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Pivô de virada de mesa histórica, Hiroshi vira vice-campeão amador de tiro

José Ricardo Leite

Do UOL, em São Paulo

11/12/2013 06h00

Um bom desempenho em uma competição amadora, mas nada mais. É assim que o ex-jogador do São Paulo Sandro Hiroshi encara sua performance ao ser segundo colocado em um Campeonato Brasileiro atiro esportivo, esporte no qual não há competições profissionais.

Pivô da virada de mesa no Brasileirão de 1999 que acabou por criar a Copa João Havelange em 2000, o ex-atacante Hiroshi, 34 anos, foi o segundo colocado da categoria Sênior C (uma espécie de quarta divisão) do trap americano, modalidade do tiro que não faz parte dos Jogos Olímpicos. Agora, ele ascendeu de divisão e disputará Trap B futuramente (as principais são Trap AA e Trap A).

Com o resultado, seu nome apareceu no site oficial da Confederação Brasileira de Tiro esportivo em uma sessão com os resultados das divisões. O trap é disputado com espingardas que disparam tiros para tentar acertar pratos que são lançados ao ar.

“O tiro esportivo é um hobby. Comecei em 2010, quando eu ainda jogava. Comecei com amigos a praticar e é um hobby que acabo competindo. Mas não procuro nenhum resultado, nada. É um esporte para os finais de semana, apenas isso”, apressou-se em explicar. Sandro compete pelo Clube Americanense de Tiro e só ficou dois pontos atrás do atirador que venceu sua divisão (570 contra 572).

Ele encerrou a carreira este ano, no Rio Branco, de Americana. O ex-jogador teve passagens durante sua carreira por clubes como São Paulo e Flamengo, mas seu nome teve grande repercussão em 1999, quando foi descoberto que ele havia adulterado a idade na sua documentação quando adolescente. Foi suspenso por 180 dias.

Mas o problema que tornou Hiroshi realmente célebre e provocou uma das maiores confusões do futebol brasileiro teve origem na ação do Tocantinópolis, seu primeiro time, sobre a transferência do atacante do Rio Branco para o São Paulo após o Paulista de 1999. O clube do Tocantins contestou o negócio e exigia uma parte da venda do jogador ao São Paulo. Dizia que a federação de seu Estado nunca havia autorizado sua transferência para o Rio Branco.

Ciente do conflito e ameaçado de cair à Série B, o Botafogo foi ao STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) e reclamou da escalação irregular de Hiroshi - que tinha errado sua data de nascimento por 42 dias - pelo São Paulo no jogo entre as equipes, que havia sido vencido pelo time paulista por 6 a 1. O tribunal tirou os três pontos do São Paulo e deu ao Botafogo. O Inter, que havia empatado com o São Paulo, seguiu os passos do time carioca e também conseguiu os pontos perdidos contra os paulistas.
 
A decisão do STJD foi suficiente para salvar o Botafogo do rebaixamento em detrimento do Gama, que garantiu na Justiça comum seu lugar na elite em 2000, quaisquer que fossem os participantes ou o critério utilizado para selecioná-los.
 
Pressionada por essa liminar e por alguns clubes que ameaçavam não entrar em campo em jogos contra o Gama, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) delegou ao Clube dos 13 a missão de organizar o Campeonato Brasileiro de 2000. A associação de clubes se aproveitou da oportunidade para trazer Fluminense, Juventude, América-MG e Bahia de volta para a Primeira Divisão, criando assim a Copa João Havelange.
 
O ex-jogador diz que agora está parado enquanto define o que vai fazer da vida. Mas vive com dinheiro de aluguel de imóveis e ajudando a mulher a administrar uma loja de sapatos em Americana.

“Eu estou investindo em algumas coisas na cidade de americana, nada ainda pensado no futebol. E, como se diz, ainda está caindo a ficha por ter parado. Tem a parte comercial da minha mulher, a loja Santa Lola.”