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Angelim se defende em drible de Neymar e vê 'algoz' bem marcado na Europa

Vítima de Neymar, Angelim está na história do Fla pelo gol do título brasileiro de 2009 - Buda Mendes/UOL
Vítima de Neymar, Angelim está na história do Fla pelo gol do título brasileiro de 2009 Imagem: Buda Mendes/UOL

Rodrigo Paradella

Do UOL, no Rio de Janeiro

14/06/2013 06h00

Lembrado pelos torcedores do Flamengo como autor do gol do título do Campeonato Brasileiro de 2009, o zagueiro Ronaldo Angelim teve outro lance marcante em sua carreira: o gol de Neymar eleito o mais bonito de 2011 pela Fifa. Quase dois anos depois do lance, ocorrido em julho daquela temporada, o defensor diz lidar bem com a recordação e que fez o melhor possível.

“Vejo esse lance direto, até porque está sempre na televisão. Não tenho problema com ele. Na minha opinião, fiz a jogada certa. Se eu fizesse a falta, era expulso e ficaríamos com um a menos. E a gente acabou ganhando depois. Vendo ainda agora, acho que acertei por isso”, argumentou Angelim ao UOL Esporte. Na ocasião, o Flamengo derrotou o Santos por 5 a 4, de virada.

Aposentado há pouco mais de 20 dias, o ex-zagueiro do Flamengo disse que os adversários já encontraram uma forma de parar Neymar. Para ele, o segredo é não dar tanto espaço para o agora astro do Barcelona. Por isso, prevê grandes dificuldades para o jogador na Europa e na seleção brasileira.

“Naquele lance era só fazer a falta. Com não sou violento, saí da frente. Mas a forma de marcar o Neymar já encontraram: é jogar com duas linhas de quatro, como joga a maioria dos times europeus. Ele gosta de jogar com espaço. Vai ter dificuldade de jogar na Europa, talvez nem tanto no Barcelona porque é um grande time. Mas, na seleção brasileira, certamente terá”, analisou Angelim. “Não pode querer jogar só ali aberto na ponta", completou.

Gol pelo Flamengo marcou carreira de Angelim

Apesar da jogada de Neymar, outro lance marcou a passagem de Angelim pelo Flamengo. Mesmo com "apenas" 1,78m, o zagueiro marcou o gol da vitória por 2 a 1 sobre o Grêmio na última rodada do Brasileiro de 2009, que definiu o título rubro-negro naquela temporada.

“É sorte em final. Sou considerado baixo para um zagueiro, mas mesmo assim costumava fazer gols de cabeça. Sempre tive uma boa impulsão, boa colocação. Ajudei minhas equipes marcando alguns gols durante a carreira”, lembrou o ex-jogador.

A saída do clube em 2011, porém, aconteceu a contragosto de Angelim. Já há seis anos na Gávea, o zagueiro pensava em encerrar a carreira no fim de 2012 no próprio Rubro-negro, nem que fosse como reserva. O atleta, no entanto, negou qualquer tipo de mágoa pela passagem.

“Queria ficar mais um ano, mas fiquei até quando deu. Fui para o Barueri, depois Fortaleza. Dava para ficar, até mesmo como opção. Mas mágoa não guardo. Gostaria de ter aposentado pelo Flamengo. Mesmo que não fosse titular, teria parado pelo meu time de coração”, disse Angelim.

DA ‘ROÇA’, ANGELIM PASSOU POR DIFICULDADES NO INÍCIO DE CARREIRA

  • Marcio Feitosa/Vipcomm

    A estabilidade financeira na aposentadoria garantida pela compra de alguns imóveis em Juazeiro do Norte-CE não chegou facilmente para Ronaldo Angelim. Além da pobreza na juventude, o ex-jogador de 37 anos encarou alguns problemas por não conhecer o mundo do futebol profissional. Nascido em Porteiras-CE - cidade de pouco mais de 15 mil habitantes - o atleta começou a carreira no Icasa, em Juazeiro, aos 19 anos.

    “Foi complicado demais o início, tinha saído da roça. Tinha jogo no domingo, eu jogava pelada no sábado. Foi difícil acostumar”, disse Angelim, que recordou o papel do presidente do clube, Luiz Kleber Maia Lavor. "Ele dava puxão de orelha porque ia para a concentração de camisa do Flamengo, por exemplo. Quando entendi que era um negócio mais sério, passei a usar o uniforme do clube”, lembrou.

    Antes de começar a trajetória no futebol, Angelim tinha a vida de um verdadeiro homem do campo. O então futuro jogador do Flamengo trabalhava em fazendas da região de Porteiras, entre plantações de milho e arroz, por exemplo. Já em Juazeiro, o ex-atleta se dividiu entre o início no Icasa e uma curiosa profissão: cavador de poços artesianos. A função foi abandonada apenas após a assinatura do segundo contrato como profissional.

    “Tirava R$ 20 por semana cavando poço. Quando assinei o primeiro contrato ganhava R$ 80 por mês. Era menos que o salario mínimo da época, muito pouco. Ganhava mais cavando poço. Larguei quando fizeram um contrato longo comigo no Icasa, passei a ganhar R$ 500 de salário. Aí me cobraram uma rotina mais profissional. Antes só aparecia nos coletivos e nos jogos”, contou Angelim. "Era difícil imaginar que um dia jogaria no Flamengo", encerrou.