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Três meses depois, Ney Franco volta a gerar críticas no São Paulo

Muricy não citou nomes, mas criticou trabalho de comissão técnica de Ney Franco em preparo físico - Leandro Moraes/UOL
Muricy não citou nomes, mas criticou trabalho de comissão técnica de Ney Franco em preparo físico Imagem: Leandro Moraes/UOL

Guilherme Palenzuela

Do UOL, em São Paulo

27/09/2013 06h00

Faz quase três meses que Ney Franco foi demitido do São Paulo após fracassos em 2013 e conflitos internos. O treinador saiu, o São Paulo passou pela maior crise de sua história, deu os primeiros passos para se recuperar, mas ainda credita problemas à passagem de um ano do ex-técnico pelo Morumbi. Nessa quinta-feira foi a vez de Muricy Ramalho criticar intensamente a preparação física do clube e, sem citar nomes, criticar o preparador Alexandre Lopes, que trabalhou durante o comando de Ney Franco. 

A diretoria do São Paulo pensa como Muricy, mas prefere não falar publicamente. A crítica é a mesma feita por Rogério Ceni no início de agosto, pouco depois de Paulo Autuori assumir o São Paulo e perder a Recopa Sul-Americana para o Corinthians. Na mesma entrevista em que o goleiro afirmou que o São Paulo "parou no tempo", disse também que o elenco estava com preparo físico deficiente. 
 
A crítica ao trabalho da comissão técnica de Ney Franco era mantido comentários informais por dirigentes por medo de represálias. Nos últimos meses de trabalho do técnico no São Paulo, foi o ex-diretor de futebol Adalberto Baptista que o sustentou. Dirigentes eram e são categóricos ao afirmar que Adalberto era o único que dava respaldo ao treinador. E, como tinha carta branca de Juvenal para comandar o futebol, tinha total controle sobre as decisões do departamento. 
 
Muricy falou sobre o preparo físico deficiente do São Paulo em diversas ocasiões desde que assumiu. Entretanto, só foi enfático nessa quinta-feira, após o empate com a Universidad Católica (CHI) pela Copa Sul-Americana. Em quase todas as respostas acabou dizendo que "enquanto teve pernas, o São Paulo jogou bem", ou algo semelhante. Pior: classificou como "impossível" resolver o problema do condicionamento ruim dos atletas até o fim do ano, e disse que terá de conviver com isso. 
 
As críticas ao legado de Ney Franco são imensas no São Paulo. A começar pelo próprio Rogério Ceni, que nunca teve boa relação com o treinador por discordar dos métodos de trabalho - goleiro e grande parte do elenco não gostavam do afastamento do técnicos durante treinos e da postura pouco enérgica. Ceni já disse que Ney Franco deixou "legado zero" no São Paulo. Em entrevista ao jornal O Globo, Ney respondeu: afirmou que não teve em Ceni o capitão que precisou, e que o camisa 01 'fritou' Paulo Henrique Ganso e Lúcio. 
 
Quando Paulo Autuori assumiu, definiu como tarefa principal restaurar o bom ambiente de trabalho no CT da Barra Funda. O antecessor de Muricy Ramalho avaliou que a herança de Ney Franco era extremamente negativa e impossibilitaria que o time se recuperasse jogando futebol enquanto sofresse com o desgaste da rotina. As principais medidas foram o afastamento do zagueiro Lúcio e o acompanhamento dos atletas com reuniões individuais e coletivas. 
 
Atualmente, Ney Franco é técnico do Vitória e faz bom trabalho de recuperação no Brasileirão. Não perde há cinco rodadas e ocupa a 9ª colocação. O São Paulo, onde seu nome ainda ecoa de maneira negativa, é 15º e luta todavia para se distanciar da zona de rebaixamento. No dia 5 de outubro, data que completará exatos três meses, Ney Franco voltará ao Morumbi para confronto com o São Paulo.