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Meia pede boicote à Copa na Rússia após ser vítima de racismo em Moscou

Do UOL, em São Paulo

25/10/2013 14h08

Vítima de cantos racistas na partida entre Manchester City e CSKA pela Liga dos Campeões, o meia Yaya Touré aproveitou a situação a seu favor, procurando chamar a atenção para a frequência de casos como o seu envolvendo torcedores russos.

Assim, falando por todos os atletas negros do mundo, Touré sugeriu um boicote à Copa do Mundo da Rússia, em 2018.

“É um problema sério aqui, algo que acontece sempre e isso precisa mudar até a Copa do Mundo. Se não, se não houver uma garantia de que isso não vai acontecer na Copa, nós não vamos”, declarou o jogador.

Após a vitória do Manchester City sobre o CSKA por 2 a 1 pela Liga dos Campeões, Touré disse ter puvido sons de macaco vindos da torcida adversária todas as vezes em que pegava na bola e pediu punição severa para o time moscovita.

"A Uefa precisa fazer alguma coisa para terminar com isso, tem que ser dura, fechar estádios. Precisamos fazer algo", bradou.

A ideia de um boicote não foi bem recebida por alguns técnicos do Campeonato Inglês, e o treinador do Chelsea, José Mourinho, disse que a alegria da maioria não deve ser arruinada pela ação de uma minoria.

"Uma grande porcentagem das pessoas que vão aos estádios de futebol é de pessoas que respeitam as diferenças e respeitam todo mundo, e eles são mais importantes do que os pequenos grupos que se expressam de uma forma negativa", disse ele em entrevista coletiva.

"A história do futebol foi feita por muitas raças. Vamos lutar contra os milhares, mas vamos dar para os bilhões o que os bilhões querem, e isso é o melhor futebol com os melhores jogadores de todo o mundo, independentemente da sua raça."

O técnico do Arsenal, Arsene Wenger, disse que a Uefa precisa completar sua investigação antes de se falar em um boicote.

"Para ir tão extremo como foi sugerido (boicote), é um pouco cedo para fazer isso, porque não está provado o que aconteceu", disse ele em entrevista coletiva. "Acredito que a própria Rússia tem que lutar contra isso e é claro que você quer que todos sejam ativos sobre isso", completou.

Yaya Touré é o capitão e um dos principais meias do Manchester City, mas não foi o único negro em campo: o brasileiro Fernandinho (do City), os atacantes marfinense Seydou Doumbia e o nigeriano Ahmed Musa (do CSKA) atuaram e não relataram nenhuma hostilidade racial.

O time de Moscou negou as acusações de Touré, alegando que seus torcedores não adotaram postura racista e ninguém mais ouviu os tais sons de macacos.

"Não aconteceu nada de especial no jogo, não há o que se discutir", declarou Michael Sanadze, gerente de comunicação do CSKA, para o Sky Sports.

"Tinham muitas pessoas no estádio e estava tudo muito barulhento. Ninguém além do Yaya Touré ouviu coisa alguma, o único problema aconteceu porque ele teria ouvido algo", desconversou.