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Músicos usam boleiros em clipes como 'estratégia de marketing'

Luiz Paulo Montes

Do UOL, em São Paulo

21/11/2013 06h00

Ver a presença de jogadores de futebol e esportistas ao lado de bandas e cantores é bastante comum. Thiaguinho, por exemplo, é presença frequente com boleiros como Bruninho, do vôlei, e Neymar.  A imagem dos esportistas, aliás, ajuda alguns músicos a impulsionarem músicas e fazerem sucesso. Para isso, convidam atletas para participarem de clipes e ajudarem na divulgação dos trabalhos.

Neymar é um dos mais ‘cobiçados’ para gravações e apareceu em vídeos de diferentes estilos, como Alexandre Pires (pagode), Emicida e Ao Cubo, no rap, João Lucas e Marcelo (sertanejo) e, mais recentemente, de MC Guime. No ano passado, a música "Eu quero tchu, eu quero tcha" virou febre após as dancinhas do atacante, então no Santos, em comemorações de gol. O clipe com a presença do craque tem mais de oito milhões de visualizações na internet.

"O Neymar ajudou demais a gente. Foi através dele que a gente atingiu um nível mundial eu diria. Misturar música e futebol é uma combinação de sucesso. Atrai muito público, as duas coisas têm muito em comum e o Brasil é referência. O clipe com ele deu uma visibilidade muito maior para nós", afirmou o cantor João Lucas, que ao lado de Marcelo prepara um novo sucesso com a presença de esportista - ele ainda não quis revelar.

Nesta quinta-feira, o camisa 10 do Barcelona divulgou uma reunião de seu pai com Alexandre Pires, na qual foi oficializado o contrato da Neymar Sports com o grupo de pagode Só Pra Contrariar. A empresa do atacante da seleção brasileira passa a ter parte dos direitos do grupo musical.

Antes de se transferir para o Barcelona, Neymar fez diversas aparições em videoclipes, entre compromissos de seus patrocinadores e com seu clube. Um dos primeiros foi na música “Eu nasci para brilhar”, da banda de rap Ao Cubo. O convite foi feito ao pai do jogador, em 2010, que aceitou e abriu as portas de sua casa para a gravação.

FJay, um dos integrantes da banda, diz que o grupo foi até Santos e gravou com o craque, que começava a despontar para o futebol na equipe paulista. No início, Neymar ficou tímido. Depois de uma conversa com os integrantes e de ouvir ‘três ou quatro vezes’ a música, se soltou, vestiu a camisa (literalmente) do grupo e cantou no clipe.

A música, segundo FJay, foi criada para contar histórias de pessoas que tiveram uma trajetória difícil até atingirem o sucesso. Além do craque da seleção brasileira, outro que aparece no vídeo é o líbero Serginho, da seleção brasileira de vôlei, que já foi eleito o melhor do mundo na posição e conquistou o bicampeonato mundial com o time, além do título olímpico em 2004.

“Estávamos procurando pessoas que venceram, saíram de bairros pobres, de infância difícil, e brilharam. Neymar e o Serginho passaram por isso. Ter a presença deles para nós foi demais. Ter o Neymar é raridade. Quantos gostariam de ter?  Os dois são referências no esporte. Nós fomos privilegiados. Deu um ‘boom’ na nossa banda, recentemente gravamos o nosso DVD e tinha 20 mil pessoas. Deu para sentir um pouco desse crescimento”, afirmou o músico.

"Eu acho que talvez a nossa presença seja uma mensagem a mais na música deles. Não creio que seja a porta para eles estourarem, eles têm o talento deles, o dom da palavra. Sou só mais um admirador deles, mas acho que contribui um grãozinho para eles nesse sucesso todo", declarou o líbero Serginho.

No sertanejo, além de Neymar, Jorge Henrique e Romarinho estrelaram videoclipes. Jorge Henrique foi um dos personagens da música “Caladinha”, sucesso da dupla Marcus e Dalto. Já o camisa 31 do Corinthians participou da gravação de "Cutuca", de Felipe Bruschi. 

A participação deles, aliás, foi uma jogada de marketing. Na época da gravação de Jorge Henrique, por exemplo, o atacante ainda estava no Corinthians, que vivia grande momento e havia conquistado a Libertadores da América, em 2012. Aproveitando o sucesso dentro do gramado, Marcus e Dalto, amigos do jogador, o convidaram para aparecer no clipe.

“Aproveitamos que o Corinthians, por ser um dos principais times do Brasil, estava em alta e juntamos tudo isso. Claro que ajuda a gente, não seria correto eu falar que ‘procuramos por procurar’.  Ele estava em grande momento, em boa fase, e isso nos ajudou muito. Foi muito positivo para nós.  Depois que ele dançou, vários outros dançaram. Foi uma junção ótima”, afirmou Dalto, primeira voz da dupla sertaneja.

Já Romarinho gravou este ano, no primeiro semestre, quando o clube alvinegro ainda vinha em boa fase, pouco tempo após conquistar o Mundial de Clubes e logo após o título paulista. Na música "Cutuca", o atacante interpreta um baladeiro que toma "foras" da mulherada na festa e, após conselho do cantor, faz sucesso com uma garota.

"A presença agrega bastante valor para mim e para o projeto todo. Na hora de divulgar o trabalho nos lugares, vender a música, você pode falar que o Romarinho participou do clipe. Ele ajudou muito, despertou a curiosidade das pessoas. Eu ainda colho frutos, cada vez mais aumentam as visualizações, surgem oportunidades...", comemorou o cantor. "Ele estava no auge na época, e eu gosto muito de futebol. Quando surgiu a ideia de gravar com um jogador, fizemos pesquisa e chegamos ao nome dele. Como marketing foi ótimo", completou.