Andrés repete estratégia que implodiu Clube dos 13 e ataca Conmebol
Em abril de 2010, Fábio Koff foi reeleito para presidir o Clube dos 13, entidade que representava interesses comerciais dos times de futebol do Brasil. Meses depois, um movimento que teve participação ativa de Andrés Sanchez implodiu a instituição e mudou radicalmente a negociação de direitos de mídia no país. Três anos depois, o ex-mandatário do Corinthians articula um movimento similar e pode subverter as regras para tentar ganhar poder.
Sanchez é peça central de um encontro realizado em São Paulo na última quarta-feira. A reunião teve 20 representantes de clubes, dez ex-jogadores e três sindicatos nacionais de atletas, e o principal motivo foi discutir mudanças na gestão da Conmebol, entidade que gerencia o futebol na América do Sul.
O ataque à Conmebol pode ser considerada a primeira peça de campanha de Sanchez, que deixou a diretoria de seleções da CBF em dezembro do ano passado e desde então vinha se concentrando na construção do novo estádio do Corinthians. A dúvida é: campanha para quê?
Oficialmente, Sanchez é opositor da atual gestão da CBF. O mandato do presidente José Maria Marin termina em abril de 2014, e ele deve indicar Marco Polo del Nero, vice da entidade e mandatário da FPF (Federação Paulista de Futebol).
No jogo político, a dupla Marin-Del Nero já conseguiu apoio da maioria das federações estaduais de futebol. Os dois foram beneficiados pela rejeição sofrida por Andrés Sanchez nessas entidades, que são as responsáveis por eleger o presidente da CBF.
Sanchez já disse repetidas vezes que não será candidato à presidência da CBF. No entanto, assim como aconteceu no Clube dos 13, ele pode trabalhar por um nome de oposição.
O escolhido em 2010 foi Kléber Leite, que já havia presidido o Flamengo. Mesmo com apoio da CBF, ele teve apenas oito votos e perdeu para Fábio Koff, que recebeu 12 e foi reeleito. Sanchez foi um dos principais cabos-eleitorais do candidato derrotado.
A derrota de Leite para Koff deflagrou um processo de implosão do Clube dos 13. Clubes abandonaram o modelo de negociação coletiva de direitos de mídia, principal razão de ser da entidade, e passaram a conversar individualmente com as emissoras interessadas. Em abril de 2011, quando assinou com o Atlético-MG, a Globo já tinha negociações concluídas com 18 equipes.
O processo de individualização da negociação de mídia foi capitaneado por Andrés Sanchez, que na época presidia o Corinthians. Isso foi o cerne da dissolução do Clube dos 13.
O cenário da última quarta-feira lembrou muito o que aconteceu em 2010. A começar pela valorização das equipes em detrimento das federações. “O futebol é baseado em três pilares, que são os clubes, os jogadores e os torcedores”, teorizou Sanchez.
“Chega um momento em que os clubes precisam passar por cima das federações. Estou no clube há muito tempo e coloco dinheiro do meu bolso no clube. Não aceito pessoas que façam o contrário e tirem dinheiro do futebol”, declarou Eduardo Ache, presidente do Nacional de Montevidéu.
O ataque à Conmebol reflete um momento de fragilidade da entidade. O paraguaio Nicolás Leóz, cujo mandato iria até 2015, renunciou neste ano. A justificativa oficial é que ele teve problemas de saúde. O uruguaio Eugenio Figueredo assumiu a presidência da instituição.
O que aproxima as histórias do Clube dos 13 e da Conmebol é que Andrés Sanchez, enfraquecido politicamente nos meios oficiais, resolveu recorrer mais uma vez a meios diferentes. No entanto, ele fez a primeira campanha com apoio da CBF e da Globo – a emissora ainda não se posicionou sobre o novo movimento.
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