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Juninho diz fugir do amadorismo como gestor e vê emoção "muito pior"

Juninho Paulista, pentacampeão em 2002 e agora presidente do Ituano - Schincariol, Migue/Folha Imagem
Juninho Paulista, pentacampeão em 2002 e agora presidente do Ituano Imagem: Schincariol, Migue/Folha Imagem

José Ricardo Leite

Do UOL, em São Paulo

25/04/2013 06h00

Depois de uma experiência de 17 anos como jogador profissional, o ex-meia Juninho Paulista escolheu continuar no futebol como gestor do clube no qual começou e encerrou a carreira, o Ituano. Está desde 2010 no clube do interior, que escapou do rebaixamento à Série A2 do Paulista nos minutos finais do jogo contra o Palmeiras, na vitória por 2 a 1, no último domingo.

Desde que Juninho assumiu a presidência e passou a se dedicar de maneira exclusiva à função (em 2010 foi jogador e presidente), o time se manteve estável na Série A. Somente neste ano passou pelo susto da queda. O pentacampeão viveu momentos de tensão na arquibancada e diz que as emoções como cartola são piores do que dos tempos de atleta.

"É uma emoção muito diferente. É muito pior. Quando você está em campo se esforçando, alguma coisa ali depende de você. Quando você não pode fazer nada em campo, fica apreensivo e preocupado. Estou passando por essas experiências. São dois anos e eu passo por essas emoções”, falou.

Apesar do time ter se safado da segunda divisão, Juninho demonstrou decepção com a campanha. Esperava mais pelo investimento feito e pela qualidade do elenco. “Este ano fiquei um pouco mais chateado porque de tudo que vinha buscando e aprendendo, acho que fiz o melhor.  O planejamento eu comecei em setembro do ano passado. E podemos perceber que individualmente o time tem bons jogadores. Fiquei chateado e apreensivo porque a expectativa era outra. Pelo orçamento e folha de pagamento caros, esperava tentar uma classificação.”

Juninho afirma que a opção por um projeto com uma equipe pequena em detrimento a tentar carreira como treinador ou dirigente de clube grande foi por duas razões: pela afinidade com o Ituano e para fugir da mesmice que vinha tendo na carreira de jogador e que não queria mais vivenciar.

  • Juca Varella / Folha Imagem

    Juninho comemora gol com Roberto Carlos na Copa de 2002

“Primeiro, foi pelo vínculo que tenho com o Ituano. Pela oportunidade que surgiu quando estava me aposentando. Estava saturado de concentrações e viagens. Isso estava me saturando um pouco. E como treinador ou dirigente de grande clube, eu iria ter a mesma rotina sem ter o prazer de estar jogando. Nunca tive vontade de ser treinador ou dirigente de clube grande porque vivenciaria a mesma rotina dos tempos de jogador. E [escolhi o Ituano] também pela autonomia de implantar o meu pensamento. Se eu pegasse um clube grande, seria difícil comandar como eu gostaria”, explicou.

Juninho explica como é comandar da maneira que gosta. Ele afirma que usa a experiência vista como jogador para fazer um trabalho sem amadorismo visto em muitos grandes clubes. Uma das lições é jamais dever para os atletas. Diz que seu time nunca atrasou salários.

“Existe muito amadorismo, como pressão externa de dirigentes que cobram sem nem saber o que está acontecendo. Tem que ter um bom palavreado com jogadores, saber a hora de pressionar e a de dar apoio. Tem que oferecer para os jogadores as melhores condições pra poder cobrá-los. E nunca ficar devendo. Tem que saber analisar se cada um está dando o melhor, se [jogadores e técnico] estão fazendo um trabalho em prol do clube e não só pra eles”, falou.

“Todos esses detalhezinhos muitos dirigentes não acompanham nos clubes grandes. Aí o resultado negativo vem e fazem cobranças sem fundamento. Trocam de trabalho a cada quatro ou cinco meses sem estar acompanhando. Eu nunca devi salário. Pelo contrário”, continuou.

O agora dirigente afirmou que tem planos de fortalecer seu time no cenário nacional. Coordena junto com a Prefeitura de Itu um projeto de construção de um CT com mais três campos, alojamento e infraestrutura para recuperação de atletas. “Quero executar meu objetivo aqui, que  é deixar o clube bem estruturado e sólido no cenário nacional.”