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Conselheiro acusa salário de Laor para presidir o Santos, mas contas são aprovadas

Reunião que aprovou as contas do Santos de 2012 é "recheada" de polêmicas - Daniel Marenco/Folhapress
Reunião que aprovou as contas do Santos de 2012 é "recheada" de polêmicas Imagem: Daniel Marenco/Folhapress

Samir Carvalho

Do UOL, em Santos (SP)

26/03/2013 06h00

O Conselho Deliberativo do Santos aprovou na noite da última segunda-feira as contas do clube de 2012. Apesar da aprovação por maioria de votos, a reunião foi marcada por polêmicas. Uma delas foi a acusação dos conselheiros sobre falta de democracia do presidente do Conselho, Paulo Schiff e, principalmente, a revelação de um dos conselheiros de que o presidente Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro recebe salários para comandar o clube.

A revelação foi realizada em plenário. José Rubens Marinho, ex-dirigente do Santos, e um dos conselheiros mais respeitados do clube, pediu a palavra e desabafou em relação ao mandatário santista. Marino lembrou que esteve presente na reunião em que Walter Schalka, um dos lideres do Comitê Gestor do Santos nos últimos anos, confirmou a informação sobre o salário do presidente.

"Aprendi a não admirar mais os atos do presidente, pois todo aquele que recebe pelos seus atos precisa ser um bom profissional. E isso me foi confirmado em uma reunião no Smart (local da reunião) em que o doutor Walter Schalka afirmou o que eu disse, que ele (Luis Álvaro Ribeiro) tinha a obrigação de realizar um bom trabalho, pois nenhum outro presidente do Santos havia exigido remuneração. Não queria tocar nesse assunto, faz tempo essa reunião, mas não sou mais favorável. Não votei em um presidente profissional, votei por um sócio para a presidência", afirmou José Rubens Marino.

Após a reunião, Marino ressaltou que os vencimentos do presidente podem ser pagos pela Resgate, chapa política que comandou as eleições de Luis Alvaro. Pelo estatuto do clube, o presidente do Santos não pode ser remunerado.

Rubão, como é conhecido o conselheiro, ficou irritado com a postura da maioria dos integrantes do Conselho, que deixaram a reunião antes do final, logo após a aprovação das contas a favor do Comitê Gestor. Rubens Marino, inclusive, sugeriu que a mesa do Conselho começasse a computar “faltas” para os conselheiros que costumam não ficar até o término da reunião. “A presença é confirmada na saída, não na entrada”, declarou.

A assessoria de imprensa do Santos prefere não polemizar com o conselheiro, porém, enfatiza que o presidente não recebe salários do clube.

Acusação de falta de democracia e contrato de Neymar polemizam reunião

A reclamação sobre falta de democracia foi comandada pelo conselheiro Leandro da Silva. O advogado questionou a falta de esclarecimentos e disse que os conselheiros “faltaram à aula de democracia” por serem coniventes com o presidente do Conselho, que abria votação para permitir algumas perguntas sobre a explanação do assunto em pauta. O pedido de perguntas era votado e rejeitado por escolha da maioria dos conselheiros. Além disso, Leandro da Silva expôs o motivo por votar favorável a reprovação das contas.

"As despesas administrativas não podem ser comparadas com 2009, como na explicação, precisam ser sempre de 2011 para 2012. Outra coisa é que as vendas dos jogadores André e Wesley se transformaram em despesas judiciais, isso não foi citado. A venda do Ibson também consta como venda quando todos sabem que o que houve foi uma permuta, não existiu receita no caso. Esse balanço até seria bom se fosse efetivamente verdadeiro, mas para confiar precisaríamos de mais esclarecimentos. Voto pela rejeição".

Outra polêmica da reunião foi o contrato do Santos com o atacante Neymar. Os conselheiros estavam inquietos com a informação do jornal Sport, da Catalunha, de que o clube tenha firmado um contrato com o Barcelona, da Espanha, dando preferência aos espanhois na contratação do craque. Por conta disso, o Comitê Gestor foi indagado sobre a receita do Santos com o jogador.  

"Onde vejo nas receitas quanto o Santos conseguiu com os 10% (de exploração de imagem), que antes eram 30%, do Neymar? Nos foi passado que o Santos ia arrecadar muito nesses três anos com o jogador, que poderíamos 'dar o passe' para ele porque já teria pago o clube. Mas onde está essa receita? Na reunião informal da última quarta questionei isso e me informaram que os ganhos já são descontados dos salários dele. Está errado. Precisa aparecer a receita do Santos com o Neymar. Como não obtive resposta pela única pergunta que fiz, opto pela rejeição", questionou Dagoberto Oliva, que poderá ter acesso aos vencimentos de Neymar, mas terá que assinar um "termo de confidenciabilidade”.

Santos nega contrato firmado com Barça e Neymar: "não recebemos um tostão"

  • Divulgação/Mowa Sports

    A diretoria do Santos desmente que o clube tenha firmado um contrato com o Barcelona, da Espanha, dando preferência ao clube catalão na contratação do atacante Neymar. A informação é do jornal Sport, da Catalunha, que diz ainda que o acordo não infringe nenhuma lei da Fifa, apesar de supostamente existir desde 2011 e enquanto o jogador continua no Santos. O Comitê Gestor também nega que o Santos tenha recebido 10 milhões (cerca de R$ 26 milhões) adiantados pela preferência ao Barça na saída de Neymar para a Europa, com cláusula de indenização de 80 milhões (R$ 208 milhões) caso a mesma não fosse cumprida.