Topo

Andrade escapa da morte e vive de poupança após um ano desempregado

Andrade conversa com Jorginho em recente visita ao CT Ninho do Urubu - Alexandre Vidal/Divulgação/Agência FotoBR
Andrade conversa com Jorginho em recente visita ao CT Ninho do Urubu Imagem: Alexandre Vidal/Divulgação/Agência FotoBR

Luiz Paulo Montes*

Do UOL, em São Paulo

30/04/2013 06h00

Campeão brasileiro em 2009 pelo Flamengo, Andrade pode dizer que renasceu após um grande susto. O treinador, de 56 anos, escapou da morte após passar por diversos problemas de saúde entre dezembro do ano passado e o último mês de março. Em três meses, teve embolia pulmonar, trombose, viu um rim parar e o fígado também. Tudo isso causado por uma infecção.

No dia 19 de dezembro, Andrade passou por uma artroscopia no joelho esquerdo. Cinco dias depois, entrou na piscina de seu apartamento para tentar acelerar o processo de recuperação, com fisioterapia. O problema é que o cloro impediu a cicatrização e causou uma infecção no corte. Com febre de 42 graus, foi internado no Rio de Janeiro. Ali, começavam os problemas.

Durante 15 dias, ficou internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Uma embolia pulmonar, a mais grave das dificuldades no período, quase o levou à morte. Recuperou-se, mas passou a conviver com uma trombose na perna esquerda. Em determinado momento, ouviu do médico que existia até a possibilidade de ter de amputar o membro.

"Foram os momentos mais difíceis da minha vida, sem dúvida. Eu corri sérios riscos de morrer, depois de perder a perna. Ainda um rim parou, o fígado parou... Era uma coisa atrás da outra. Muita coisa passou pela minha cabeça, na verdade. O medo de acontecer qualquer coisa, de uma infecção generalizada.. Foi difícil, mas agora o pior já passou. Só preciso recuperar meu joelho, que ficou de lado com todos esses problemas", afirmou o treinador, ao UOL Esporte.

Na reta final de sua recuperação, Andrade acredita que em 20 dias estará pronto para aceitar algum convite de trabalho. Desempregado desde o fim do Campeonato Carioca do ano passado, quando dirigiu o Boavista, ele recebeu três propostas durante o período conturbado, de equipes de menor expressão, mas não pode aceitá-los. 

A preocupação, agora, começou a bater, pois atualmente ele tem se sustentado com o dinheiro de uma poupança que mantém desde o fim da década de 80, quando atuou na Roma, da Itália. "Eu guardei umas economias, de quando joguei na Itália ainda. Eu tinha essa poupança guardada, e hoje é isso que está me ajudando, pois não estou trabalhando. Eu preciso voltar a trabalhar logo, essa preocupação (de ficar sem dinheiro) existe. É aquele negócio, só está saindo o dinheiro, entrando não. E tenho toda uma família por trás...", declarou.

Para piorar, o Flamengo, clube pelo qual ele foi 'revelado' como treinador e conquistou o título nacional em 2009, ainda o deve uma boa quantia - o UOL Esporte apurou que o valor gira em torno de R$ 500 mil - um mês de salário, premiação pela conquista, além de direitos trabalhistas por ele ter sido mandado embora. Tudo isso, dívida da gestão anterior, liderada pela presidente Patrícia Amorim. Neste período, aliás, Andrade ficou dois anos sem ir à Gávea, por má relação com os dirigentes.

"Eu não tinha ambiente para frequentar a Gávea, não me sentia bem. Por isso, evitava passar lá, pois ia ficar deprimido. Ficaram alguns valores em abertos, eles tentaram um acordo, mas que só era bom para eles, e não para mim. Esperei um ano, e no ano passado tomei uma atitude. Não entrei com ação, processo, nem nada disso. Mas fizemos um acordo em juízo e agora estou esperando. A nova gestão já se mostrou disposta a me pagar", completou o comandante, que no mês passado voltou a frequentar o clube, onde, inclusive, realiza sua fisioterapia.

*Colaborou: Pedro Ivo Almeida, do Rio de Janeiro