Carleto critica comentaristas boleiros e celebra nova fase: "tinha 3 carros e nem sabia por quê"
Thiago Carleto procura mostrar que é um jovem de personalidade. Com 24 anos, o lateral esquerdo do São Paulo diz saber o que quer e aparenta não ter problemas em falar o que pensa. É o que ocorre, por exemplo, quando opina sobre "comentaristas boleiros". O são-paulino diz odiar que ex-jogadores façam críticas sobre a vida pessoal de atletas. Ele poupa apenas Caio Ribeiro, da TV Globo.
Não são só os comentaristas, no entanto, que merecem críticas. Ele faz de si mesmo um alvo. Admite que deixou a fama subir à cabeça e que não soube controlar seu psicológico e economias. "Tinha três carros e era só eu e minha mulher", resume ele, que tem João Pedro como filho, garoto de dois anos que pode ser considerado seu xodó.
Em entrevista ao UOL Esporte, Carleto ainda falou sobre a turbulência que o grupo passou durante a fase de grupos da Libertadores e explicou como faz para conciliar a vida social com a de jogador. Com passagens por Santos, Valencia, Elche, Olimpia-PAR, América-MG e Fluminense, ele deve ser titular no domingo contra o Penapolense pelas quartas de final do Paulistão. Leia a entrevista completa no UOL Esporte:
UOL Esporte: Esquecendo um pouco o campo, o que o Thiago Carleto gosta de fazer enquanto não está jogando bola?
Thiago Carleto: Depois que eu e minha esposa tivemos o filho (João Pedro, de dois anos), ficamos horas no parque de shopping brincando com ele. Gosto de estar presente em tudo o que ele faz. Quando eu tenho dia de folga, vou pra Santos, fico em casa e na praia. Eu gosto muito de ficar com filho, mulher e ir para parque de diversão. Aqui (em São Paulo), eu conheço todos os parques. Sou caseiro, não sou de sair para a noite e de balada. Eu também gosto de ficar perto dos meus pais, mesmo eles sendo separados.
TV BANDEIRANTES: Carleto autografa camisa do São Paulo com "chupa, Neto"
UOL Esporte: Você acompanha o que falam de você e do São Paulo na imprensa?
Thiago Carleto: Eu gosto, sou o tipo de cara que gosta. Às vezes, a crítica se torna um incentivo. As críticas, para mim, são um incentivo. Eu sou um dos que mais fui criticado, porque não dei conta do recado quando cheguei na primeira vez. Eu sou um cara que gosta de ver a nota no dia seguinte. E também sei que, no mesmo dia que tenho o privilégio de ver nota alta, quando vejo a nota ruim, também tenho de ver que preciso melhorar. Eu gosto de ver e acompanhar, tanto no momento bom e ruim.
UOL Esporte: E você acha que a imprensa é injusta com vocês? Vi nesta semana você até levando a camisa “Chupa Neto”.
Thiago Carleto: Nós, jogadores, dependemos muito da imprensa. Ninguém sai na rua e vai falar com você porque te viu na rua ou te conheceu pessoalmente no estádio. A pessoa não vai todo dia no estádio, isso é mentira. Ela conversa com você porque sabe que você é da televisão, você é pessoa pública e te coloca lá em cima. Mas o que eu fico chateado é de ver pessoas que jogaram bola, passaram por tudo o que vivemos, em um momento pior, e ver essa pessoa falar mal, entrando na vida particular de jogador. Estou dizendo isso para jogadores de São Paulo, Palmeiras, Corinthians, Santos, todos... Isso chateia. A imprensa não é má, mas essas coisas que chateiam. Não sei se posso dar um exemplo aqui, posso?
UOL Esporte: Pode, claro.
Thiago Carleto: O Caio Ribeiro, por exemplo, é excelente. Ele jogou, ele podia falar muito mais, mas se coloca no lugar dele, então para mim isso é um jornalista, é coerente. Agora tem um que entra na vida pessoal da pessoal... Pô, pera aí, respeita a pessoa, respeita o profissional.
UOL Esporte: Quem é que tanto te incomoda? Você quer citar o nome também?
Thiago Carleto: Não vou citar nomes. Gosto de falar só de coisas boas. Não gosto de polêmica. Dependo muito da imprensa e não vem ao caso citar nome, mesmo porque é só uma opinião. As pessoas falam porque têm opinião, é uma coisa que precisa relevar às vezes. Eu acompanho muito, vejo o Caio falando, gosto de ver e ele fala bastante de São Paulo e sabe ser pontual, sem precisar ir na ferida. Ele vai direto ao ponto, vendo o que acontece. E que você saiba que eu nem conheço o Caio, mas digo isso pela visão coerente dele de futebol.
