Zé Carlos diz que podou imitações em 98 e que não liga por virar"folclore"
Ele demorou para aparecer e depois sumiu rapidamente. Em um intervalo de um ano foi da disputa da segunda divisão paulista em estádios acanhados para a presença em um dos jogos mais históricos do Brasil em Copas do Mundo. Isso é o que viveu o ex-lateral Zé Carlos, 46 anos, com passagens por São Paulo, Ponte Preta, Grêmio e seleção brasileira, entre outros.
O paulista da cidade de Presidente Bernardes hoje é dono de uma construtora e exerce o cargo de secretário de esportes da cidade de Nova Mutum-MT, a cerca de 250 km da capital Cuiabá. Zé Carlos rodou por clubes do interior paulista e só foi ter a grande chance da carreira aos 30 anos, em 1997, ao ser contratado pelo São Paulo depois de ser um dos destaques da Matonense na disputa da Série A2 do Paulista.
“Eu estava desempregado até dia 10 de janeiro daquele ano. Depois, me empreguei na Matonense nós fomos campeões da Série A2. Depois no meio do ano o São Paulo me contratou. Fisicamente eu não perdia pra ninguém, pra nenhum garoto jovem. Até hoje eu tenho muita força e velocidade. Completei a semana passada 46 anos e jogo com o pessoal em grande velocidade, as pessoas até estranham”, falou ao UOL Esporte.
No primeiro semestre de 1998, foi um dos destaques do São Paulo campeão paulista. Seu bom apoio ao ataque o fizeram ser cotado para uma convocação para a seleção brasileira. Mas o chamado não veio em nenhum amistoso. Eis que a grande oportunidade foi acontecer pela primeira vez justo para a Copa do Mundo de 1998, sem fazer nenhum jogo pela seleção.
Ganhou chance depois do corte de Flávio Conceição e foi para o Mundial da França como opção de banco para o experiente Cafu. Virou folclore e jogador símbolo de piadas quando o assunto é se recordar de atletas contestados que defenderam a camisa amarela em Copas do Mundo.
Isso se soma ao clima de desconfiança da torcida quando ele teve que substituir o lateral Cafu, suspenso, na semifinal da Copa, em jogo contra a Holanda. Mas isso tudo não o incomoda hoje e nem na época.
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“Ter servido a seleção é algo que eu vejo como legal, porque há muitos jogadores importantes que nunca disputaram uma Copa do Mundo, e eu tive essa oportunidade. Eu me sinto é um privilegiado. Vejo assim como algo de Deus na minha vida, foi uma oportunidade que Deus me deu e devido à luta que eu tive. Foi um presente de Deus na minha vida”, contou.
“Percebi um pouco de desconforto (da torcida) porque não tinha jogado nenhum jogo. Mas não fiquei chateado pela desconfiança da torcida porque eu tinha a minha própria autocrítica. Então isso aí não influenciava em nada e eu dependia só de mim mesmo. Nunca fui de pegar um elogio ou depender de alguém pra jogar bem ou mal”, continuou.
A participação de Zé Carlos naquela partida é controversa. O defensor pouco avançou e teve dificuldades para marcar o lateral rival, Zenden. Mas diz avaliar como positiva a participação. “Já ouvi ´pô o Zé não foi aquele lateral que chegava no fundo várias vezes finalizando e criando situações pela beirada do campo´. É impossível isso, não tinha como fazer, estava muito tempo sem jogar. Então acho que minha participação foi boa. Não foi excelente porque eu não tinha condição de fazer um jogo excelente, agora se eu viesse jogando, se não tivesse acabado o campeonato e eu estivesse jogando, poderia ser de outra forma.”
Zé Carlos foi marcado nos tempos de São Paulo como um cara bom para alegrar o grupo e ajudar nos momentos de descontração. Ficou conhecido por fazer várias imitações, tanto para os companheiros como também em programas de TV quando convidado.
“Comecei com isso no São Paulo brincando em concentração e fazendo palhaçada. Gostava de imitar galo, cachorro, coisas assim. Me lembro que antes da Copa do Mundo a imprensa me levou em uma feira para fazer algo como se eu tivesse que vender um peixe para o Zagallo. A ideia era vender “seu peixe” fazer de tudo chamar a atenção pra ver se o Zagallo te convoca aí”, recordou.
Zé Carlos diz, no entanto, que não foi um bom animador de grupo durante a preparação e disputa da seleção brasileira na Copa do Mundo de 1998. Diz que a pressão que o elenco tinha e expectativa não faziam de lá o cenário ideal para brincadeiras.
“Na seleção não teve nada disso. Não dá nem tempo, é muita tensão. Foi no São Paulo que já tinha mais tempo para brincar e mais espaço para isso. As condições eram melhores de liberdade. Já na seleção não, na seleção foi diferente um pouquinho. Em 98 não teve imitação na Copa não.”
Cinco anos depois da disputa da Copa do Mundo, Zé Carlos encerrava a carreira após passagens sem grande sucesso por Joinville e Noroeste. “Não foi nada premeditado na hora de decidir parar. Acabei decidindo e fui trabalhar num projeto da prefeitura de Osasco.”
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