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Seedorf dribla saia justa em palestras com astúcia e blinda Botafogo

Bernardo Gentile

Do UOl, no Rio de Janeiro

19/11/2013 06h07

Seedorf não é apenas um craque dentro de campo. Fora dele, o jogador do Botafogo mostra consciência social e aposta em palestras para passar seu conhecimento de futebol e vida adiante. Porém, o holandês teve que encarar algumas situações inusitadas durante alguns desses eventos. Como um verdadeiro camisa 10, ele mostrou astúcia para se safar, mas também com certa blindagem do clube com a maioria dos entrevistados.

Na última segunda-feira, Seedorf ministrou uma palestra para atletas de todas as categorias da base – garotos entre 11 e 17 anos. Para evitar alguma saia justa dentro do próprio Botafogo, funcionários do clube orientaram a garotada a não fazer perguntas polêmicas como já ocorreu em um passado recente.

Um exemplo foi no Colégio Pedro II, no Humaitá, no início de setembro. Na oportunidade, um aluno deixou Seedorf com um sorriso amarelo ao perguntar o porquê dele não ter deixado Vitinho dar entrevista durante o confronto com Vitória. A assessoria havia selecionado crianças para fazer as perguntas previamente aprovadas, mas um outro berrou da primeira fila e chamou a atenção de todos.

"Aconteceu só um vez e falam como se fosse sempre. Era para proteger. Imagine que você vai entrar na sala para fazer um exame e tem um jornalista na porta para falar com você. Tira a concentração, né? Quando você é experiente, não tem problema. Mas quando é mais novo tem de manter a concentração. Estava preocupado com o time", afirmou Seedorf na época.

Outra situação constrangedora ocorreu em uma palestra para menores infratores no Degase (Departamento Geral de Ações Sócio Educativas do Governo do Estado do Rio de Janeiro), em outubro. Um dos garotos perguntou qual era seu salário no Botafogo – R$ 700 mil mensais. Mais uma vez, o camisa 10 conseguiu driblar o ‘adversário’.

"Ganho um bom dinheiro, mas não importa quanto. Dinheiro não significa muita coisa. O que importa é a felicidade. Vi muitas pessoas que eram milionárias e ficaram pobres. Temos que levantar todos os dias com motivações mais importantes do que dinheiro”, afirmou sem responder a pergunta realizada.

O fato é que as palestras ministradas por Seedorf fazem parte de um projeto social no qual o holandês já executava na Itália. Ele fez questão de trazer a prática para o Brasil e conta com a ajuda do Botafogo para acertar os locais desses eventos.

A palestra da última segunda, no entanto, não foi apenas uma ideia de Seedorf. O Botafogo tem como objetivo cada vez mais integrar as categorias de base com o futebol profissional e realiza esse tipo de atividade com certa frequência. Segundo o gerente técnico Sidnei Loureiro, o holandês se empolgou com a possibilidade de falar com a garotada do clube e fez questão de participar.