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Personagem, Aloísio diz que não é marqueteiro e brinca: 'É voadeira?'

Guilherme Palenzuela

Do UOL, em São Paulo

30/10/2013 11h00

O atacante Aloísio se transformou em garoto-propaganda do São Paulo após conquistar definitivamente a torcida do clube com empenho acima da média em campo, comemorações agressivas e engraçadas e, claro, alguns gols importantes. Agora personagem de ação e marketing do São Paulo, ele assumiu o apelido Boi Bandido para vender camisas e promover iniciativas do clube, mas diz que não é marqueteiro.

Nesta semana, logo após os três gols do atacante sobre o Internacional na vitória de domingo por 3 a 2, o São Paulo lançou a campanha “Segura o Boi”, com ilustrações em mídias sociais e agora camisa promocional. Para o jogador, uma honra. Membros do departamento de marketing do clube contam que ele “pulou como uma criança” ao saber da ideia, dias atrás.

Famoso agora por aplicar chutes aéreos nas comemorações dos gols do time – não necessariamente dele –, Aloísio diz não saber se o movimento se chama voadora ou voadeira e tem de responder até para mãe os questionamentos sobre as comemorações exóticas. Solteiro e sozinho na capital paulista, Aloísio se comunica com a família, que ainda mora em Santa Catarina, por telefone. Na melhor fase da carreira, ele se diz realizado profissionalmente neste momento. O atacante afirma que hoje nada o tira do São Paulo.

Autor de seis gols nos últimos três jogos, Aloísio permanecerá no time titular nesta quarta-feira, no confronto contra o Atlético Nacional (COL), pelas quartas de final da Copa Sul-Americana, mesmo com o retorno do concorrente Luis Fabiano. Eles atuarão lado a lado.

UOL Esporte: Você tem marcado gols e agora virou até personagem de ação de marketing por conta da relação com a torcida. O pensa sobre esse momento e como está aproveitando?
Aloísio:
Estou aproveitando da melhor maneira. Durante este ano tivemos muitos pontos negativos durante o campeonato, e procurei transformá-los em pontos positivos agora. Fiquei sem marcar em algumas partidas. Agora a gente tem que aproveitar esse momento nosso, depois de tanta coisa ruim. O principal é que as vitorias continuem. Agora as coisas começaram a caminhar bem.

UOL Esporte: O que pensou sobre a ação que o clube fez? Achou que as voadoras poderiam virar algo tão chamativo?
Aloísio:
Não, não achei. Na hora, no calor do jogo eu fiz a voadora... Voadora? Voadora ou Voadeira? Voadeira, né? Não... Voadora! Os torcedores gostaram, todo mundo gostou, e começamos a fazer gols. Estávamos numa fase não muito legal, mas começou a acontecer. Depois me mostraram a foto da camisa [da ação de marketing], fiquei muito feliz, gostei para caramba. Nunca pensei que um clube teria essa capacidade de fazer uma camiseta para mim. É um orgulho tremendo, um clube da grandeza do São Paulo me colocar numa camiseta e fazer uma ação dessas, só tenho a agradecer.

UOL Esporte: E o que sua família e amigos têm achado de toda essa repercussão?
Aloísio:
Minha mãe sempre antes dos jogos me liga para desejar boa sorte, sempre depois dos jogos me liga feliz, pelas vitórias, pelos gols e pelas brincadeiras. Na cidade, o pessoal liga, comenta e ela gosta, fica feliz. Ela mora com meu padrasto e com meu irmão em Timbé do Sul, perto de Araranguá, onde eu nasci. Isso me deixa feliz. Ela perguntou: “Que negocio é esse de voadora que tu inventou?” Aí falei que fiz no Figueirense uma vez ou duas, e que agora voltou e voltou legal.

UOL Esporte: Muitos jogadores ficam marcados pelo marketing ou pelo carisma. Você pensou que poderia se tornar um jogador midiático ao fazer isso?
Aloísio: Não, nem tinha o pensamento de fazer isso. Foi sem querer, no calor do jogo. Se fizer outras vezes e a torcida gostar, vou continuar, mas não por marketing. Fiz porque estava feliz e vou continuar fazendo pela minha felicidade, pela felicidade das outras pessoas. Vou continuar.

UOL Esporte: Isso já te rendeu algum convite para participar de anúncios publicitários, ou aproximação de patrocinadores?
Aloísio:
Não, está louco? (risos). Nem vai acontecer. Isso é uma coisa nossa. Tudo na vida a gente tem que ver se vai ser bom, tem que saber relevar bastante coisa. Isso é mais para a minha alegria e para o meu torcedor.

UOL Esporte: Você se apresentou, em janeiro, dizendo que gostaria de ficar marcado pelo clube. Agora, qual o seu grande objetivo na carreira?
Aloísio:
O próximo objetivo, agora, é ganhar algum título com o São Paulo. Em um clube como o São Paulo, o jogador tem que ter essa meta. Não é só jogar aqui para ir para fora. Meu pensamento não é esse. É ficar aqui. Se tiver que ficar até o fim da carreira, serei muito feliz.

UOL Esporte: Você ainda pensa em voltar para a Europa? Teve uma passagem pelo futebol da Suíça, mas que não deu tão certo...
Aloísio:
Não. Não quero, quero muito ficar aqui. Depende muito do São Paulo também, não só de mim, mas se eu tiver a palavra para decidir, vou querer ficar aqui.

UOL Esporte: Por que você acha que ainda não tinha conseguido chamar atenção durante sua carreira como tem chamado agora no São Paulo?
Aloísio:
Primeira vez que jogo num clube da grandeza do São Paulo, mas joguei no Figueirense, na Chapecoense. Lá era “gladiador”, pegou esse apelido. Mas a torcida gosta, vê que eu me dedico em campo e fora de campo. É uma coisa legal, os torcedores viram isso. Que continue assim até meu último dia aqui no São Paulo.

UOL Esporte: Nas comemorações e nas declarações, é possível notar brincadeiras e certa intimidade entre você e Muricy Ramalho. Como é a relação? Já se conheciam de algum outro momento?
Aloísio:
Já tinha jogado contra ele algumas vezes, mas nunca tinha conversado. É uma pessoa que gosto bastante, porque entende muito de futebol. Já trabalhei com técnicos bons, mas ele é diferente. Aqui, conhece muito bem, nasceu aqui, se formou aqui, tem afinidade com a torcida. Isso é legal, a gente vê que a torcida vem para o estádio não só pelo momento, mas porque ele traz também. Isso ajuda também. Por isso, eu espero ajudar em tudo que puder. É um professor que trabalha sério, se tiver que falar na sua cara, fala. Se tiver que chamar atenção na sua frente, chama. Tem respeito de todo mundo.

UOL Esporte: Em uma das declarações, Muricy falou que você é louco, em tom de brincadeira. Você se considera um pouco assim, pela personalidade?
Aloísio:
Não, nada de louco. Sou um cara muito certo (risos). É tudo no calor do jogo, eu poderia muito bem não estar comemorando por uma série de coisas, mas estou num grande clube, posso trabalhar todos os dias feliz. O São Paulo não me deixa faltar nada. Não tenho do que reclamar. Tenho que comemorar cada gol, mesmo que seja de outro companheiro.