Topo

Gabriel vira página sobre rusga com Luxa e vira 'fominha' no Internacional

Antes encostado no Olímpico, Gabriel é um dos que mais atuou no Inter: 21 jogos no ano - Vinicius Costa/Preview.com
Antes encostado no Olímpico, Gabriel é um dos que mais atuou no Inter: 21 jogos no ano Imagem: Vinicius Costa/Preview.com

Jeremias Wernek

Do UOL, em Porto Alegre

25/05/2013 06h02

O lateral direito Gabriel deu uma guinada na carreira em menos de seis meses. De jogador encostado no Grêmio, passou a titular do Internacional. De escanteado por Vanderlei Luxemburgo, ele virou um dos que mais atua no time de Dunga, o chamado 'fominha'. Em alta no Colorado, o camisa 2 garante que a saída do antigo clube já foi superada e nem lhe traz mágoa.

Em entrevista ao UOL Esporte, o lateral assegura que ‘virou a página’ e relata os detalhes de sua mutação do azul para o vermelho. Uma mudança que ocorreu em menos de 24 horas e teve influência direta do preparador físico Paulo Paixão.

“Eu semprei falei com o Paixão, somos amigos além do futebol. Falei para ele que estava certo no Grêmio [tinha rescindido o contrato], ele me disse que ia falar com o Chumbinho [Newton Drummond, diretor executivo do Inter]. Falei no mesmo dia que rescindi com o Grêmio, horas depois. No dia seguinte eu fechei”, disse Gabriel.

LEIA MAIS NOTÍCIAS SOBRE O INTERNACIONAL NO UOL ESPORTE

O Internacional vai atuar contra o Vitória sem seu goleiro titular e com Kleber na lateral esquerda. O clube gaúcho recebeu um ofício da CBF, mas entendeu que é melhor tomar uma atitude preventida e não escalar Muriel e Fabrício, que possuem expulsões recentes em torneios nacionais, na partida deste sábado em Salvador. LEIA
O Internacional não terá seu principal atacante, mas está preparado para a largada do Campeonato Brasileiro. A garantia é de Dunga, que chega a admitir uma ansiedade no Colorado, mas cita o bom desempenho no Gauchão como base para o otimismo em uma arrancada positiva. LEIA
A seleção uruguaia anunciou, nesta sexta-feira, a pré-lista de jogadores convocados para a Copa das Confederações. E o nome de Diego Forlán foi confirmado entre os escolhidos pelo técnico Óscar Tábarez. Com a chamada, o atacante desfalcará o Internacional em dois jogos do Campeonato Brasileiro antes do recesso para disputa do torneio de seleções. LEIA

A troca do Olímpico pelo Beira-Rio veio acompanhada de incentivo dos antigos colegas de Grêmio. E, nas palavras de Gabriel, indiferença com a postura de Vanderlei Luxemburgo.

“Foi uma opção do Vanderlei, não tenho o que questionar sobre opção dele. Acontece. Quando se é treinador tem opção de colocar o jogador ou não. Aceito normalmente. O que achei incorreto foi ter ficado seis meses sem jogar, com história e sendo caro para o clube. Mas não tenho sentimento nenhum. A vida segue”, garantiu. Confira abaixo a entrevista de Gabriel ao UOL Esporte.

UOL Esporte: Qual o segredo para, em seis meses, ir de jogador encostado a um dos que mais atua no Inter de Dunga?

Gabriel: Segredo nada mais é do que trabalho e oportunidade. Eu continuo sendo o mesmo jogador que estava lá, como opção e sem ser aproveitado, mas trabalhando o tempo todo com o pensamento de voltar a jogar o meu futebol.

UOL Esporte: Você já conseguiu encontrar, pontualmente, um motivo para a perda de espaço no Grêmio?

Gabriel: Não. Não encontrei nenhum motivo e não fui notificado em momento algum. Aconteceu comigo, mas vejo que são coisas pessoais. Não aconteceram só comigo e acho que por isso não encontrei explicação para o que aconteceu. No fundo, foi até bom ter ocorrido. Se não tivesse isso, não teria a oportunidade de estar no Inter.

A rescisão foi anunciada e logo depois você fechou com o Inter. Antes de assinar a rescisão com o Grêmio você já tinha acertado com o Inter?

