Nelsinho diz que prefere terremotos do Japão à instabilidade brasileira
Campeão brasileiro pelo Corinthians, paulista pelo São Paulo e da Copa do Brasil pelo Sport, entre outros títulos, o técnico Nelsinho Baptista afirma ter se cansado do que considera desrespeito à sua classe no país natal. Mas, diferentemente de outros que reclamam, mas se sujeitam à “dança das cadeiras”, ele diz que não pretende retornar ao Brasil tão cedo e tem até recusado consultas de times nacionais.
Nelsinho está há cinco anos no futebol japonês, no Kashiwa Reysol, e se diz adaptado à cultural local de respeito aos profissionais. Ele afirma que já sua acertou permanência para a próxima temporada.
“Há um reconhecimento muito grande e eles (japoneses) querem que eu fique. Eles falam ´o dia que você não quiser trabalhar, vai embora para descansar, mas enquanto você quiser trabalhar, você não vai sair daqui não´. Eles têm um carinho, além do lado profissional eles tratam você muito bem”, falou o treinador em entrevista ao UOL Esporte.
Nelsinho já havia passado outras vezes pelo futebol japonês - quase seis anos - antes de voltar em 2009. Diz que a mentalidade dos dirigentes locais é completamente diferente e que por lá não se culpa o treinador a todo momento.
“(A mentalidade do Brasil) está muito distante, muito distante. Em termos de organização e cumprimento de contrato, não há nenhuma possibilidade de o Brasil ser igual. Lá (no Brasil), quando um treinador tem maus resultados, a culpa cai toda em cima dele. Aí saem boatos na imprensa, começa um diretor a falar algo, torcedor faz protesto... e acaba estourando no treinador. Aqui não tem nada disso. Só cai o treinador quando há a rescisão de contrato, quando reconhecem que contrataram errado, quando observam que ele não tem condições de reverter a situação”, falou.
Por conta disso e de sua adaptação à cultura local, ele diz ter recusados propostas para voltar ao Brasil. E adianta que não deve retornar tão cedo.
“Estou no mesmo time há quase cinco anos. Nas outras vezes que eu estava aqui no Japão, quando recebia convites do Brasil, me balançava. Agora, desta vez, tive muitas consultas se eu queria voltar. Mas eu não balancei em nenhuma delas. Hoje estou muito mais amadurecido, muito mais por essa cultura japonesa que a gente aprende muita coisa. Eu sempre me identifiquei aqui, porque tem organização, respeito e eu gosto de trabalhar assim, eu gosto de trabalhar desta forma”, disse.
A admiração e identificação com a cultura local são tantas que Nelsinho ignora até os tradicionais riscos de terremoto, algo que assusta tanto as pessoas de fora do país asiático. “Essas coisas não interferem na minha decisão. Eu me sinto muito bem aqui no país, apesar de ter muitas saudades da família, dos filhos, do neto. Mas é a vida. Deus me colocou aqui e eu estou trabalhando. Graças a Deus estamos vencendo. No futebol é importante vencer”, disse, minimizando o tema.
“Eu encaro normalmente (os terremotos), acho que nós estamos aqui sempre com uma certa prevenção, porque existem avisos, existem alertas. Então eu não me preocupo com isso, não. Eu moro numa região tranquila, longe do mar, então não me preocupo. Teve o grande terremoto no ano de 2011, que foi um susto tremendo, mas na região que moro não houve problema. Foi uma situação tensa, porque inclusive mexeu com a usina nuclear de Fukushima. Mexeu com o país, mas foi coisa de dois, três meses e tudo normalizou.”
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