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Embate entre Ceni e Ney Franco causa estranhamento e silêncio entre ex-colegas

Ney Franco e Rogério Ceni deixam o gramado do Morumbi com a cabeça baixa  - Leandro Moraes/UOL
Ney Franco e Rogério Ceni deixam o gramado do Morumbi com a cabeça baixa Imagem: Leandro Moraes/UOL

Mauricio Duarte

Do UOL, em São Paulo

07/08/2013 16h30

O inusitado bate-boca público entre Rogério Ceni e Ney Franco foi encarado com espanto por quem já passou pelo São Paulo ou mesmo por quem ainda tem alguma ligação com o clube. Enquanto uma parte faz questão de defender o goleiro e capitão do time do Morumbi, alguns ex-colegas preferem se calar.

Fato é que ninguém nega a influência de Rogério Ceni no clube. Seja no ambiente político ou mesmo dentro do campo, sua ascendência sobre os demais é vista com naturalidade, justificada por sua história no clube. “Meu relacionamento com ele é muito bom. Eu o vi começar. Ninguém pode negar sua influência. O que ele fala tem peso. Mas não acredito que o Ceni tenha interesse em fritar alguém”, comenta o ex-jogador Pintado, referindo-se ao que Ney disse sobre o goleiro minar Ganso.

“No meu caso, não tive nenhum problema com nenhum jogador no São Paulo, a não ser com o Juvenal. Precisa respeitar hierarquia. Por tudo que eu fiquei sabendo deve ter sido muito triste para o Ney Franco. A discussão me deixou perplexo, é muito estranho”, disse o treinador Leão, que passou pelo clube antes de Ney. Vale lembrar que Ceni passou boa parte do tempo lesionado sob o comando de Leão.

Marco Aurélio Cunha, que foi superintendente de futebol do clube e agora faz oposição ao presidente Juvenal Juvêncio, também saiu em defesa do goleiro. “Trabalhei oito anos e meio ao lado do Rogério. Nunca vi interferência negativa que não fosse a favor do São Paulo. Como capitão, ele tem responsabilidades, deveres e ônus. Eu duvido que ele não queira o bem de um talento como o Ganso”, analisou.

Outras diversas personagens que conviveram com Ceni foram procuradas pela reportagem, mas informaram que não queriam comentar o assunto ou não retornaram as mensagens deixadas. Colegas de campo como Luizão, Amoroso, Belleti e Ricardinho,além de treinadores que comandaram o arqueiro no São Paulo, como  Ricardo Gomes e Paulo Cesar Carpegiani.

A única voz que destoou a favor de Ney Franco foi do preparador Alexandre Lopes, que trabalhou com o treinador no São Paulo e também foi demitido. “Tudo o que o Ney disse é verdade. Eu assino embaixo sem tirar nem pôr uma palavra. É aquilo mesmo que acontece e aconteceu com a gente”, comentou. 

Em entrevista ao jornal O Globo publicada nesta terça-feira, Ney Franco fez diversas acusações ao capitão tricolor. Um mês após ser demitido do São Paulo, o técnico disse que Paulo Henrique Ganso foi fritado no clube e que Ceni “extrapolou o limite” de um jogador. Nesta quarta, Rogério Ceni rebateu as polêmicas declarações após a derrota da equipe na Copa Suruga e disse que, se dependesse dele, o treinador estaria na rua há muito mais tempo.

O São Paulo chega ao Brasil na sexta-feira e já enfrenta a Portuguesa, pelo Campeonato Brasileiro, no domingo. A equipe busca uma recuperação no torneio. Atualmente, a equipe do Morumbi ocupa a 18ª colocação na tabela e precisa sair da zona de rebaixamento, mesmo objetivo do rival lusitano.

TÉCNICO E GOLEIRO TIVERAM CONVIVÊNCIA TENSA NO SÃO PAULO

  • Durante um ano, Rogério Ceni e Ney Franco viveram dias tensos no Morumbi. O primeiro atrito público entre os dois aconteceu em outubro de 2012, quando o goleiro e capitão discordou de uma substituição do treinador. Na partida contra a Liga de Loja, pelas quartas de final da Copa Sul-Americana, Ceni pediu a entrada de Cícero, mas Ney optou pela entrada de Willian José. O goleiro reclamou no campo, durante a partida e irritou o técnico.

    “Não aprovo, acho que é cada um na sua, cada um fazendo sua função. Se eu achasse que o Cícero tivesse que entrar eu colocaria, então eu não aprovo”, comentou o treinador na época.

    Após o episódio, dirigentes do São Paulo divulgaram que numa conversa a dupla se acertou.

    Quando Ney foi demitido, entretanto, Ceni voltou a demonstrar descontentamento com o trabalho do seu ex-chefe. “Zero, zero, zero”, disse o capitão do São Paulo ao ser perguntado sobre o legado deixado pelo técnico em 12 meses de trabalho no São Paulo.

BLOGUEIROS OPINAM SOBRE A DERROTA

  • Menon
    São Paulo ofende história construída no Japão. O grande time, que Juvenal destruiu, merece respeito pelo passado. E bulling contra alguém tão indefeso pode dar até prisão. Leia mais

  • Milton Neves
    Ganso joga muito, “cala” Rogério Ceni, mas São Paulo perde do Kashima com gol no apagar das luzes. E, afinal, quem tem razão no duelo entre Ney Franco e o capitão são-paulino? Leia mais