Não, não tinha fechado com o Inter. Eu sempre falei com o Paixão, conversamos até antes da virada do ano e desejar feliz Ano Novo. Surgiu um comentário entre nós, por ele ter ido para o Inter. Ele comentou que iam reformular o time e quando voltei, falei sobre a rescisão, falei com o Paixão e ele comentou do interesse do Inter. E depois da rescisão foi inevitável.

  • Wesley Santos/Press Digital

    Gabriel, 31 anos, rescindiu com o Grêmio e acertou com o Internacional horas depois

Foi tudo muito rápido, mas você se lembra quantas horas depois houve o acerto?

Eu estava esperando, a recisão demorou mais de um dia e saiu no fim da tarde. Eu estava com pressa, os times estavam em pré-temproada e eu treinando sozinho. Busquei a instrução de amigos, até do próprio Paixão, para ficar em forma. Mas estava com pressa por que todos estavam um passo na minha frente.

Quando saiu a rescisão você ligou para o Paixão?

Falei para ele que estava certo no Grêmio, ele me disse que ia falar com o Chumbinho. Falei no mesmo dia que rescindi com o Grêmio. No dia seguinte eu fechei e subi para Gramado.

UOL Esporte: A torcida do Grêmio, até em um reflexo pelo final da sua passagem e pela sua saída, começou a chamar você de ‘jogador de seis meses’ – em referência ao seu muito bom início no Grêmio. Você está quase fechando seis meses no Inter. Como você recebe este rótulo?

Gabriel: Vamos dizer, então, que são 10 anos e seis meses. Minha carreira não começou agora. Fui o melhor lateral de um Brasileirão, fui craque do Campeonato Carioca, fui para seleção, fui para Grécia, fui para Espanha. Não foi nada de graça. Não foram por seis meses ou um ano. Esse rótulo caiu por terra, quem acompanhou minha carreira sabe disso. A vida é assim, feita de desafios. A gente vive bons e maus momentos.

Você ainda mantém contato com alguém que trabalhou com você no Grêmio?

Claro que sim, até por ter amigos de 10 anos. Kleber e Marco Antônio jogaram comigo no São Paulo. Fora de campo você roda o mundo e faz amizades. Jogamos em equipes rivais agora, mas sem dúvida fora de campo se passa férias junto e claro que mantenho contato.

E eles comentam algo de você ter trocado o Grêmio pelo Inter?

Não comentam, mas muitos concordam. Eles viram o que eu passei e dizem que fiz a coisa certa, que se fosse com eles seria igual. Isso me deixa feliz, me deixa com a certeza de que fiz a coisa certa.

UOL Esporte: Hoje, se você assiste a um jogo do Grêmio, qual sentimento você tem em relação a quem está lá?

Gabriel: Dificilmente eu assisto, mas sentimento nenhum. O que ficou para trás, ficou. Torço para os amigos não se machucarem e o resto...

E ao Vanderlei, só para diferenciarmos a instituição Grêmio e os jogadores. Você sente algo, tem alguma mágoa?

Foi uma opção do Vanderlei, não tenho o que questionar sobre opção dele. Acontece. Quando se é treinador tem opção de colocar o jogador ou não. Aceito normalmente. O que achei incorreto foi ter ficado seis meses sem jogar, com história e sendo caro para o clube. Mas não tenho sentimento nenhum. A vida segue.

E quando o Grêmio foi eliminado da Libertadores você não ficou, de alguma forma, satisfeito?

Eu não tenho muito o que pensar. Mas se tem alguém que não dorme é Deus e ele, sem dúvida, faz as coisas como tem que ser.

Se você tivesse que sintetizar sua passagem pelo Inter, até agora, para simbolizar seu momento qual seria?

O título do Gauchão. Foi muito importante, fiquei na história do clube. E isso é o que fica, na verdade. Eu tive a felicidade, de junto com este grupo, começar uma história muito legal.

UOL Esporte: Quem você acha que é o favorito para ganhar o Brasileirão?

Gabriel: Espero que a gente. O Inter entra sempre para buscar o título, mas claro que tem outros grandes disputando. No Brasileirão acontece muita coisa e não dá para chutar muita coisa. Tem o Atlético-MG, o Corinthians. Os que foram campeões estaduais entram bem. Ainda tem o Fluminense, campeão no ano passado.

  • Alexandre Lops/AI Internacional

    Lateral direito faturou o Gauchão e foi um dos destaques do time dirigido por Dunga