Topo

Do Qatar, Nilmar cede à pressão do sogro colorado e veta defender o Grêmio

Vanderlei Lima

Do UOL, em São Paulo

07/11/2013 06h00

O atacante Nilmar foi revelado pelo Internacional. Só por ter começado a carreira no Colorado já é de se esperar uma ligação afetiva com o time. Mas a relação de Nilmar com o Inter vem de família. A pressão da mulher e do sogro, por exemplo, fazem com ele pense duas vezes antes de cogitar a hipótese de um dia jogar pelo rival Grêmio.

“Eu nunca diria nunca”, diz Nilmar. “Minha família é toda colorada. Meu sogro fala: ‘Pode jogar, mas vai perder um sogro.’ Minha mulher fala: ‘vai perder a mulher também.’ Mas eu respeito o Grêmio. É um grande clube, mas espero nunca precisar jogar no Grêmio. Espero nunca passar por essa pressão.”

Aos 29 anos, o atleta defende o Al-Rayyan, do Qatar, de onde, garante, não pretende sair tão cedo. Embora tenha sido sondado no meio do ano, o atacante tem contrato com o time até 2016. Nilmar admite que o sonho de jogar uma Copa do Mundo está cada vez mais distante, embora não descarte poder voltar à Seleção. “No primeiro momento, se eu voltar ao Brasil não será o primeiro objetivo a seleção brasileira”, afirma o jogador.

As partidas pelo Inter de Porto Alegre não são as únicas que deixaram saudade. O melhor momento da carreira, diz Nilmar, foi o início da temporada de 2006 pelo Corinthians. “Sem dúvida o meu melhor momento. No inicio da temporada fui artilheiro do Campeonato Paulista, até na Libertadores eu estava fazendo gols. Mas logo veio a lesão e praticamente parei por um ano.”

O atacante ficou quase um ano fora de atividade por causa de duas lesões nos joelhos. As duas, por coincidência, aconteceram contra o mesmo time: o Palmeiras: “O pior é que foi justamente contra o Palmeiras e no mesmo estádio, o Morumbi. Foi complicado. Eu não tive, até então, nenhuma lesão tão séria: uma no joelho direito e depois, quando voltei, no esquerdo.”

Dos tempos de Corinthians, Nilmar se lembra da dupla de ataque que formou com Carlitos Tevez, que ele define como a melhor parceria que teve até hoje. “Minha característica se encaixou perfeitamente da maneira que ele joga que eu jogo. Sou jogador de velocidade, isso facilitou para o nosso estilo de jogo. Jogar com uma dupla de atacantes é sempre bom. Aqui no Qatar estou jogando sozinho na frente, então sinto falta.”

O Corinthians também marcou Nilmar por outro motivo. Foi contra o alvi-negro que o atacante marcou um dos gols mais bonitos de sua carreira, quando defendia o Internacional pela segunda vez, após sair do Corinthians em meio a uma briga judicial com a MSI. “Muita gente pensa que saí do Corinthians brigado, que eu tive problemas. Não teve briga. Foi mais a parte jurídica que acabou atrapalhando.

No Qatar, o jogador afirma que está tendo mais tempo para aproveitar a família e que o salário que ganhou nos últimos meses o ajudou a fazer um pé-de-meia. Os treinos do Al-Rayyan só acontecem à noite porque a maior parte dos jogadores é amadora. “Aqui só podem três profissionais e mais um asiático. É até engraçado, tem jogador que trabalha no aeroporto, no governo e depois treina a noite.”

Outros dois brasileiros acompanham Nilmar no time: o meia Rodrigo Tabata, que jogou no Santos, e Natan Ribeiro, que está no Qatar há 5 anos. Embora considere um retorno ao país ainda distante, Nilmar declarou que o lado emocional vai pesar bastante. “Se eu retornar ao Brasil não vai ser pelo dinheiro.”