Flu escancara rixa com Procuradoria e torcida protestará contra penhoras
O Fluminense mudou de estratégia e tornou pública sua insatisfação com o que considera uma perseguição da PGFN (Procuradoria Geral da Fazenda Nacional). O time das Laranjeiras vinha adotando o silêncio e se movimentando nos bastidores em busca de um acordo para o parcelamento da dívida, mas as trocas de farpas dos últimos dias aumentaram o mal estar entre as partes. A torcida marcou um protesto para o próximo dia 27 na frente do órgão, no Centro do Rio de Janeiro.
A diretoria tricolor tinha uma dívida de R$ 31 milhões - atualmente em R$ 11 milhões - pelo não pagamento de imposto de renda retido na fonte e INSS, gerada entre 2007 a 2010. Por conta disso, o clube tem sofrido seguidas penhoras em suas cotas de direito de transmissão da TV Globo e na premiação do Brasileirão desde agosto de 2012. Além disso, após atrasar três parcelas da Timemania, também foi excluído do refinanciamento do Governo Federal.
Sem conseguir acordo com a PGFN, inclusive com idas a Brasília para pedir apoio político, o presidente do Fluminense, Peter Siemsen, desabafou em entrevista à Rádio Globo e disse que o Tricolor estava sendo tratado como 'cachorro' pelo órgão. Segundo ele, o clube das Laranjeiras tem interesse em pagar o que deve, mas estaria sendo prejudicado pelas penhoras.
"Eu fui entregar todos os meus contratos que geram receitas para o clube para saberem qual é a capacidade. Infelizmente, foi no período que se anunciou a premiação do Fluminense pelo título brasileiro e a Procuradoria achou que não tinha mais que fazer um acordo, gerando uma luta agressiva com o clube. Fomos mal tratados, como se não quiséssemos pagar. Fomos tratados que nem cachorros. Foi uma sacanagem porque tive a coragem de ir lá conversar", disse Siemsen na entrevista.
DÍVIDA DE GRANDES TIMES SOBE ACIMA DA INFLAÇÃO É ATINGE R$ 4,6 BI
A Procuradoria se manifestou publicamente sobre o assunto pela primeira vez na última terça, em nota oficial que condena as declarações do mandatário tricolor. A argumentação é de que não existe intenção de prejudicar o Fluminense e que a atuação dos procuradores 'é firmemente norteada pela legislação e pelo código de ética e conduta da administração pública'. O presidente do Sindicado dos Procuradores da Fazenda Nacional, Heráclio Camargo, também criticou Siemsen.
"Ficamos chocados. Não podemos nos calar diante de uma injustiça. As questões tratadas não são pessoais, são institucionais. Tratamos todos os constituintes da mesma forma. O Fluminense é tratado como qualquer devedor da Fazenda Nacional. Não é beneficiado, nem perseguido. Tenho certeza que ele deve ter refletido, vai se acalmar e se retratar", disse Camargo.
O assunto passou a dominar as redes sociais dos tricolores, com textos em blogs de chapas políticas do Fluminense e convocação para um protesto pelo Facebook. Mais de 600 torcedores confirmaram presença em manifestação marcada para o dia 27 de agosto, na frente do prédio da PGFN, às 16h, no Centro. Na página do evento, torcedores reclamam de privilégio da Fazenda ao Flamengo, que conseguiu parcelar sua dívida para obter as CNDs (Certidões Negativas de Débito).
Internamente, o Fluminense cogita entrar na Justiça contra a ação da Procuradoria, mas a decisão poderia piorar ainda mais a situação entre as partes. Advogados do clube analisam documentos para pedir um processo administrativo. O clube deve dois meses de salários para dirigentes, executivos e jogadores. Somente salários até R$ 2 mil estão sendo pagos em dia.
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