Craques do passado desistem do futebol e viram de pastor a porteiro
Taxistas, porteiros, donos de bar.... Profissões comuns e cotidianas. Agora imagine entrar em um barzinho e ser servido por um goleiro que já foi campeão brasileiro ou participar de um culto e perceber que o pastor da igreja era o ex-lateral da seleção. A primeira reação é de espanto. Afinal, todo jogador quando se aposenta não se torna técnico, empresário ou treinador?
"Todo mundo me pergunta isso'", diz Wagner, ex-goleiro do Botafogo. Longe dos gramados, hoje o jogador é comerciante e leva uma vida simples em Niterói. Dono do Bar do Wagner, que fica no mercado de peixe da cidade, ele cuida da administração e ajuda a servir os clientes. Para ele, que ajudou o Botafogo a ganhar um de seus principais títulos, o de campeão brasileiro em 1995, as defesas espetaculares ficaram para trás. “Me decepcionei com o futebol e resolvi tocar minha vida de outro jeito”, contou ao UOL Esporte.
Depois de se aposentar, o jogador chegou a ser o treinador de goleiros do Botafogo. “Foi o que eu mais gostei de fazer, mas aí tive problemas trabalhistas com a diretoria do clube e fui afastado”, explica. Desde então, ele tentou ser taxista, trabalhou em um quiosque na praia de Camboinhas até abrir seu próprio negócio, um bar que serve frutos do mar. “E a nossa especialidade é o peixe frito e a moqueca”, sugere.
Wagner diz que teve que se readaptar a nova rotina, que é menos agitada. “Era bom viajar e treinar com o time, mas agora posso curtir minha família e ter um tempo pra mim. A única coisa difícil foi aprender a fazer novas tarefas, tipo lidar com os números, porque eu só sabia jogar bola, né?”, comenta. Já cozinhar... “Nem me arrisco. Não quero espantar os clientes”, brinca.
E quem vai ao bar do jogador tem atendimento exclusivo e, de quebra, pode tirar uma foto com o ídolo. “Tem muito torcedor que vem aqui para me ver. Eles querem bater um papo e lembrar da época em que eu jogava. É legal sentir esse carinho que eles ainda têm por mim”, comenta. E quando perguntam se ele quer voltar para o futebol, a resposta é rápida. “Não. Agora sou só torcedor!”
Wagner torce pelo Botafogo e costuma levar o filho ao estádio para alguns jogos. Na arquibancada, ele conta como é estar do outro lado assistindo a partida. “É sofrido. Eu fico muito ansioso e tenho vontade de entrar no campo para ajudar.” Saudades dos velhos tempos? “Boas lembranças. Mas estou em uma nova fase. Tudo o que eu tinha que viver no futebol, eu já vivi”, completa.
Já César Prates, ex-lateral da seleção brasileira, do Corinthians e do Real Madrid, nem cogitou seguir no futebol. Se aposentou em 2010 e se tornou pastor em Balneário Camboriú (SC), onde mora com a família. “Eu sou muito grato ao futebol por tudo. Era um sonho ser jogador e realizei. Todo mundo me pergunta por que eu não continuei. Até tinha físico para isso, mas não tinha mais motivação”, explica.
Além de ter mais tempo para participar da vida dos filhos, Prates diz que sempre quis se dedicar mais à religião. “Antes eu já tocava e cantava em louvores nos intervaolos que tinha entre os treinos e os jogos, mas agora posso ler a Bíblia tranquilamente, ir à Igreja e ajudar as pessoas, que foi o que me trouxe para esse caminho”, comenta.
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