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Na Turquia, Cicinho esquece luxo e tem cartão de crédito controlado pela mulher

Cicinho passou pelo Sport no primeiro semestre antes de assinar com o Sivasspor - Site oficial do Sport
Cicinho passou pelo Sport no primeiro semestre antes de assinar com o Sivasspor Imagem: Site oficial do Sport

Lucas Tieppo

Do UOL, em São Paulo

16/07/2013 06h00

Aos 33 anos, 13 deles jogando futebol, Cicinho começa a pensar no futuro fora dos gramados. O lateral direito do Sivasspor, da Turquia, investiu grande parte do que ganhou até hoje em terras para plantio de cana-de-açúcar. Mas o espírito empreendedor do jogador esconde uma compulsão por compras - e o ponto fraco são as roupas. O ímpeto agora é controlado pela sua mulher, Marry, que é a dona do cartão de crédito.

“Hoje é tudo com ela. Claro que eu dou a palavra final, mas o cartão é ela que controla. Eu só ando com cartão de débito, porque se acabar o dinheiro, não tem o que fazer”, brinca Cicinho.

A precaução imposta por Marry tem fundamento. Cicinho já chegou a gastar R$ 75 mil em um conjunto de calça, camisa e jaqueta, influenciado por uma dica do então companheiro de Real Madrid, David Beckham.

“Se pudesse, eu gastaria a mesma coisa hoje. Eu gosto de compras e ela (Marry) não me deixa passar dos limites, mas por mim...”, afirmou o lateral direito. “Agora sou mais experiente e sei onde ir. Foi uma situação inusitada e eu era solteiro.”

Marry está no Brasil e só viaja para a Turquia no começo de agosto, após a pré-temporada do Sivasspor em Amsterdã, na Holanda. 

Influenciado pelo trabalho do pai, Cláudio, que foi caminhoneiro por 37 anos na Usina São Martinho, Cicinho decidiu investir em plantio de cana- de-açúcar e imóveis no interior de São Paulo.

“Apesar de todas as maluquices que eu fiz, investi em algumas coisas. Eu dava 80% do meu salário na mão do meu pai, que gerenciava o dinheiro. Os outros 20% eu torrava mesmo. Agora estou com a questão financeira bem estabilizada, tenho minha esposa para ajudar”, afirmou o lateral, que assumiu já ter abusado nas contas com baladas e bebidas.

Mesmo se dizendo tranquilo com o futuro fora dos gramados, o lateral decidiu aceitar a proposta feita por Roberto Carlos para defender o Sivasspor, da Turquia - o time é considerado médio no país e terminou o último campeonato em 12º. Os dois já foram companheiros de time no Real e na seleção e Cicinho diz que está pronto para levar bronca do agora técnico.

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“Tenho uma amizade muito grande com o Roberto, tanto que ele me avisou para não assinar com ninguém depois que sai do Sport. Aqui ele me pede para puxar a fila, começar o bobinho porque os europeus são muito centrados, ele pede para eu quebrar o gelo. Bronca ele ainda não deu, mas estamos preparados”, brincou.

Para não ter de dar uma comissão maior do que pensava ser justa ao grupo de empresários que negociava seu passe no exterior, Cicinho assinou o contrato por um ano, com renovação automática para uma segunda temporada.

“É uma experiência nova. Estava bem no Brasil, tinha propostas. Mas como estou perto do fim da carreira, decidi fazer mais um pé de meia. Minha mulher me apoiou e decidi aceitar. Sei que minha amizade não vai garantir titularidade, mas queria mais estabilidade para trabalhar”, ressaltou.

Depois de cumprir os dois anos de contrato com o Sivasspor, Cicinho pretende voltar ao Brasil. O sonho do jogador é encerrar a carreira no Botafogo de Ribeirão Preto, onde tudo começou, ou no São Paulo, onde teve seu melhor momento entre 2004 e 2005 – além de uma passagem ruim em 2010.

“Estou bem, 100% fisicamente e mentalmente. Depois destes dois anos eu volto para o Brasil e penso. O Botafogo já se propôs e quem sabe não é no São Paulo?”, disse.