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Times-empresa usam de hino com Stones a regalias para captar torcedores

Torcida do Red Bull Brasil marca presença na partida contra o Comercial pela série A-2 - Divulgação
Torcida do Red Bull Brasil marca presença na partida contra o Comercial pela série A-2 Imagem: Divulgação

Luis Augusto Simon

Do UOL, em São Paulo

21/03/2013 06h01

Parece "Satisfaction", dos Stones. Parece muito, até o início dos vocais, quando o “I can´t get no” dá espaço a “Quando o Audax entra em campo...”. Parece um mascote qualquer, mas quando o Toro Loko começa seu show antes dos jogos do Red Bull, as crianças ficam em êxtase, gritam muito e...

E começam a sentir uma simpatia por aquele time de futebol? Pode dar certo a longo prazo, mas, por enquanto, clubes-empresa ainda sonham – e só sonham – com uma torcida de futebol vibrante e que ajude o time a conseguir vitórias.

Na série A-2 do Paulistão, Red Bull e Audax – que tem boas chances de subir -  vivem a mais dura tarefa de sua curtas vidas, embaladas desde o nascimento por muita organização e bom gerenciamento. “Nossa última barreira é conseguir uma torcida. O hino faz parte de nossa estratégia, conta Thiago Scuro, formado em Esporte e com MBA em marketing e hoje dirigente do time.

O hino roqueiro? “Foi uma exigência nossa para nos aproximarmos da juventude. Contratamos uma empresa para fazer nosso hino. Eles mandaram uma marchinha. Então, a gente recusou e pediu em ritmo de rock, de música jovem. E eles refizeram com a maior boa-vontade”, diz Scuro.

Contratar uma empresa para fazer um hino é algo mesmo dos novos tempos, de clubes organizados. Não deu certo, porém, no dia 6 de março, quando o Audax, diante de sonolentos 102 pagantes, venceu o Santacruzense por 4 a 0 e passou a dividir, com a Portuguesa, a liderança do campeonato.

Média de público em casa das equipes do Campeonato Paulista da Série A-2

EquipePúblico
1º - Portuguesa1.612,43
2º - Comercial1.593,4
19º - Red Bull340,29
20º - Audax217,25

No sábado, dia 9, contra a própria Lusa, o Audax usou outra de suas armas para conseguir uma torcida para chamar de sua. O clube levou ao estádio do Nacional, onde manda seus jogos, quatro ônibus lotados com crianças matriculadas em escolinhas de futebol da Prefeitura. “Trazemos crianças para conhecer o Audax, podem ser nossos torcedores do futuro”, sonha Scuro.

A mesma tática é usada pelo Red Bull, clube criado há cinco anos. A posição do clube é de que a conquista de torcedores é um processo de longo prazo. Acreditam que somente com ídolos e títulos vai conquistar torcedores. Por enquanto, aposta na fidelização de jovens levados aos jogos do time.

TORCIDA DO AUDAX APOIA A EQUIPE EM PARTIDA DA SÉRIE A-2 DO PAULISTA

  • Divulgação

Os dois clubes-empresa usam algo que só eles poderiam fazer. Os funcionários do Grupo Pão de Açúcar, dono do Audax, podem ver todos os jogos do time, sem pagar. E o torcedor do Red Bull que quiser ver o jogo em um setor especial do campo paga R$ 30 em vez de R$ 20 e ganha ainda uma pipoca e uma bebida. Red Bull, é claro.

No intervalo dos jogos, a atração é o Toro Loko. A fantasia da mascote veio do Redbull de Salzburgo, na Áustria, sede da empresa. O nome foi escolhido através das redes sociais. O show dura seis minutos em que a mascote dança break, macarena e a indefectível "Gangnam Style", do coreano Psy.

Depois, vai para a galera. Ou melhor, para a arquibancada, tirar foto com as crianças que estão em campo.

TORO LOKO, MASCOTE DO RED BULL BRASIL, ANIMA PARTIDA DA EQUIPE

O Audax, que tem um centro de treinamento de 51.000 metros quadrados e Danilo Mariotto, convocado para a seleção sub-20, e o Red Bull, dono de um alojamento para mais de 100 atletas e que disputou a semifinal do Paulista sub-20, apostam também nas redes sociais para aumentar a sua torcida.

O Red Bull está melhor. Tem 11.090 seguidores no Facebook e 7.670 no Twitter. O Audax tem 6.872 no Facebook e 3.551 no Twitter.

Os resultados são frágeis. A luta é dura. Por mais que façam, nunca serão times de massa. Melhor se contentar com o sonho de Tiago Scuro “Gostaríamos de ser o segundo time no coração de cada torcedor”.

Aí, a briga é com Juventus e Portuguesa. E os próximos anos dirão se a organização e o marketing foram suficientes para superar times tradicionais, presos em administrações personalistas e desatualizadas.