"Ele gostaria que não ficássemos tristes", diz Carlos Alberto sobre Djalma Santos
O capitão do tricampeonato da seleção brasileira, Carlos Alberto Torres, falou sobre a morte de Djalma Santos nesta terça-feira. Ele relembrou a ‘passagem de bastão’ na lateral direita do time canarinho em 1964 e disse que foi uma honra substituí-lo.
“No ano de 64, fomos convocados juntos para a Copa das Nações. O então treinador [Vicente] Feola preferiu me colocar de titular e o Djalma na reserva. Aquilo foi significado enorme, pois era um cara tinha como ídolo”.
Carlos Alberto Torres foi campeão pela seleção brasileira de 1970, enquanto Djalma Santos ganhou os Mundiais de 1958 e 1962.
“Foi um grande espelho como lateral direito, como companheiro extraordinário, alegre, que descontraía o ambiente, sabia comandar, grande líder. A gente só pode lamentar. Mas tenho certeza que ele gostaria hoje que não ficássemos tristes”, pediu Carlos Alberto.
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O ex-lateral da seleção brasileira relembrou de algumas dicas que recebeu de Djalma Santos, quando ambos dividiram concentração. “Ele conversava muito para não dar bote de primeira, porque naquela época tinha muito ponta driblador e rápido, se entrasse errado, a gente ficava para trás”.
Carlos Alberto prestou várias reverências a Djalma Santos: “Foi um dos grandes. Um dos poucos laterais com nome na história do futebol mundial. Hoje mal se fala de lateral, principalmente dos brasileiros. Djalma foi o primeiro a ser apontado como melhor do mundo em 58 jogando apenas uma partida. Isso mostra a sua grandeza”.
VEJA UM PERFIL SOBRE A CARREIRA DE DJALMA SANTOS
Djalma Santos queria mesmo era ser piloto de avião. Já o pai, soldado da antiga Força Pública paulista, preferia que ele seguisse a carreira militar. Até que um dia, vendo o filho jogar no Internacional (um clube de várzea do bairro paulistano da Parada Inglesa), convenceu-se de que o destino dele era outro. Djalma Santos havia nascido para ser jogador de futebol.
Djalma chegou a fazer testes no Ypiranga e no Corinthians. Mas os horários dos treinos eram incompatíveis com o do seu trabalho como sapateiro. Só ficou na Portuguesa porque o patrão concordou que ele trabalhasse à noite, para compensar as horas perdidas no clube.
No início, Djalma era chamado apenas de Santos e jogava na Lusa de centro-médio (o volante dos dias atuais). Em agosto de 1949, porém, o clube contratou outro jogador para a posição, Brandãozinho, da Portuguesa Santista, na maior transação da época. E Djalma Santos passou para a posição em que se consagraria definitivamente, a lateral-direita.
Foi titular em apenas uma partida na Copa de 1958 - a final, contra os donos da casa, vencida pelo Brasil por 5 a 2 - substituindo De Sordi, que passara mal. O suficiente para ser considerado o melhor jogador da posição. Na Copa seguinte, Djalma Santos se sagraria bicampeão mundial. Jogaria mais uma Copa, a da Inglaterra, em 1966. Pela seleção brasileira, foram 114 apresentações.
Uma de suas jogadas características era a cobrança dos arremessos laterais com força, para dentro da área, onde havia sempre um companheiro em boa posição para o arremate. Pela Portuguesa, Djalma ganhou os Torneios Rio-São Paulo de 1952 e 1955. Foram 453 jogos entre agosto de 1948 e maio de 1959, quando se transferiu para o Palmeiras.
No Palmeiras, Djalma Santos também jogou quase dez anos - 491 partidas e dez gols -, ganhando três títulos paulistas. Quando se preparava para encerrar a carreira, recebeu um convite do Atlético Paranaense e não resistiu. Ao lado do zagueiro Bellini (outro bicampeão mundial) e do ex-santista Dorval, levou o clube do quase rebaixamento, no ano anterior, ao vice-campeonato paranaense de 1968.
Jogou ainda a tempo de ganhar seu último título estadual (1970) pelo rubro-negro, se tornando posteriormente treinador do próprio Atlético. Depois, Djalma Santos se tornou funcionário da Secretaria de Esportes, Lazer e Turismo de Uberaba, em Minas Gerais, onde coordenou a escolinha de futebol da cidade.
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