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Técnico do Cruzeiro já foi 'espelho' para Tom Cavalcante tentar ser jogador

José Ricardo Leite

Do UOL, em São Paulo

02/10/2013 06h00

Muitos sonham em ser jogador de futebol no Brasil, mas apenas uma minoria consegue e depois faz sucesso. A grande maioria fica pelo caminho ou vai até um pouco além do profissionalismo, até desistir mediante as dificuldades financeiras. 

Há quem consiga desviar o caminho para algo muito melhor. É o caso do humorista Tom Cavalcante, ex-Globo e Record, que por pouco não atingiu o profissionalismo nos gramados. Nos tempos de amador, porém, chamou a atenção e até virou 'clone' na várzea de um nome que, hoje, se destaca no Campeonato Brasileiro. Entre os amigos e admiradores, Tom era 'Marcelo', uma referência a Marcelo Oliveira, então jogador do eixo Rio-São Paulo e atualmente técnico do líder Cruzeiro.

Tom, 51 anos, passou a juventude no bairro de Montesia, um dos mais tradicionais de Fortaleza para jogos de várzea. Acompanhava toda a movimentação provocada pelo futebol no local e decidiu então pedir uma chance para disputar jogos amadores. “Eu estava com 15 anos e queria frequentar aquele ambiente. Comecei a entrar nos carros dos caras pra pedir pra jogar. E dali a pouco eu estava envolvido já”, lembrou, em entrevista ao UOL Esporte.

Depois disso, foi observado por olheiros e integrou as categorias de base do Ceará, hoje na segunda divisão do Campeonato Brasileiro. Não conseguiu se firmar e chegou a ficar um ano parado. Depois, foi para o Calouros do Ar Esporte Clube, hoje na terceira divisão cearense, mas que na época era da primeira.

“Fiquei junto com eles uns quatro anos. A gente treinava com os profissionais. E era muito bom porque eu convivia com os caras mais experientes. Eu me empolgava com a chance de ter uma grande carreira, porque o pessoal ia saindo dali para os grandes centros. Um foi pra Portuguesa, e outro pro Vasco. E eu sonhava ir pro Rio de Janeiro nessa. Sonhava ir pra lá porque queria ser artista”, relatou.

Tom Cavalcante conta que era ponta direita, mas não era conhecido por seu nome, Antônio. Era chamado pelo apelido de “Marcelo”, em referência a um jogador que fazia sucesso na década de 70 em sua posição com quem tinha semelhanças físicas, segundo o artista.

“Eu era ponta direita. Ponta mesmo, seco, magro, era correr e ir embora. Driblava, cruzava, com muita velocidade. E virei o Marcelo. Gravava jogos na rádio em que a transmissão falava 'e recebe Marcelo na ponta direito, vai, avança, cruza'”, recordou.


Ao tentar explicar quem era Marcelo, Tom disse se tratar de um ex-jogador do Botafogo e do Atlético. “Foi atacante do Botafogo em 75, algo assim. Jogou no Atlético-MG. Ah, eu fui jogar em Minas uma vez e encontrei o Marcelo. Tenho uma foto com ele. Vou te mandar”, disse o humorista à reportagem.

Depois de a imagem ser enviada, foi visto que “Marcelo” é, na verdade, o atual técnico do Cruzeiro, líder do Brasileiro, Marcelo Oliveira. O mineiro de 55 anos jogou entre as décadas de 70 e 80 tanto no Botafogo como no Atlético-MG.

“Pois é cara, olha que maravilha. Espero que a cópia possa ser técnico um dia pelo menos de geladeira”, brincou o humorista, ao ser “avisado” do atual estágio da carreira do ex-jogador que inspirou seu nome.

“Cara, eu era Marcelo. Me acostumei mesmo. Quando eu chegava em casa meu pai me chamava de Antônio e eu estanhava. Queria Marcelo. Eu era Marcelo. Era um nome mais bonito, eu estava gostando.”

Por meio do futebol, “Marcelo” então passou a ter contato com radialistas de campo e ser convidado para programas locais. Aí despertou a paixão pelo rádio e mundo da comunicação. Foi convidado dali a trabalhar em uma rádio de Fortaleza e iniciou sua carreira. Diz ter sido melhor.

“Comecei a fazer teste de rádio, saí um pouco do futebol, aí fui pra FM e comecei a trabalhar na rádio. E aí começa a história de ir pra Rede Globo. Mas foi melhor ter seguido a carreira como humorista. A bola é muito malvada com a gente. A bola em determinado momento vai te trair. Ela é falsa pra caramba.”

Tom Cavalcante está vivendo atualmente em Los Angeles, onde tem se dedicado a estudo de cinema. Ficará na cidade norte-americana pelo menos até fevereiro do ano que vem.