Com shopping e game, Negueba se anima para não virar volante 'que só toca de lado'
Guilherme Ferreira Pinto, o Negueba, viu o jogo entre Bayern de Munique e São Paulo, na última quarta-feira, com sentimentos conflitantes. Às vezes, pensava que podia estar lá, jogando na excursão pela Europa e Japão. E outras vezes repetia que em breve estará em um campo novamente, fazendo o que gosta. Recuperado de uma lesão no ligamento cruzado do joelho direito, que o tirou dos campos desde janeiro, Negueba diz estar confiante na volta. É o que conta nessa entrevista.
UOL Esporte: Como você está se sentindo?
Negueba: Muito feliz. Passei por um momento ruim, sofri bastante, mas agora estou pronto para voltar. Toda criança sonha em jogar futebol. Eu consegui e estou em um time grande. Por isso estou animado.
UOL Esporte: Mas é difícil ver alguém animado em sua situação: sem jogar há muito tempo e com contrato apenas até o final do ano. De onde você tira ânimo?
Negueba: No começo, eu sofri muito, muito. Pensei que a carreira tivesse acabado. Depois, quando estava mais animado, pensava que não ia conseguir mais ter velocidade e nem fazer deslocamentos laterais. Achei que ira virar um desses volantes que só tocam de lado, mas fui me recuperando. Muita gente ajudou e agora o pior já passou.
UOL Esporte: Como foi o lance?
Negueba: Foi no meu primeiro treino no São Paulo. Perdi uma bola e voltei para dar combate. Aí, tirei o pé porque pensei que poderia machucar o Cortez e acabei rompendo o ligamento. Eu estava muito animado. Tinha saído de um time grande como o Flamengo, onde não era aproveitado e vim para o São Paulo. Estava com o Ney Franco, que me conhece bastante e me dirigiu na seleção de base. Achei que ia arrebentar e sofri essa desilusão.
UOL Esporte: E quem tem ajudado?
Negueba: O Wellington, que sofreu duas contusões como a minha, o Rogério que sempre conversa comigo e os outros jogadores também. Fiquei amigo dos fisioterapeutas e trabalhei bastante para voltar.
UOL Esporte: A dor da contusão é maior que a incerteza que ela acarreta?
Negueba: Não é não. Meus pais são de classe média, mas eu ajudo bastante meus irmãos. Quero que eles estudem e tenham as oportunidades que eu não tive. Pensei que tudo ia acabar, que a gente iria sofrer muito.
UOL Esporte: Você tem mais seis meses de contrato. Está muito ansioso para recuperar o tempo perdido?
Negueba: Ansioso, sim, mas tenho de me cuidar. Não adianta apressar nada. E eu não vou convencer o São Paulo a ficar comigo por um ou dois jogos. Tenho de ser constante, ir mostrando minha condição pouco a pouco. Quero muito ficar, mas se não der, eu volto ao Flamengo, que é um grande clube também. Meu contrato é até o final de 2015.
UOL Esporte: Como você se define como jogador?
Negueba: Eu sou um atacante rápido pela direita, mas também sei voltar para ajudar o time. Nesse 4-2-3-1 que jogam hoje em dia eu me adapto bem. Foi assim que comecei no Flamengo.
UOL Esporte: Com quem?
Negueba: Com o Luxemburgo, que me ajudou muito. Me deu a primeira chance, me ensinou como me colocar em campo e deu muitos conselhos. Eu gosto muito dele. Tomara que tenha sucesso lá no Fluminense agora.
UOL Esporte: Como você se adaptou aqui em São Paulo, sem praia, funk e com um samba diferente?
Negueba: Ah, eu não gosto muito de praia, não. Prefiro shopping. Gosto de funk, mas também de sertanejo. E o pagode de São Paulo é gostoso também. Quase não saio, recebo uns amigos para jogar videogame na minha casa: uns meninos da base e o Patrick, do Palmeiras. Parece criança, mas eu só tenho 21 anos. Tô animado com a vida.
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