Contestados, irmãos Richarlyson e Alecsandro confiam em 'volta por cima'
Após um início animador de temporada, quando comemoraram o fato de atuarem juntos pela primeira vez em suas carreiras, os irmãos Richarlyson e Alecsandro vivem fase ruim e não têm motivos recentes para comemoração. Ambos têm sido alvos constantes de críticas por parte de torcedores e precisam conviver com a desconfiança.
Richarlyson, que é escalado por Cuca como lateral esquerdo e que chegou a ser titular em boa parte da vitoriosa campanha da Libertadores, é quem convive com maior pressão externa. O jogo da última quarta-feira, em que teve atuação ruim, falhando nos dois gols do Fluminense, especialmente no segundo, teve aumentada a insatisfação do torcedor com o seu futebol.
Nos jogos no Independência, em que atua, o que depois da Libertadores, aconteceu menos vezes, Richarlyson invariavelmente é vaiado. O reserva imediato, Júnior César, que não tem 100% de aprovação de Cuca, é defendido pela torcida, que prefere o atleta entre os titulares.
Richarlyson, que viveu perseguição ainda maior nos seus tempos de São Paulo, quando parte da torcida tricolor não gritava o seu nome no estádio e o vaiava insistentemente, espera reconquistar a confiança do torcedor atleticano.
“Espero que eles possam ter a confiança que sempre tiveram no meu trabalho. Se hoje eu não tenho rendido o que acham que tem de ser, podem ter certeza que vou buscar o melhor para agradá-los, como sempre fiz”, observou Richarlyson que espera ver o filme com a torcida mudar após o mundial em dezembro. “Quem sabe na final do Mundial eu não volte carregado”, comentou.
Nos últimos jogos, Cuca vem adotando uma espécie de revezamento na lateral esquerda, entre as duas opções que tem. Mas nenhum dos dois se firma na posição. Richarlyson foi titular nos dois últimos jogos do Atlético, empates contra Goiás (0 a 0) e Fluminense (2 a 2), mas viveu seu pior momento na Libertadores quando foi expulso diante do Olimpia, no primeiro jogo da final, no Paraguai, prejudicando a equipe mineira.
Apesar das vaias constantes do torcedor atleticano em cima do volante, Richarlyson tem a simpatia do grupo. Bem visto entre os atletas, o jogador é defendido até por Ronaldinho Gaúcho, que, ao marcar o segundo gol diante do Fluminense, na quarta-feira, abraçou o lateral na comemoração.
“É um cara que ajuda muito, principalmente do lado esquerdo, onde eu jogo. Sempre corre muito por mim. Hoje, ele errou, acabou saindo o gol do adversário. Quando ele erra, eu tenho que estar junto com ele, porque é o cara que corre por mim”, disse Ronaldinho Gaúcho.
Curiosamente, o jogador viveu situação bem diferente no ano passado, quando garantiu a renovação contratual até o final deste ano. No último jogo do Brasileirão de 2012, quando o atleta foi titular diante do Cruzeiro e teve atuação de destaque, ele saiu de campo aplaudido pelo torcedor alvinegro e tendo o seu nome gritado. Logo depois, a diretoria acertou a permanência do atleta.
O técnico Cuca também procura defender o jogador e mostra preocupação com as seguidas manifestações do torcedor contra Richarlyson e mostrou ter preferência pelo atleta na disputa com Júnior César. “Essa mesma pergunta eu já respondi outras vezes quando o Júnior César não foi bem. A responsabilidade é minha. Dentro do campo de jogo, a tolerância é maior com alguns jogadores. Ele (Richarlyson) tem que saber lidar com isso”, afirmou.
Com Alecsandro a situação não é muito diferente. Após ter um bom começo de temporada pelo alvinegro mineiro, apesar de sempre ser reserva do incontestável Jô, o centroavante aos poucos perdeu o faro de gols e sofreu com a queda de rendimento, situação que fez a torcida ficar contra o atleta, um dos reforços contratados para esta temporada.
O centroavante é acionado até com frequência por Cuca, sempre entrando no decorrer dos jogos ou quando Jô não tem condições de jogo. Porém, a pouca movimentação e disputa de bola, situação bem diferente do titular, não agradam o torcedor atleticano, que se manifesta contra Alecsandro.
O atacante, que foi acionado por Cuca nos jogos decisivos da Libertadores, quando se destacou nas cobranças de pênaltis, diante do Newell's Old Boys, na semifinal e Olímpia, na decisão, marcou seu último gol diante do Cruzeiro, em julho e se recupera de lesão muscular, que o tirou dos últimos três jogos do Atlético. Essa contusão obrigou o treinador a mudar o esquema do time, atuando sem um centroavante fixo, com Fernandinho e Diego Tardelli no ataque.
Apesar do clima desfavorável para os irmãos, a dupla se mostra tranquila e no dia a dia do Atlético não demonstra abatimento com as críticas. A realização de atuar juntos pela primeira vez deixa Alecsandro e Richarlyson tranquilos e confiantes em dar a volta por cima. “Na vida nada é fácil, mas vamos dar a volta por cima, futebol muda muito e hoje o que não está bom, amanhã vai estar. É normal e estamos tranquilos”, afirmou o volante.
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