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Vigiado por falcão, Olímpico depende de laudo para ter demolição autorizada

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

15/11/2013 06h00

O estádio Olímpico vive seus últimos dias, mas ainda parece longe da demolição. Três laudos impedem que a licença ambiental seja concedida a OAS para finalmente a implosão do 'Velho Casarão'. Enquanto isso, uma das ações para viabilizar o fim do estádio foi a remoção dos quero-queros que habitavam o local. Após a saída, um falcão vigia a área para evitar o retorno.

As estratégias ambientais fazem parte da série de pontos analisados para licença de implosão do estádio. O processo foi detalhado pela engenheira química Ana Paola Nunes, uma das representantes do grupo de trabalho que trata do tema na Sman (Secretaria Municipal do Meio Ambiente), na prefeitura de Porto Alegre.

"Até agora foram relocados 10 indivíduos (quero-queros) que habitavam o local por meio de rede e falcoaria. Agora o trabalho é feito para evitar que eles recolonizem o local. Com um falcão", afirmou ao UOL Esporte.

Mas a fauna do Olímpico é somente um dos pontos analisados. Vários estudos são feitos para que as licenças ambientais sejam entregues. E três laudos ainda travam a liberação para a última fase da implosão do Olímpico. 

"Formamos um grupo de trabalho de diversas especialidades. Todos estão acompanhando isso. Há vários pontos: resíduos no solo, poeira, ruído, tudo precisa ser estabelecido. O processo está tramitando aqui na Sman. Nos foi apresentado alguns documentos pela OAS. Alguns pontos foram aceitos e outros não. Há alguns que ainda estão em aberto", afirmou Ana Paola.

Os quesitos que ainda faltam são: Estudo complementar de ruídos [sobre o impacto da implosão na região], Laudo ad perpetuam rei memoriam [que é uma avaliação dos imóveis vizinhos para saber se suportarão o impacto da implosão] e o estudo da vegetação [que é uma relação de todos os vegetais presentes na área do Olímpico e uma contrapartida pelo desmatamento deles].

"A licença só ainda não foi liberada porque tem documentos pendentes. Houve várias reuniões. Sobre o estudo da vizinhança, já estão sendo analisadas as casas da área em um raio de abrangência. Porém o estudo ainda não foi concluído. Mas creio que já houve casos bem mais complicados. Teoricamente não é uma implosão tão complicada", afirmou Ana Paola, que faz questão de lembrar que não há data estipulada para implosão.

OAS irá levar ainda mais tempo para começar empreendimento imobiliário

Enquanto o fim do Olímpico está atrasado [a previsão inicial era de implosão em outubro deste ano] a construção do empreendimento imobiliário no lugar do estádio ainda irá demorar mais. Além de ter que vencer a barreira legal na prefeitura de Porto Alegre para demolição, a empresa terá que remover todo entulho gerado com a ação e posteriormente fazer um novo levantamento técnico para licença de construção.

"A licença que está sendo dada é só para demolição. Ela ocorre em várias fases. A primeira, que é mecânica, já está até ocorrendo. Depois será a implosão com explosivos. Mais tarde terá que ocorrer a redução dos pedaços e a remoção. A licença é específica para isso. Para um futuro empreendimento é preciso um novo processo", afirmou Ana Paola.

Portanto, ainda parece distante que algo surja no local onde o Grêmio conquistou tantos títulos. Por enquanto, o 'Velho Casarão' serve de Centro de Treinamentos para o Grêmio. Sob olhar do falcão vigia, e de todos os torcedores que sofrerão ao ver a implosão do estádio.