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Time de um ídolo só, Cruzeiro fracassa em busca de novo atleta referência

Diego Souza deixou o Cruzeiro sem conseguir preencher lacuna de ídolo do time - Washington Alves/VIPCOMM
Diego Souza deixou o Cruzeiro sem conseguir preencher lacuna de ídolo do time Imagem: Washington Alves/VIPCOMM

Dionizio Oliveira

Do UOL, em Belo Horizonte

18/07/2013 06h00

Com 502 jogos pelo Cruzeiro, Fábio é o grande ídolo da torcida celeste, situação que já se mantém há algum tempo. Além do goleiro, no entanto, não há nenhuma outra grande referência no time atual que tenha grande identificação com os torcedores e chame atenção dos adversários. Algumas apostas feitas pela diretoria cruzeirense, por motivos diferentes, não vingaram. São os casos de Diego Souza, que acaba de se transferir para o Metalist, de Dagoberto, contundido, e de Dedé, que ainda oscila atuações.

O torcedor cruzeirense ainda aguarda a chegada desse jogador referência, que no arquirrival Atlético atende pelo nome de Ronaldinho Gaúcho. Para não ficar atrás, a diretoria do Cruzeiro assume tentativas recentes para contratar um jogador com futebol e fama suficiente para cair imediatamente nas graças do torcedor celeste.

O diretor Alexandre Mattos admitiu que o Cruzeiro tentou, mas não obteve êxito, contratar Robinho, atacante do Milan, e Fernando Gago, volante do Valencia. Embora o discurso oficial seja de que o Cruzeiro está satisfeito com o elenco montado para esta temporada, que privilegia jovens atletas com potencial para se tornarem ídolos futuros, nos bastidores percebe-se uma permanente movimentação da diretoria para contratar um ‘peixe grande’.

Para o técnico Marcelo Oliveira, porém, a situação não é motivo para preocupação. Principal responsável pela formação do elenco, o treinador acredita que não há uma necessidade de a equipe ser constituída por grandes nomes. O treinador, entretanto, ainda aposta no atacante Dagoberto e no zagueiro Dedé para se juntarem à Fábio como referências técnicas em campo, além de exaltar a força do grupo formado para 2013.

“Não tem essa preocupação com estrelas, temos que ter referências positivas, assim como são esses que você citou. Temos que ter lideranças que exercem ascensão positiva aos atletas, referências técnicas, exemplos bons, como é o Fábio. Mas acho que estrelas não, o futebol está muito corrido, competitivo. Acho que pensar no coletivo é melhor”, afirmou o comandante celeste.

Dagoberto é outro candidato a ídolo que ainda não conseguiu se consolidar. Com boas atuações, chegando a marcar 11 gols em 22 partidas, o jogador foi um dos mais exaltados pelo torcedor durante o ano. Contudo, o velocista voltou a conviver com problemas de lesão e está afastado dos campos desde o dia 8 de junho, quando se contundiu na partida contra o Internacional, pela quinta rodada do Brasileiro.

  • AFP Photo/Vincenzo Pinto

    Cruzeiro tentou a contratação de Robinho, do Milan, que deu preferência à sua volta ao Santos, o que acabou não sendo concretizada, mas clube ineiro garante que não fará nova tentativa

A última contratação de peso para esta temporada foi o zagueiro Dedé. Ídolo do Vasco, o jogador foi anunciado oficialmente em abril, após uma negociação arrastada e chegou com o apelido “mito”, dado pela torcida vascaína nos tempos em que atuava pelo clube carioca. Porém, apesar de ser titular absoluto da zaga, Dedé ainda não apresentou o futebol esperado, tanto é que seu parceiro na defesa, Bruno Rodrigo, tem sido até mais regular.

Maior artilheiro do Cruzeiro em todos os tempos com 249 gols, o ex-jogador Tostão concorda que o clube mineiro fez bons investimentos para a temporada e montou um bom time, mas avalia que realmente faz falta mais jogadores que dividam essa responsabilidade com o capitão Fábio.

“Faz falta para qualquer time jogadores que sejam ídolos e que sejam muito bons, que tenham qualidade como Fábio e o Dedé, que são jogadores com bom nível técnico”, afirmou o tricampeão mundial, que justificou o motivo do clube celeste de não ter novos ídolos utilizando exemplos do passado e do rival.

“Não tem porque não formou, nem trouxe jogadores de grande nível, se trouxesse um Alex, por exemplo, que já é um grande ídolo. Precisa de jogadores de grande qualidade como o Réver, por exemplo”, explicou.

E um desses ídolos formados em casa poderá ser o jovem Vinícius Araújo, que aproveitou a ausência de Borges e assumiu a vaga de titular no jogo contra a Portuguesa. Com média de um gol por partida desde então, o atacante vem correspondendo e deve continuar tendo oportunidades mesmo com o retorno do titular. 

O jovem admitiu que o camisa 1 serve de inspiração para ele alcançar o mesmo patamar do companheiro. “O Fábio é meu ídolo também. Espero um dia estar igual ele, mas tenho que suar bastante para isso. Sem dúvida nenhuma o Fábio é uma fonte de inspiração para mim” , afirmou o atacante.

Com apenas 20 anos, o jogador tenta absolver a experiência dos mais rodados. "É um grupo muito bom, bom de conviver, com excelentes jogadores, de excelente qualidade", disse. “Então esses jogadores, o Tinga, o Dedé, o Borges e o Dagoberto tem uma experiência no futebol e sempre temos que estar procurando ouvir eles para aprender”, acrescentou.