi uma decisão minha, do meu irmão e da minha mãe. Ficamos na casa de uma família de amigos dela no começo, foi tudo difícil, estávamos com pouco dinheiro”, lembra Jean.
O garoto jogou na base de uma equipe amadora chamada Yanida. Foi observado pelo Tenerife, das Ilhas Canárias, e mudou de time. Até que em 2010 foi observado pelo Real e teve um convite para fazer um teste. “Penso que é o melhor time do mundo, torço pelo Real e um sonho virou realidade. Me chamaram para fazer testes e me receberam muito bem. Passei nos testes”, lembra, feliz.
“Não esperava naquela temporada ter essa chance, nem passava pela minha cabeça. Falei ´nossa cara, vamos dar tudo´”, continuou.
TIME SUB-17 DO REAL MADRID
Jean é o primeiro sentado da esquerda para a direita
Hoje, Jean vive em Madri com moradia e escola pagas pelo clube nove vezes campeão da Liga dos Campeões da Europa. Sua mãe trabalha na casa de uma senhora como ajudante e seu irmão, que não conseguiu emplacar na carreira de jogador, estuda educação física e trabalha como instrutor em uma academia.
Nesse período na Espanha, Jean obteve cidadania espanhola ao se naturalizar. Tanto é que o site do Real Madrid coloca sua nacionalidade como “hispano-brasileira”. Sua fala mostra, inclusive, um português mais para “portunhol” de tanto tempo vivendo no país europeu. Diz que optou pela naturalização para ter mais facilidades no continente sendo considerado um comunitário.
Isso faz com que ele possa ser convocado para defender a seleção espanhola e assim tomar o caminho que outro brasileiro nascido na base de clubes espanhóis fez: o meio-campista Thiago Alcântara, do Barcelona, filho do tetracampeão Mazinho.
Mas essa possibilidade não passa pela cabeça do jovem. Ele quer mesmo é a seleção brasileira e espera ser observado. Um torneio mundial da categoria, marcado para o fim de 2013 na Hungria e que contará com clubes brasileiros, é visto por Jean como a chance de ficar mais conhecido no país.
“Desde pequeno eu sonho jogar na seleção brasileira. É meu sonho, meu sonho. Nunca pensei que teria alguma outra possibilidade, nunca pensei nisso. Até pensei nesse Mundialito como uma chance. Como tem time brasileiro lá eu iria ter chance de alguém me conhecer. É o sonho que tenho desde pequeno”, falou.
VEJA LANCES DE JEAN CARLOS NO REAL MADRID
- Brasileiro usa a camisa número 16 e faz um gol e dá duas assistências
O jogador de 16 anos se apresenta e dá suas características. “Gosto muito de atacar, fazer gols. Mas adoro dar passes de gol. Trabalho pelo time para ajudar. Jogo mais na direita e tento fazer todas as funções táticas pedidas”, resumiu.
Questionado pelo UOL Esporte, o técnico das seleções de base da seleção brasileira, Alexandre Gallo, disse não conhecer o jogador e que procuraria informações. Gallo deixou recentemente o comando de times profissionais para iniciar trabalho com equipes de base.
No “lobby” para ter chance na seleção, vale destacar a característica de jogo europeu. Aplicação tática e toque de bola. “São dois estilos diferentes. No Brasil é mais habilidade, e aqui é mais toque. O toque é que eles tem pra ensinar pra gente aqui e estou aprendendo. Aqui temos mais estratégia. Aqui é mais tático”, finalizou.
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