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Clube dá nome de Ronaldo a estádio, mas adia festa por 'sumiço' do atacante

Renan Rodrigues

Do UOL, no Rio de Janeiro

01/11/2013 06h00

Arena Ronaldo, Ronaldão ou simplesmente Ronaldo Luís Nazário de Lima. É assim que agora os torcedores e sócios do São Cristóvão se referem ao estádio que um dia se chamou Figueira de Melo. Revelado pelo  campeão carioca de 1926, o ex-atacante já era presente em quase toda a parte na sede. Desde o final de setembro, também leva o nome do campo onde outros garotos tentam reconstruir o sonho de ‘Fenômeno’.

Na terceira divisão do Campeonato Carioca, o São Cristóvão se apega ao passado para tentar construir um futuro mais promissor. A frase ‘aqui nasceu o fenômeno’, pintada no alto do estádio e levemente desgastada pelo tempo, ilustra a importância de Ronaldo ao clube da zona Norte.

Ilustra também que, desde então, as alegrias dentro de campo rarearam por conta de orçamentos apertados. O ‘naming right’ improvisado virou alternativa para tentar recolocar a equipe na elite do estadual.

“A ideia veio pelo simples fato do Ronaldo merecer, pela história dele no futebol. E também um plano de marketing, para dar maior visibilidade. Com certeza os investidores vão chegar com a presença do nome dele. Foi uma ousadia que fizemos”, disse o presidente José Augusto Quintas.

A inauguração do novo nome do estádio, que tem capacidade para cerca de mil pessoas, ainda não aconteceu. O clube diz que não conseguiu entrar em contato com Ronaldo para fazer a homenagem e, quem sabe, atrair interessados. Enquanto isso, o atual mandatário diz que não quer aportes do ex-jogador, mas toparia uma ajuda ‘indireta’.

“Não quero a ajuda dele, não quero um centavo do Ronaldo. Se ele quiser doar 50 bolas, por exemplo, tudo bem, mas sem dinheiro envolvido. Dizem que ele já ajudou lá, mas quando você vê que colocou dinheiro e nada foi feito, fica complicado. Na minha gestão ele não veio falar”, disse José Augusto Quintas.

O UOL Esporte tentou entrar em contato com Ronaldo sobre a homenagem, mas não conseguiu retorno até a publicação. Segundo a assessoria do jogador, ele está fora do Brasil, o que dificultaria o contato. Enquanto isso, o estádio vai ganhando apelidos dos seus fieis torcedores, que ainda tentam se adaptar à mudança.

“Cada um chama de um jeito, mas Ronaldão foi o que pegou mais como apelido. Vamos esperar. Se não der para fazer na minha gestão também, não tem problema. Não sou vaidoso. O que importa é o bem do São Cristóvão”, finalizou o presidente.

Relação com bairro
Frequentado por moradores da zona Norte e tendo sido comandado até pelo ator Nuno Leal Maia, o São Cristóvão faz parte da história do futebol carioca. Está junto de América-RJ, Bangu e o Paissandu (que não disputa mais torneios profissionais) como um dos clubes a superar o reinado dos quatro grandes e conquistar o Estadual do Rio.

Em 2012, uma construtora ofereceu erguer um estádio na sede náutica do clube – localizada na Ilha do Governador – em troca do terreno do atual campo na zona Norte. A proposta foi recusada pelo conselho deliberativo após longa discussão nos bastidores. A dívida da equipe, majoritariamente trabalhista, é de cerca de R$ 50 mil.