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Por medo de "morte nas costas", FPF cria teste noturno para árbitros

FPF criou testes físicos noturnos para árbitros e auxiliares - Reinaldo Canato
FPF criou testes físicos noturnos para árbitros e auxiliares Imagem: Reinaldo Canato

Guilherme Costa

Do UOL, em São Paulo

26/07/2013 06h00

A Fifa estipula uma série de critérios minuciosos para os testes físicos de árbitros e auxiliares. A proposta da entidade, contudo, tem uma brecha: não há uma faixa definida de horário para a prova. Pensando nisso, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e a FPF (Federação Paulista de Futebol) resolveram fazer uma mudança em 2013. As avaliações, anteriormente restritas à manhã e à tarde, agora são feitas também à noite.

O horário foi adotado pela CBF no teste de árbitros realizado em março deste ano. A FPF também fez sessões noturnas nesta semana. Houve provas na segunda e na quinta-feira, e a entidade estadual ainda realizará outro teste nesta sexta. No sábado, a avaliação será durante o dia.

“O sol dificulta bastante. O calor leva o árbitro ao limite, cria uma condição desumana. Como eu não quero ter nenhuma morte nas minhas costas, achei melhor fazer o teste à noite”, disse o coronel Marcos Marinho, presidente da CEAF-SP (Comissão Estadual de Arbitragem de Futebol de São Paulo).

Os testes desta semana, em São Paulo, têm como sede o Ícaro de Castro Melo, conhecido como Estádio do Ibirapuera. As sessões são feitas na pista de atletismo.

“Nós chegamos a levar esse teste para Rio Preto, Bauru e Piracicaba. Depois, conseguimos uma pista muito boa em Jundiaí. Só que ainda era um lugar muito quente, que exigia demais dos árbitros. Como a Fifa não estipula o horário do teste, conversamos com o pessoal e conseguimos a pista aqui no Ibirapuera”, relatou Arthur Alves Júnior, presidente do Safesp (Sindicato dos Árbitros de Futebol do Estado de São Paulo).

A avaliação é dividida em duas etapas. Na primeira, árbitros e auxiliares precisam dar seis piques de 40 metros. Os juízes têm um limite de 6,4s, e os bandeirinhas podem correr em até 6,2s.

Os aprovados nessa primeira etapa partem para o trecho mais difícil do teste. São 20 tiros de 150 metros, e cada um deve ser percorrido em até 30 segundos. Entre os piques, árbitros e auxiliares têm 30 segundos para caminhar 50 metros.

O atual modelo de teste físico aplicado para árbitros e auxiliares no Brasil é o mesmo protocolo usado pela Fifa. A diferença é o grau de exigência: o país trabalha com 20 piques, por exemplo, número que representa o padrão mínimo para a entidade internacional. O nível de excelência só é atingido com 24 piques.

Veja como era e como ficou o teste físico para árbitros para Copa

  • Arte UOL

Esse protocolo de avaliação da Fifa já foi usado nas Copas de 2006 e 2010. Em São Paulo, o índice de reprovação chegou a 30%. No ano passado, a FPF registrou apenas 10% de inaptos.

No processo de escolha do árbitro que representará o Brasil na Copa do Mundo de 2014, os testes físicos já alijaram o paulista Wilson Luiz Seneme e o gaúcho Leandro Pedro Vuaden.

Preocupada, a CBF resolveu endurecer o processo de avaliação física dos árbitros. A entidade nacional fazia apenas duas provas até o ano passado, mas programou três testes para 2013.

As entidades estaduais também podem fazer testes, desde que assumam todo o custeio. O mesmo vale para árbitros, que devem bancar se quiserem fazer provas fora da região em que eles vivem.

“O teste homologa o árbitro por 90 dias. E se ele não passa, não pode ser escalado até ser aprovado em um novo teste”, explicou Alves Júnior.