UOL Esporte: Você disse muito nesta sua passagem pelo São Paulo que é um novo Carleto. O que mudou?
Thiago Carleto: Simplesmente, eu era desinteressado. Eu não entendia a grandeza do São Paulo, do Valencia e do Santos. Eu estava passando por um momento que tinha tudo e não tinha nada. As pessoas batiam nas minha costas e sempre disseram: “Olha o Carleto aí, ele faz churrasco todo dia!”. Eu estava totalmente sem foco. Se eu tivesse só a vontade que eu tenho hoje naquela época... Eu deixei dois anos da minha vida passar e não aproveitei. Lá na frente pode fazer falta, mesmo eu sendo novo. Em 2010, o São Paulo me deu todo o suporte e eu não aproveitei, não tinha foco. Hoje, posso dizer que 90% de um jogador ir bem é o foco, de saber treinar e escutar as pessoas que tem coisa para falar.
UOL Esporte: Mas o que você fazia naquela época que não faz agora?
Thiago Carleto: Na época eu pensava em churrasco, em ir no shopping fazer compra e nada de útil. Eu estava desestabilizado mentalmente desde da hora que vim da Espanha. Entrava aqui (no CT da Barra Funda) já pensando no que eu ia fazer fora. Eu cheguei a ter três carros e era só eu e minha mulher. Tinha três carros e nem sei por quê. Para que isso? Eu perdi a noção das coisas. Você precisa parar, pensar, pensar e pensar e entender que o futebol é que te deu tudo.
UOL Esporte: Faltou alguém para te dizer que você precisa mudar?
Thiago Carleto: Faltou orientação, mas eu , sempre que alguém vinha falar comigo, blindava. Eu falava que só não jogava porque o técnico não queria e não é assim. Se você tem foco, as pessoas vão olhar e vão falar que você está trabalhando. Quero ver o que estou fazendo de errado e não quero ver meu filho passar por isso. Agora tenho uma baita oportunidade de treinar, manter a titularidade e chegar à seleção.
UOL Esporte: Você, então, concorda com o Juvenal [Juvêncio, presidente do São Paulo]. Às vezes jogadores pensam mais com pés do que com a cabeça.
Thiago Carleto: É isso! Eu preciso do pé, claro, mas sei dividir as coisas agora. Penso bastante antes de fazer qualquer coisa.
JUAREZ SOARES ATACA EX-BOLEIROS "MALANDROS"
Com estilo crítico e popularmente conhecido como “bocudo”, o ex-narrador e comentarista Juarez Soares marcou época na TV nas décadas de 80 e 90. Juarez ataca os ex-jogadores que viraram comentaristas. Reclama que eles fazem o jogo das emissoras com uma postura profissional cômoda de atender os direitos comerciais e não fazerem críticas.
UOL Esporte: Depois da sua passagem pela Espanha, você ainda quer jogar na Europa?
Thiago Carleto: Quero. Isso é objetivo de todo jogador. Mas se isso não acontecer, que eu fique aqui até o fim da carreira. O São Paulo tem uma estrutura invejável. Se amanhã ou depois surgir uma proposta, minha família quiser e Deus mostrar o caminho nós vamos. Mas se eu estiver aqui e quiserem renovar até os 30 anos de idade eu fico aqui.
UOL Esporte: Como foi a turbulência dentro do elenco? Você chegou a pensar que era trabalho perdido?
Thiago Carleto: O momento a gente sabia que não era bom, estava difícil. Mas as coisas que a imprensa coloca, que a gente vê, que nos deixa para baixo. Isso estava chateando. E aí ainda tiveram algumas atitudes, como a do Lúcio indo para o ônibus, o Ganso e o Fabrício saírem reclamando, tudo virando uma bola de neve. Por isso digo que o Ney [Franco, técnico do São Paulo] foi sensacional. Ele manteve o pulso firme e disse que deveria continuar tudo do mesmo jeito. Ele deixou claro que quem manda é ele. As coisas foram encaixando e a cereja no bolo foi a vitória contra o Atlético-MG. O Ney soube montar o quebra-cabeça.
UOL Esporte: Por fim, você consegue conciliar sua vida com o jogador? Dá para, por exemplo, beber uma cervejinha na folga?
Thiago Carleto: Dá para conciliar. Eu acho que dá. É saber que o jogador de futebol precisa se cuidar, mas isso não impede dele sair, tomar a cerveja. Ele sabe que não pode ficar em qualquer lugar, porque tem são-paulino em cada esquina. O jogador tem de mudar, não pode ir em qualquer lugar, depende da fase. Antes do jogo contra o Atlético-MG, eu não saia e nem bebia, pelo profissionalismo.
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