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Marcos Senna diz que não carrega legado de Pelé na volta do Cosmos ao futebol

Senna encabeça nova fase do Cosmos, time que ganhou o mundo com Pelé nos anos 70 - NY Cosmos/Reprodução e AP
Senna encabeça nova fase do Cosmos, time que ganhou o mundo com Pelé nos anos 70 Imagem: NY Cosmos/Reprodução e AP

Bruno Freitas

Do UOL, em São Paulo

18/07/2013 12h00

Uma marca lendária do futebol voltará a frequentar os estádios a partir de agosto, mais uma vez entregue à liderança de um jogador nascido no Brasil. O New York Cosmos retorna ao universo competitivo depois de 28 anos de inatividade, contando com Marcos Senna, volante paulista de nacionalidade espanhola. O campeão europeu de 2008 se diz animado com a ambição do projeto, mas refuta a pressão de carregar o legado de Pelé no time.

Quase três décadas depois de fechar seu departamento de futebol, em 1985, o Cosmos tem data marcada para ressurgir profissionalmente, na estreia da temporada de outono da NASL (North American Soccer League). Com Marcos Senna em campo, o antigo time de Pelé debuta no dia 3 de agosto contra o Fort Lauderdale Strikers.

Mesmo contratado como o grande nome da volta do Cosmos ao mundo competitivo, Marcos Senna diz que sua missão não deve ser associada àquela que Pelé encarou nos anos 70, divulgando o futebol em um país que praticamente ignorava a modalidade. Mesmo assim, o volante admite que jogará cercado por expectativa.

"Não tem nem ponto de comparação (com os tempos de Pelé). Eu desejo fazer um bom campeonato pelo time. Participar volta do time, poder crescer junto com o time", afirmou Senna em entrevista ao UOL Esporte.

"Com certeza existe uma expectativa muito grande. Uma ansiedade enorme, eu também tenho. Espero poder começar campeonato bem, começa em menos de um mês. Vai sair tudo bem. Espero poder agradá-los", acrescenta o ex-jogador da seleção espanhola.

Senna soube do projeto do Cosmos através de seu representante e se interessou pela mudança, mesmo para inicialmente disputar uma liga secundária dos Estados Unidos. O jogador vem treinando nas últimas semanas em Nova York e completou 37 anos na quarta-feira passada.

"Pela organização, acho que vai chegar logo na liga principal, a MLS. Gostei bastante do que encontrei. Apesar de estar em uma liga menor, tem uma estrutura muito boa, organização. Acredito que o Cosmos vai voltar a estar entre os grandes", disse.

O brasileiro passou 11 anos vestindo a camisa do Villarreal, em vivência que o transformou em um dos grandes nomes da história do clube. Na última temporada, encarou o desafio de jogar a Segunda Divisão do país, levando a equipe de volta à elite. Tamanha entrega rendeu ao jogador uma homenagem oficial: o portão de acesso nº 19 ao estádio do time agora se chama "Puerta Marcos Senna".

Naturalizado, Senna foi titular da Espanha na conquista da Euro de 2008, no começo do ciclo vencedor da seleção do país. No entanto, depois de desfrutar de prestígio com Luis Aragonés, acabou descartado pelo técnico Vicente del Bosque. Mesmo assim segue como uma voz de referência no país.

Após a derrota da Espanha na final da Copa das Confederações, Senna publicou em sua conta no Twitter uma mensagem de apoio aos compatriotas, em aposta na manutenção do domínio internacional do time: “Parabenizo Brasil como justo vencedor. Apesar disso, a Espanha segue sendo a maior, agora é pensar no Mundial 2014. Vamos!”.

O jogador do New York Cosmos também comentou o desfecho da Copa das Confederações no contato com a reportagem do UOL Esporte.

"A Espanha não teve as mesmas atuações de antes. O Brasil foi justo ganhador. Foi um jogo. É um ciclo, não acho que esteja acabando. O Brasil foi muito superior à Espanha. Mas cada jogo é uma história. Os dois chegam como favoritos ao Mundial, junto com a Alemanha e outros tradicionais, como Argentina, Itália", analisa o experiente volante.

COSMOS QUER DISPUTAR ELITE DO FUTEBOL DOS EUA

O recomeço do New York Cosmos passa pela NASL (North American Soccer League), mas o antigo clube de Pelé, Johan Cruyff, Beckenbauer e Carlos Alberto Torres trabalha com a ideia de disputar a principal liga do país em alguns anos.

Um empecilho pontual para o ingresso na MLS (Major League Soccer) pode ser a presença de dois times de Nova York na liga. Recentemente o Red Bulls ganhou a companhia do NY City FC, clube fundado em parceria do gigante do beisebol Yankees com os ingleses do Manchester City.

O novo Cosmos está sob o controle de Seamus O'Brien, do grupo Sela Sport, que atua na Arábia Saudita e é ligado ao World Sport Group, uma das mais importantes empresas de marketing esportivo do mundo. No projeto de retorno, ainda consta a construção de um estádio para 25 mil pessoas no Queen's, que pode custar até US$ 400 milhões.